Um Olhar Sobre O Mundo Através Das Lentes Da Integralidade

Pergunta: Suponha-se que, durante os estudos integrais no grupo há um ladrão ou um informante entre nós. De acordo com o sistema temos que nos superar e valorizar o outro, assim como nos valorizamos a nós próprios. Mas uma pessoa sempre se justifica, portanto, se tentarmos justificar o comportamento do outro, vamos perder todos os nossos valores morais, e não poderemos destruí-los sem criar uns novos.

Resposta: Eu não destruo nenhum dos valores morais, mas aprendo a me elevar ao meu nível seguinte quando o “Nós” se torna mais importante para mim do que o “Eu”.

Como posso cooperar com toda a humanidade, se esta é sempre apreendida por mim como pior do que eu: “Este é estúpido e o outro é mais inteligente do que eu, mas aquele outro é tão bom em outra coisa, etc.”. Então, como posso eu relacionar-me com todos integralmente, se eu não aprendo agora como justificá-los? Eu tenho que aprender! Não estou a dizer com isto que devemos desculpá-los.

O objetivo dos nossos workshops (oficinas) é criar um órgão global para a perceção do mundo. Então eu vou ver que o mundo é diferente; vou ver as conexões recíprocas nele, a rede. Tudo isso vai estar em mim, e assim de repente, quando eu olhar para o mundo, eu serei capaz de dizer: “Oh, esse é o caminho que deve ser feito!” Dentro de mim não vai ser tão difícil.

Tente preparar um programa para distribuir toda a comida do mundo agora. Suponha que todas as indicações são colocadas em suas mãos: Há uma certa quantidade de alimentos no mundo, que é encontrada em certos lugares, agora distribua-a para que todos se sintam bem. Você vai sentir aos pedaços, não vai ter recursos humanos e tecnológicos suficientes para realizar isso.

No entanto, se você tem uma perspetiva integral da vida parecer-lhe-á natural, assim como uma mãe que sabe o que precisa preparar para o seu bebê e o que precisa preparar para o seu marido, etc. E tudo fica pronto! Por quê? Porque ela os sente. São parte dela, estão dentro dela. Mas se tivermos que fazer algo para outras pessoas, nos deparamos logo com um grande problema, e se for para o mundo inteiro, então ainda pior.

Por isso, é importante “sair” de mim próprio. Eu “exercito-me” com os outros. Quanto mais estúpidos me parecem, mais a sua perspetiva é oposta da minha, mais eu posso “sair de mim”, elevar-me para temporariamente estar de acordo com eles.

Pergunta: O que determina este acordo temporário?

Resposta: O fato de que eu estou criando um novo órgão integral da percepção. Eu começo a entender todas as outras pessoas e através de todo o sistema que é criado e nasce em mim, eu começo a ver como eu posso cooperar com o mundo inteiro. Eu não vou corrigir ninguém, é impossível corrigir o ego.

Todos os outros participantes passam pela mesma etapa. Mas nós não nos corrigimos uns aos outros! Nós elevamo-nos ao próximo nível.

De “Integral World”, KabTV de 11/27/12