Olhando Para O Resultado Final

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Introdução ao Livro do Zohar,” Item 4: Para compreender essas questões e dúvidas, a única tática é examinar o final do ato, ou seja, o propósito da Criação. Pois nada pode ser entendido no meio do processo, mas somente no seu final.

Esta é a regra, apenas ao observar o final do ato nós podemos entender todos os detalhes, fases, razões para tudo e o processo inteiro. É porque só no final é que se torna claro como cada detalhe é essencial, e até que ponto todos estes detalhes tiveram que ser dispostos um após o outro nesta ordem; só no final nós vemos que tudo está completo. O final completo só é possível quando todos os detalhes são organizados corretamente. Mas como podemos chegar ao final, se estamos no meio do nosso caminho?

Está claro que não há nenhum ato sem um propósito. Nós vemos isso hoje na ciência moderna, onde tudo realmente age de acordo com uma relação de causa e efeito e de acordo com leis absolutas. Pelo menos ao nível da natureza inanimada, vegetal e animal, eu descubro grande sabedoria, lógica e bom senso; não há nada de redundante, e tudo está organizado de modo que cada pequeno detalhe está conectado a todos os outros detalhes infinitos. Assim, eu posso chegar a uma conclusão sobre o nível “falante”: que a corrupção que vejo decorre da minha própria percepção corrupta, que não me permite ver a ordem maravilhosa que está também no nível “falante”, mas, pelo contrário, mostra-me uma imagem que é o oposto da verdade. Nós realmente vemos corrupção e grande transtorno na sociedade humana, mas é porque estamos causando isso.

Claro, pode haver outra explicação para este fenômeno: podemos dizer que o Criador é bom e benevolente e que Ele inclui tudo e faz tudo, mas que Ele abandonou Sua criação. Baal HaSulam traz diferentes análises desta abordagem, em seu artigo “A Paz”. No entanto, se eu já respondo ao que vejo na vida e uso diferentes abordagens, eu entendo melhor que é preferível olhar para o resultado final. Com a experiência de nossos estudos, nós vemos que a natureza se desenvolve segundo determinado objetivo. Assim, Baal HaSulam diz que devemos primeiro olhar para o objetivo da criação, uma vez que é impossível entender qualquer coisa no meio do caminho, mas apenas olhando para o resultado final.

Eu sei que há aqueles que lançam sobre suas costas o fardo da Torá e Mitzvot, dizendo que o Criador criou toda a realidade,  e depois a abandonou sozinha. Aqui, Baal HaSulam refere-se às pessoas que não acreditam que tudo foi criado para o homem, que o homem é o centro da criação, e que somente deste ponto podemos nos desenvolver corretamente. Tudo foi criado para mim — todo o nosso mundo e todos os mundos — e eu tenho que aceitar isso, revelar isso e controlar a situação; “para mim” significa que posso corrigir e usar isso. Este uso é chamado de “observar as Mitzvot” o que faço com a ajuda da Luz que Reforma ou “Torá”. Assim eu atinjo a meta da criação.

Na verdade, eles falaram sem conhecimento, pois é impossível comentar sobre a nossa baixeza e falta de sentido antes de decidirmos que criamos a nós mesmos com nossas naturezas corrompidas e perniciosas. É claro que não somos um todo, mas é impossível decidir que o mundo é baixo se não vemos como tudo nele gradualmente revela a sua plenitude.

A pergunta é: se o Criador é completo, então Ele não criou a evolução de uma forma perfeita desde o início? Mas isso não é possível, já que também deve haver uma realidade na criatutra. Esta realidade é o oposto do Criador, e por isso tem que ser constituída de duas partes opostas: o atributo do Criador e o atributo da criatura. Os dois atributos têm que crescer na criação e dentro dela enfrentar um ao outro; ela está no meio entre os dois atributos, construindo-se de duas forças: a força de doação e a força de recepção.

Isso significa que se nós não compreendermos a meta, definitivamente não seremos capazes de justificar a criação e vamos encontrar diferentes justificativas, tais como: o Criador que é um todo está decepcionado conosco, nos deixou e encontra-se em algum lugar em Sua plenitude. Outras versões são de que o Criador não se encontra nestas duas forças, a força boa e a força má, ou que pode haver muitas forças boas e muitas forças do mal, etc.

De uma forma ou de outra é claramente impossível justificar o que está acontecendo, a menos que a pessoa receba a Torá, isto é, a menos que atinja o estado que entende que está num sistema corrupto e que é dessa forma que ela se tornará parte dele, vai corrigi-lo pela Luz conforme atrai a si mesma cada vez mais para operar o sistema. Então ela descobre que tudo foi criado para ela e que era impossível alcançar o nível do Criador sem primeiro corrigir o sistema, ou para ser mais exato, instalá-lo. Da mesma forma que crianças constroem a si mesmas através de jogos, coletando e juntando seus brinquedos, o mesmo ocorre em nosso trabalho, a conexão das partes. Por isso temos que jogar jogos de conexão, união e garantia mútua, a fim de entender a meta.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 28/02/13, “Introdução ao Livro do Zohar