Tocando A Ascensão Espiritual

Dr. Michael LaitmanTorá, “Êxodo”, 19:12-13: E marcarás limites ao povo em redor, dizendo: Guardai-vos, não subais ao monte, nem toqueis o seu termo; todo aquele que tocar o monte, certamente morrerá.

Nenhuma mão tocará nele; porque certamente será apedrejado ou asseteado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá; soando o cifre do carneiro longamente, então subirão ao monte.

Pergunta: Por que existem todas essas condições para se aproximar do Monte Sinai?

Resposta: Um “Monte” significa 125 graus de ascensão ao Criador, e inclui todo o ego de uma pessoa. Cinco mundos X cinco Partzufim X cinco Sefirot (5X5X5) = 125 graus. Estas são as etapas de acordo com o que a pessoa deve mudar internamente enquanto sobe os níveis até o topo, fundindo-se com o Criador.

Entretanto, a nação está na base do monte. Ela ainda não recebeu a Torá, as instruções para a correção do ego, e assim não pode “tocar” a ascensão espiritual sem estar pronta para isso.

Quando uma pessoa trabalha com seu ego e deseja começar a subida espiritual com ele, em sua forma atual, ela só irá se confundir e se destruir. É como uma criança que grita “eu quero” e entra num lugar que não deve, e nós temos que protegê-la de se machucar. É a mesma coisa aqui, quando uma pessoa que não sabe as instruções, não consegue se aproximar da ascensão espiritual, a menos que as conheça.

Afinal, as instruções dizem como ela deve gradualmente se corrigir, de acordo com quais etapas e de que forma, e é a única maneira da pessoa subir. E mais, ela terá que enfrentar problemas em todos os níveis: ela será empurrada para baixo do monte, vai cair e subir novamente, tentando subir de um nível para outro, como uma criança que ainda não é forte o suficiente para levantar uma perna.

A pessoa é jogada de volta, ela cai, rola alguns níveis para baixo e, em seguida, tem que subir novamente, mas como ela sobe para os níveis anteriores, ela já os entende melhor. Ela pensa: “Uau! Agora eu entendi”! Ela tenta subir um pouco mais alto, e cai dois níveis para baixo. Depois, quando ela sobe do nível mais baixo para o nível médio e, em seguida, para o superior, ela começa a entender o nível médio, melhor, pois já descobre nele não a Luz de Nefesh, mas a Luz de Ruach.

Ela começa a entender melhor esse nível, e depois cai três níveis para baixo. Caso contrário, como ela pode entender isso? Para entender todas as razões ela tem que descer. É a partir deste estado, quando ela é criada como “existência a partir da ausência”, antes mesmo da criação do nosso mundo, e antes do seu atual entendimento de como ela é e o que ela é, é justamente a partir deste ponto que ela tem que entender seu eu atual e como continuar.

Portanto, do ponto atual de nossa vida, nós nos lembramos dos anos que se passaram e os compreendemos melhor do que quando estávamos apenas vivendo-os. Por isso dizemos: “Foi assim ou eu estava sonhando?”

Ou seja, nossa vida era como um sonho. Agora, se nós atingimos os níveis superiores e olhamos para trás a partir do nosso nível atual, nós começamos a entender que tudo isso era predeterminado precisamente para que agora, na minha forma atual, eu seja capaz de ver todo o meu passado e concorde com aquele que preparou tudo isso para mim: o Criador.

Pergunta: Será que isso significa que eu justifico todo o meu sofrimento, não importa o que eu tenha passado?

Resposta: A questão é que agora eu não vejo mais todo o sofrimento. Eu vejo as mudanças necessárias que eu tinha que percorrer para estar em contato com o Criador hoje. Eis porque há sempre mais descidas do que as anteriores.

O Livro do Zohar nos fala sobre o Rabi Shimon que passou por todos os níveis da realização espiritual, e quando ele estava a um nível antes do fim da correção, ele desceu até o fundo e só então sentiu que estava enfrentando o último nível (125º nível).

Pergunta: Isso significa que ele tinha a centelha do último nível nele?

Resposta: Caso contrário ele não estaria na parte inferior, uma vez que só é possível medir a si mesmo em relação ao topo. Assim, a pessoa não pode progredir espiritualmente se não recebe o método de correção e não passou pelos três dias de afastamento em relação ao seu ego.

Os três níveis são necessários para separar totalmente o seu eu do seu atributo, e para passar para o próximo. É porque os dois níveis que estão próximos um do outro têm algo em comum, e a pessoa tem que estar não entre dois níveis, mas entre os três níveis, o que significa que ela tem que passar do nível inferior para o superior e, em seguida, para uma ainda maior. Então, através do nível médio, ela se desconecta do nível mais baixo.

Depois, é possível corrigir a si mesmo para “lavar sua vestimenta”, o que significa corrigir um determinado nível do ego, a quarta parte.

Então você pode chegar perto do Monte Sinai num determinado círculo. Você tem que ver este círculo e compreender a si mesmo, seus atributos egoístas em comparação com os altruístas. Quanto mais a pessoa se corrige, mais alto ela pode subir o monte, que simboliza o ego, e subir acima dele. Afinal de contas, todo o ego do Faraó, tudo o que o Egito representa, o ego universal, se transformou no Monte. Sinai.

Você só podia escapar do Egito, mas aqui você tem que subir acima do seu ego e começar a trabalhar com ele. A diferença entre estes dois estados é que, no meio, você recebe esse método de correção, a Torá. Afinal, sem o método de correção, você não pode sequer começar a se corrigir. Agora você tem a chance de subir o monte.

Pergunta: O que significa “nenhuma mão tocará nele; porque certamente será apedrejado ou asseteado”, e “soando o cifre do carneiro longamente, então subirão ao monte”?

Resposta: Uma pedra significa o ego, “o coração de pedra”. O chifre do carneiro é a descida da Luz Superior da realização, da revelação. Eu a recebo ao ouvir (o atributo de Bina). Quando eu começo a ouvir o som do chifre do carneiro, ele me corrige, e eu começo a ver, o que significa que a visão, a compreensão, é revelada em mim. A visão é um nível mais elevado.

De Kab Tv, “Segredos Do Livro Eterno” 18/02/13