O Amigo É Meu Espelho

Dr. Michael LaitmanPergunta: Nós dizemos que eu me vejo no amigo, mas que parte dele é exatamente o meu reflexo?

Resposta: Se eu considero uma pessoa como minha amiga, então ela realmente se torna meu espelho. Se eu vejo algo negativo nela em relação a minha evolução espiritual, então eu deveria entender que essa negatividade está dentro de mim e que a minha percepção está simplesmente distorcida.

Quanto às outras pessoas, é uma história diferente. É claro que eu deveria lembrar que elas representam o Criador, mas, nesse caso, elas não representam a realidade externa como uma réplica dos meus atributos internos. Nós precisamos de um estudo sério, a fim de tratar corretamente as pessoas de fora que não são membros do grupo. Na medida em que a primeira parte do sistema for revelada como GE, nós aprenderemos a tratar o AHP corretamente.

Portanto, é apenas no amigo que eu deveria ver meu reflexo. É como se o Criador colocasse um espelho diante de mim num determinado ângulo e cada vez me mostrasse certa parte e dissesse que eu deveria olhar para mim, para os meus defeitos. Ele reflete meus atributos exteriormente, veste-os em diferentes figuras, e os apresenta para mim.

Ao mesmo tempo, quando eu olho para o amigo, eu não atribuo tudo a mim, mas apenas o que pertence ao caminho espiritual. No entanto, isso já depende do nível de conexão. Se eu amo alguém, eu não vejo nenhuma falha nele, eu simplesmente o amo. As pessoas dizem que é um hábito, mas não é. No nível corpóreo, o meu desejo de receber não quer sofrer e por isso se preserva. Eu me acostumo com as falhas dos outros, e é como se eu não prestasse atenção a eles, de modo a não sofrer o tempo todo. No entanto, na espiritualidade, como está escrito: “O amor cobre todas as transgressões”. O amor cobre todos os pecados, e isso não é um hábito, mas o trabalho de correção.

No nível atual, acontece que eu invejo um amigo já que vejo nele algo melhor, atributos que eu mesmo gostaria de ter. É doloroso. Eu agradeço ao Criador por esta dor? Afinal, Ele me mostra que sou inferior aos outros. Eu começo a me arrepender e a procurar, e isso me leva à pergunta: Por que eu não amo realmente o amigo, se vejo que ele é melhor do que eu?

Assim, no exemplo que o Criador me apresenta, Ele me mostra uma oportunidade de avanço. Caso contrário, eu teria ficado “morto” no nível da natureza inanimada, mas agora, graças à inveja, luxúria, ambição e até mesmo o ódio, eu tenho “combustível”, um “detonador”, e não posso ficar parado.

Claro, eu posso me acalmar e dizer: “Bobagem, isso só se parece assim”. Mas, eu posso fazer o contrário, agarrar o sentimento e planejar como sair dos atributos negativos que foram revelados, fazer um verdadeiro plano de como subir.

Pergunta: Mas ainda assim, eu tenho que atribuir automaticamente todas as qualidades negativas do amigo a mim?

Resposta: Você está certo, os atributos animais são irrelevantes. Se, por exemplo, ele é muito precipitado ou um pouco preguiçoso, é a natureza que lhe deu esses atributos. Alguém pode ser lento e outro pode ser muito barulhento, todo mundo tem uma série de atributos inatos, corpóreos.

Nós estamos falando de uma inclinação para mudar, do fogo que queima numa pessoa. Isto é o que você precisa: razões para sentir inveja. Você tem inveja de seus atributos inatos ou de sua sensibilidade e anseio pela meta?

Pergunta: Digamos que eu veja que o amigo está dormindo durante a aula, e entendo que seja realmente eu quem está dormindo. Como posso fazer uso disso? Afinal, eu não encontro nenhuma falha em mim mesmo.

Resposta: É muito simples. Se você não está dormindo, então ele não está dormindo também. Inclua-o dentro de você, e tente despertar a imagem dele dentro de você. Mesmo que ele continua a dormir durante a aula, ele receberá tudo através de você.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 29/01/13, “Um Discurso para a Conclusão do Zohar