Perseguindo Nosso Próprio Rabo

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Paz”: O rabino Akiva nos diz sobre isso, “Tudo está em depósito”. Isso significa que tudo o que Deus colocou na Criação e deu ao povo, não deu a ele licenciosamente, mas assegurou-Se com garantia. E você deve se perguntar que garantia foi dada a Ele?

Ele responde a isso dizendo: “uma fortaleza se espalha por toda a vida”. Isso significa que o Criador sabiamente criou uma fortaleza maravilhosa e a espalha sobre toda a humanidade, para que ninguém escape. Toda a vida deve ser capturada nessa fortaleza e necessariamente aceitar Sua obra, até atingir seu objetivo sublime. Esta é a garantia com a qual o Criador se resguardou, para garantir que nenhum mal alcançaria o ato da Criação.

“Tudo está em depósito (consignado)” significa que, querendo ou não, eu vou ter que pagar a minha “dívida” com o Criador. Eu recebi a vida não porque pedi por ela e sem o meu consentimento, e ainda tenho que pagar a dívida. Não importa que eu não tenha pedido por ela. Se eu recebi a vida, tenho que pagar por ela, e só posso pagar atingindo a meta da criação.

Nós vemos que os sofrimentos que passamos ao longo da história estão gradualmente se tornando mais “espirituais” e “virtuais”, distantes da realidade. Hoje, muitas pessoas não querem viver apesar de ter tudo. Antes uma pessoa ficava feliz se tinha meio quilo de pão por dia e estava satisfeita com isso, mas cerca de 50 anos atrás, a era das “compras” começou. Hoje ela está chegando ao fim, e não por causa da falta de dinheiro, mas porque as pessoas não têm o desejo de comprar. Este é o problema: o desejo está mudando. Mesmo que você ofereça a uma pessoa um milhão de dólares, não vai estimulá-la como antes; ela não quer mais nada.

Esta é a inclinação natural da nossa evolução que nos leva a perguntar sobre o sentido da vida. Portanto, o que resta da vida se não comida, compras e lazer? Não há mais nada que possamos desfrutar. Não é por acaso que o futebol e todos os tipos de outras distrações estão sendo promovidos tanto nestes dias. Esta é a política: proporcionar às pessoas “tranqüilizantes” e outros disparates para dar-lhes algo para preencher seu vazio interior. Caso contrário, elas expressam sua raiva nas ruas, em vez de nos estádios.

A pessoa que se sente vazia questiona-se cada vez mais: “Por que eu recebi uma vida que não pedi? Por que estou sendo forçado a fazer algo que não quero?”. Por quê? Ela se sente como se suas mãos e pés estivessem acorrentados.

É por isso que hoje nós precisamos de educação integral. Graças a ela as pessoas vão entender que todos estão conectados e que dependem um do outro, e que usando corretamente essa conexão integral seremos capazes de resolver todos os nossos problemas.

Boas relações são geralmente a chave para o nosso sucesso em todos os aspectos. Poderíamos ter máquinas que substituem o trabalho físico em todos os campos e fornecem tudo o que precisamos. Mas nós não queremos isso, uma vez que não está claro o que a pessoa gosta. Mesmo agora, a maioria das pessoas já tem tudo o que se poderia imaginar, exceto uma deficiência. A pessoa está completamente cheia. E agora? Ela pode se matar ou começar a matar os outros, senão não vai sentir qualquer prazer.

Nós apreciamos apenas quando o prazer preenche uma deficiência. Mas o prazer imediatamente se neutraliza. Então, como podemos evitar isso? Temos que renovar constantemente o desejo.

É exatamente isso que os líderes mundiais tentaram alcançar com a construção de uma economia moderna e a inserção de novos desejos nas pessoas, satisfazendo-as. Mas isso é impossível, pois o nosso desejo corporal está mudando de qualidade e, por fim, não quer nada do nível anterior. Para perseguir o nosso próprio rabo, ​​a fim de comprar uma nova máquina de lavar e uma televisão nova a cada ano e para mudar o papel de parede…? Quanto tempo mais nós podemos levar isso? De repente a pessoa descobre que seus desejos se foram.

Assim, toda uma filosofia de evolução chegou ao fim. Não foi apenas uma forma de ganhar dinheiro, mas uma maneira de fazer as pessoas felizes. No topo as pessoas pensavam em ficar ricas fornecendo todas as necessidades básicas, mantendo-as num circuito fechado, de modo que os consumidores comprariam lâmpadas que queimam depois de um curto espaço de tempo, impressoras com um chip integrado que para de funcionar depois de um tempo, e outros produtos de baixa qualidade. Eles continuaram a fornecer incentivos para que as pessoas sentissem que vale a pena trabalhar, viver, e comprar. Eles continuaram renovando as deficiências já que sem uma deficiência que receba prazer, não há sentimento de felicidade.

Eles estavam certos sobre isso. É verdade que foi uma época de prosperidade no Ocidente. Os americanos viram que sua nova filosofia se justificava e todos os seguiram felizes. Entretanto, o desejo cresceu, não só em quantidade, mas também em qualidade, de modo que uma pessoa não precisa mais de tudo isso. Ela não vê razão para investir toda a sua vida nisso. No passado as pessoas compravam coisas sem qualquer tipo de publicidade, mas hoje, mais da metade do custo de um produto é devido a custos de publicidade. Por outro lado, em países que são economicamente mais desenvolvidos, a depressão, o suicídio e o abuso de drogas estão se tornando mais prevalentes.

Portanto, para onde estamos indo? Uma pessoa não pode continuar vivendo sem sentir felicidade, entusiasmo, e o “êxtase” que é sentido quando a deficiência se encontra com o prazer. Mas eles imediatamente se neutralizam se não houver Masach (tela) entre eles. É  disso que trata a sabedoria da Cabalá, a sabedoria de como receber corretamente, uma vez que sem Masach, a pessoa descobre apenas escuridão.

Se os tomadores de decisão fossem um pouco mais sábios, aceitariam isso. Enquanto isso, nós estamos no meio do processo. De qualquer forma, não há outra escolha. A deficiência tem que estar em contato com o prazer, mas só se ele não cessar. Caso contrário, não vale a pena. Nós estamos prontos para renovar apenas as nossas deficiências animais repetidamente, mas qualquer coisa além disso é questionável. Então, o que nós vemos em quase todos os canais de televisão hoje é principalmente programas de culinária ou sexo, porque as pessoas são tão limitadas…

Nós esperamos conseguir explicar a necessidade da Masach entre a deficiência e o prazer. Assim, o prazer infinito nos dará a sensação de vida eterna.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 08/03/13, “A Paz”