Eu Aceito As Regras Do Jogo

Dr. Michael LaitmanNão há nada exceto dar-se aos amigos e encontrar o atributo geral de doação ou o Criador no que lhe foi dado. Mas você descobre uma nova dimensão, um novo mundo nesse atributo, o mundo superior que é baseado no atributo de doação e que, portanto, não é temporário, mas eterno, constantemente em desenvolvimento e infinito. Você sente que está neste mundo eterno.

Se tudo terminasse aqui, nós permaneceríamos nesse estado eterno e nos sentiríamos realmente desconectados do nosso corpo. Afinal, o corpo, isto é, nosso desejo, ficaria totalmente vazio. Nós não nos identificamos com qualquer outra coisa, exceto com o desejo; portanto, pessoas que sentem o vazio total neste mundo cometem suicídio, já que não sentem que há qualquer razão para continuar.

Mas a questão é que se trata de apenas uma pequena parte do nosso ego comparado a isso. O Criador, a força de doação, quer que O alcancemos totalmente, e assim Ele imediatamente acrescenta um novo ego de um tipo totalmente diferente. Este não é o ego corporal, como no primeiro nível do qual tivemos que subir, mas um ego espiritual chamado de “casca”. Nele nós já começamos a receber sérias perturbações espirituais.

Nesse ego nós começamos a sentir o mundo espiritual negativo. É o verdadeiro mundo egoísta em que teremos de trabalhar mais uma vez, como no passado, com os amigos. Mas entre eles eu já entendo (esqueço, então, me lembro novamente) como deveria me satisfazer de acordo com o princípio exato do primeiro nível. Mas agora os meus desejos são muito mais egoístas. Eu vou começar a vê-los mais profundamente e entender mais profundamente os meus atributos positivos e negativos.

Isto significa que a luta se torna essencialmente diferente, mas eu tenho que agir de acordo com o mesmo princípio: transferir-me para os amigos, sentir-me neles, estar contente neles e cobrir-me totalmente das implicações de minhas boas ações de qualquer tipo. Eu constantemente invisto apenas neles.

A sensação de que eles são a minha alma, que eu alcancei no primeiro nível, desaparece e, mais uma vez, eu penso, “Por que na terra essas pessoas que estão tão distantes de mim e que me irritam, têm que ser parte da minha alma?” No primeiro nível, eu era simplesmente indiferente a elas e elas pareciam até mesmo agradáveis, mas agora eu começo a odiá-las. Suas ações e palavras parecem repulsivas; suas palavras parecem uma mentira total e suas ações parecem orgulho. Tudo o que elas fazem é um tipo de representação.

Em outras palavras, novas perturbações gigantescas, muito sérias, profundas e reais chegam, e são absolutamente justificadas pelo meu pensamento racional. É muito mais difícil para mim do que era no primeiro nível, que agora parece brincadeira de criança. Então nós simplesmente jogamos juntos e agora é como se elas fossem transparentes: eu vejo sua desonestidade, seu orgulho, seu ego terrível. Apesar de tudo eu tenho que subir, ou seja, tenho que encontrar certas oportunidades de agir pelo bem delas, sentir alegria porque faço alguma coisa por elas, pelo seu sucesso e seus prazeres.

Eu tenho que ver meu sucesso só em vê-las satisfeitas, por mim ou pelos outros. Não importa sequer quem as satisfaz, contanto que elas estejam satisfeitas. Se no primeiro nível eu fiquei contente que as satisfazia, e que de alguma forma conseguia conectar isso a mim, agora isso não é mais assim! Eu posso trabalhar através dos outros e assim satisfazer os amigos de forma oculta, contanto que eles se sintam bem. Isso significa que eu sinto que estou mais desapegado dos resultados do meu trabalho e que eles não são mais tão importantes para mim. A principal coisa é que eles irão apreciar e estar satisfeitos.

Eles podem olhar para mim com desrespeito, não querer estar conectados a mim e pensar que sou um egoísta e que não avanço, mas eu não me importo, contanto que eles se sintam bem. Imagine quantas perturbações mútuas há aqui, com respeito mim e a eles. O Criador joga com a pessoa de forma surpreendente. Mas se a pessoa consegue fechar seus olhos com força e não olhar para o seu ego, para o seu coração e sua mente, e agir como um homem cego, apesar de tudo, ela ganha.

Isso é chamado de “fé acima da razão,”, ou seja, que eu digo ao Criador: “Eu aceito o Seu jogo! Você está rindo de mim, mas eu aceito as regras do jogo e estou jogando contra você”. Acontece que o meu adversário é o Criador! Ou é o meu ego, o que é a mesma coisa, já que “não há outro além Dele”. Ele é o único que joga comigo e corrige todos esses truques sujos.

Eu tenho que me agarrar ao ponto principal que é determinado por quem eu gosto: nos outros ou em mim mesmo. Assim, aos poucos, nós descobrimos o Criador ao trabalhar com os amigos no grupo.

Da Convenção em Krasnoyarsk 16/06/13, Lição 5