Há Coisas Que Você Mesmo Tem Que Fazer

Dr. Michael LaitmanRabash, Shlavei HaSulam, 1984/1985, Ensaio 19, “Vá ao Faraó – A”: O Segredo da perseguição da inclinação ao mal e da Sitra Acha (Outro Lado) é `fazer com que os Tzadikim errem e realizem a adesão ao Sagrado.

A inclinação ao mal é um “anjo” que realiza seu trabalho com justiça. Ele constantemente nos mostra como somos fracos e não estamos prontos para nada. Assim, ele nos obriga a nos voltar à Luz que Reforma. Desta forma, nós recebemos um poder de Cima que realiza o que é necessário. Assim, se o ego não nos mostrasse o nosso completo fracasso, nós concordaríamos com tudo e nunca nos voltaríamos à Luz.

A inclinação ao mal não é a soma das tendências más; ela desperta em mim o desespero por fracassar nestas ou naquelas coisas porque sou um egoísta. A inclinação ao mal é uma força única que se posiciona contra a Luz e aponta para Ela através de sua oposição: “Isso é o que você precisa”. Portanto, a escuridão nos desperta para buscar a Luz, para despertar o amanhecer. Este não é apenas o ego com suas paixões e desejos constantes: a inveja, a luxúria, a honra, o controle, e assim por diante. Em vez disso, a inclinação ao mal são as “más” tendências, graças às quais nós sentimos a necessidade da ajuda do Alto. Portanto, isso significa que ela também é, basicamente, boa.

Pergunta: Mas às vezes você fala como se nós tivéssemos o poder de avançar…

Resposta: Sem perder esses poderes, você não perceberia que precisa pedir ajuda. Aqui, não basta saber apenas que você é impotente: você também deve ter experiência. Olhe para uma criança: não importa quantas vezes você explica algo para ela, ela precisa tentar por si mesma, e não apenas uma vez. Ela não acredita em suas palavras: “Pra que você precisa fazer isso se você nunca consegue?”. Não, ela deve passar por tudo sozinha.

Pergunta: Apesar de tudo isso, não é terrível que tenhamos que perder todo esse tempo?

Resposta: É exatamente por isso que precisamos disso. Você vê, ao tentar agir de forma independente você está corrigindo os Kelim, seus desejos. De tempos em tempos, quando você atinge o desespero, você está gradualmente purificando e organizando-os. Compreensivelmente, você quer saltar imediatamente para a correção final, mas você deve aprender um pouco primeiro.

Todas as Luzes e Kelim (vasos) desceram do perfeito mundo do Infinito para um estado totalmente imperfeito e quebrado. Assim, foi criado um sistema – de oposição entre a Luz e o vaso – onde você não pode mexer na sequência já estabelecida. Afinal, não há nada de supérfluo ou periférico aqui. A Luz doa numa forma absoluta e o vaso recebe de forma absoluta, e nós construímos a conexão adequada entre eles. Isso não é algo arbitrário ou capricho de alguém; é a conseqüência inevitável das condições que foram originalmente definidas.

Entre os dois desejos (doação e recepção), outro sistema de relações não pode ser criado diferente do que existe nos mundos de Adam Kadmon e ABYA. Simplesmente não pode. Leis absolutas agem aqui; por isso não há razão para se desculpar com relação a “perder tempo”. Você não pode pular para o Infinito num salto. Você precisa passar por todas as etapas; caso contrário, o desejo de receber não conseguirá adquirir a intenção de doar.

No caminho para a correção final, você precisa do Criador, da Luz, cada vez mais. Chame-O como quiser, mas só há uma força que age na realidade. E dentro do seu grande desejo de receber há um pequeno ponto. Ele precisa entender onde ele se encontra, para identificar seu desejo e voltar-se à Luz Circundante (Ohr Makif – OM) com um pedido para que todas as partes deste desejo sejam corrigidas. Não há nada além disso. Todo o nosso trabalho baseia-se nisso: que a partir deste ponto em nosso desejo nós nos voltamos à Luz.

No entanto, para isso são necessários muitos testes e tentativas. Você vê que está trabalhando com o ego, uma força que quer estabelecer o seu domínio e que não permitirá se voltar ao Criador. Pelo contrário, o Criador está oculto na medida em que você se estabelece; você precisa decidir: “Eu ou ele”.

Portanto, (1), nós precisamos primeiro fazer a primeira restrição (Tzimtzum Aleph – TA) em nosso ego. Isto não quer dizer que nós o destruímos; nós só reconhecemos que com a sua ajuda não é permitido alcançar a doação. Você não quer usar o ego, mesmo que queira. Então, você o faz “atrofiar”.

Depois disso, (2) você se volta à Bina; você quer que a força de doação governe você. Isso leva você a uma descoberta especial (3). É verdade que você só descobre a Luz de Hassadim, mas isso já é alguma coisa. Assim, gradualmente, você remove as coberturas, a ocultação, de si mesmo…

There Are Things That You Have To Do Yourself

Imagine isso a partir de um exemplo. Há duas pessoas diante de você: eu e um jovem que é enérgico, inteligente, bonito, e cujas realizações são óbvias. Próximo a ele, é como se eu sumisse, desaparecesse de seu campo de visão. Então, todo o seu trabalho agora é mover o foco de um para o outro. Ele me oculta, cobre e esconde. Isso significa que você precisa “anulá-lo” de seus olhos. Então você o “restringe” e assim começa a substitui-lo pro mim. Acontece que eu sou algo que vale a pena; eu sou importante para você, e você está pronto para entrar sob a minha autoridade, em vez de sua autoridade…

Assim, muitas ações são necessárias, degraus no caminho para levá-lo à revelação. Nada é feito por si só. Desde o início, você está sob a autoridade do desejo egoísta e precisa passar para a autoridade do desejo altruísta. Você vê, o seu desejo não pode permanecer “não associado a nada”. A intenção de receber ou a intenção de doar devem dominá-lo. Essa transição requer algum tempo.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 31/03/13, Escritos do Rabash