Aprender A Jogar

Dr. Michael LaitmanPergunta: Muitos estudos mostram que recompensas frequentemente arruinam nosso prazer. Por exemplo, crianças a quem foram prometidos prêmios quando pintavam, se acostumaram a isso, e se tornaram incapazes de pintar sem receber prêmios.

O mesmo se aplica a notas escolares, que têm um efeito deletério sobre a sede de aprendizado e conhecimento. Por outro lado, nós sabemos que a nossa matéria é o desejo de receber. Isso significa que uma recompensa é, de qualquer forma, necessária. Portanto, qual é a diferença entre o prazer de jogar e o prazer de trabalhar?

Resposta: Recompensas podem ser diferentes de acordo com seu valor. Um jogo me dá maior prazer ‘abstrato’. Num jogo, eu me conecto e coopero com os outros. Não é por acaso que as pessoas têm sido atraídas a jogos por gerações; por exemplo, a tradição dos Jogos Olímpicos começou na Grécia antiga.

O jogo remete o homem de volta à infância, e ele simplesmente se sente bem com isso. Não é por causa de dinheiro ou superioridade sobre os outros, nem por causa da honra que ele recebe; é algo mais, algo abstrato. Nossos jogos são compatíveis com o jogo superior onde a Luz entra nos vasos. Sobre isso se diz: “O criador joga com o Leviatã”.

A questão aqui é a minha atitude. Eu posso trabalhar duro de manhã até à noite e ver esse prazer, descansar. A imagem muda com a recompensa que recebo no momento do esforço, que é chamada, ‘imediatamente’.

Com um trabalho regular, a recompensa vem depois, e em jogos e outras situações semelhantes, nós recebemos a recompensa ‘imediatamente’. Por exemplo, levantando pesos eu sinto que me torno mais saudável e mais forte. Lá, o próprio trabalho torna-se a recompensa.

Por isso, nós precisamos alcançar um estado onde apreciamos a ação propriamente dita, como ela é. Agora eu estou com amigos, trabalho com eles ombro a ombro, me conecto a eles, e isso me dá alegria. Por quê? Porque na nossa conexão eu quero descobrir o Criador, para que Ele se deleite no que fazemos.

A chave para tudo isso é a sociedade. Só dessa forma nossos valores podem ser alterados, a fim de impor a prioridade correta e, em geral, aumentar a escala de valores acima do nível ‘animal’. Desde o momento em que descemos das árvores e começamos a vida na humanidade, a sociedade, e só a sociedade, determinou tudo o que faço. Querendo ou não, consciente ou inconscientemente, eu realizo o desejo dela.

Assim, se aos olhos da sociedade o Criador e a doação recebem a importância desejada, eu vou de bom grado e alegremente trabalhar junto com os amigos e me divertir como me divertia antes, como por exemplo, no processo de jogar futebol com os amigos, sem levar em conta o resultado.

Em cada momento dos nossos esforços de conexão, damos prazer ao Criador. Ele não aprecia posteriormente; Ele aprecia agora. Nós também precisamos receber agora prazer deste grande e importante ato sem a necessidade de uma recompensa maior. Assim que chegarmos a isso, as barreiras vão desaparecer e tudo será aberto.

O resultado é que o Criador é revelado a você quando você sequer sente desejo por isso, simplesmente porque você construiu os vasos de doação

Pergunta: Então por que Ele é revelado? O que devo fazer?

Resposta: Não é preciso fazer nada. Vocês estão com Ele, abraçando-se mutuamente…

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 24/02/13, Escritos do Rabash