Livre Com Um Jugo No Pescoço

Dr. Michael LaitmanRabash, Carta 59: O Zohar diz, “Cada um é o que supõe seu coração. Nessa medida, a Luz do Criador ilumina sobre ele e isso é chamado de fase da fé”.

Aqui nós falamos sobre o nível humano, o qual valoriza a grandeza do Criador no coração. Nessa medida eu adquiro o nível de equivalência com o Criador, e descubro a Luz superior em mim.

Primeiro, nós estamos todos no desejo egoísta, e por um longo tempo assumimos que podemos alcançar algo. Este período é chamado de “os sete anos de saciedade”. Depois, nós começamos a entender que o ego não nos dará nada, e ao nos decepcionarmos com isso nos voltamos para o desejo de doar.

Essa já é uma grande revolução, “e um novo rei surgiu no Egito”. Em outras palavras, o desejo egoísta, no qual eu via tudo o que é bom, agora jorra golpes em cima de mim. O que são esses golpes? Se olharmos para o mundo moderno, vemos que ele está cheio de abundância em tudo. Da mesma maneira, os filhos de Israel não careciam de nada, eles tinham mais do que “carne” suficiente. Então, qual era o problema? O que estava faltando? O que é esta nova dominação?

A questão é que eu começo a entender e a sentir que o meu ego não sou eu. Ele se torna um novo rei cruel para mim. Eu não me identifico mais com ele e procuro algo acima dele, mas ele se agarra em mim e não me deixa ir…

Hoje, mesmo os pobres vivem muito melhor do que a maioria das pessoas vivia há dois séculos. Um trabalhador simples aprecia o que costumava ser luxo para poucos no passado. Mas o problema é que eu me sinto mal e não consigo fazer nada com relação a esse sentimento.

No momento em que nós sentimos este novo domínio, nós começamos a procurar uma saída, uma vez que este tipo de vida é sem sentido. Mas acontece que não conseguimos escapar. Eu odeio a minha vida, eu me sinto impotente, no exílio, preso. Eu sinto que eu sou “encurralado” pela minha família, meu trabalho, minhas dívidas, e pelo consumismo. Do nascimento até a morte, eu sou um escravo que imagina estar livre e ao mesmo tempo descobre o jugo no pescoço.

Eu quero fugir dessa escravidão, mas encontro uma questão ainda mais difícil: “Para que estou vivendo?”. Os prazeres simples deste mundo e sua existência “animal” não me satisfazem mais, e assim eu olho para cima para ver se há algo lá.

Então, eu recebo a oportunidade de me elevar acima desta vida. Eu começo a entender e sentir que estamos realmente vivendo numa realidade diferente, e que a percepção atual é simplesmente irreal. Este é o lugar onde o trabalho começa, a busca, graças a qual nós descobrimos que a única maneira de abrir amplamente nossos olhos e emoções, a fim de abrir a porta para a vida real, é através da unidade.

Existe a perspectiva pessoal individual e existe a perspectiva geral que passa pela conexão geral. Ao nos conectarmos, nós descobrimos uma imagem totalmente diferente, mas é muito difícil discernir esta imagem. Depois de tudo, eu tenho que me anular, e reorientar a minha percepção do mundo e a minha atitude perante a vida, a fim de ver tudo através do grupo, do conjunto de pessoas cujas opiniões e desejos se tornam uma “lupa”, uma “lente”, através da qual eu vejo a realidade.

É muito difícil baixar a cabeça diante dos amigos, reconhecer o fato de que eles são grandes, e permitir-lhes formar a imagem do mundo para mim, em minha mente e coração. Se nós realizamos estes exercícios com uma frequência suficiente, de acordo com o método que temos, nós vemos os resultados, e é como se recuperássemos nossa visão, o que significa que começamos a ver o sistema atual em que vivemos, um sistema que anteriormente estava fora da minha vista.

Portanto, a correção inicial durante a fase de preparação começa quando eu “baixo a cabeça” perante os outros. A primeira fase da anulação é chamada de “êxodo do Egito”. Se antes o ego me subjugou e me impediu de conectar, agora eu deixo a sua dominação e já consigo me conectar. Assim eu escapo do ego, me separo dele e o abandono.

Mas, por enquanto, isso é apenas uma fuga. Mais tarde eu realizo maiores esforços para anular a mim mesmo, e no tempo de “pequenez”, durante a “contagem do Omer“, eu sou pequeno e só quero me conectar com os amigos, tanto quanto posso com todas as minhas forças.

Isto é o que nós estamos passando agora. Se tentarmos, vamos chegar à entrega da Torá, ou seja, a Luz que Reforma. Mesmo se não virmos nada e se não entendermos, mas nos esforçarmos, querendo conectar acima do Faraó, acima de tudo o que está em nós, vamos atingir a conexão onde o Criador é revelado. Isso é chamado de entrega da Torá. Então nós continuamos a nossa conexão na prática.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 05/04/13, Escritos do Rabash