Pergunta: Nem tudo que eu faço na vida me obriga a pedir a ajuda dos meus amigos ou do Criador. No entanto, essas ações ainda me levam à meta; por exemplo, eu me levanto de manhã e vou ao congresso sozinho. Mas há ações que tenho tentado implantar sem sucesso por 20 anos. Isso significa que essas ações exigem a aplicação dos esforços que falamos na sabedoria da Cabalá?

Resposta: Não. Se você não pode fazer nada, então não se trata de esforço. Esforço se refere a pedir para receber força para fazer algo. Nosso apelo por força é o esforço. Nós aplicamos muito esforço, mas todos são direcionados a nós mesmos. Esforços começam quando vemos que somos impotentes para fazer alguma coisa. Os verdadeiros esforços estão acima dos poderes humanos. Somente quando ficamos sem energia, surge um lugar para o esforço.

Como pode ser? Digamos que eu possa levantar um máximo de 100 quilos. Onde está o meu esforço aqui? Eu não vou levantar mais do que isso de qualquer maneira. Assim, o meu esforço está em pedir uma força adicional para aumentar a carga. Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance: eu me preparei para o congresso, me inscrevi e cheguei, mas na verdade eu não estou lá ainda. Nós falamos com amigos, temos refeições conjuntas, damos uma caminhada, o clima está ótimo, o ar está limpo… Alguma dessas ações é considerada meu esforço? Não! Mas é só devido aos nossos esforços que nos reunimos.

Nosso esforço é que queremos chegar à unidade, e para isso nós realizamos várias ações. Se, como resultado dessas ações, cada um descobre que não conseguiu nada, se não se alegrou, e, portanto, gemeu e gritou por salvação, isso é chamado de “Faremos e ouviremos”.

“Nós estamos prontos! Então, dê-nos força!”. É sobre isso que gritamos. Na Cabalá, esse pedido é chamado de esforço. O Criador realiza a ação, não nós. Nossa contribuição é apenas o pedido.

Pergunta: Mas isso é contrário à minha masculinidade. Eu literalmente me humilho diante do Criador…

Resposta: Então, rebaixe-se um pouco. Não é grande coisa! Você sempre tem que ser macho? Onde você se humilhar, você vai ver a grandeza. A modéstia é uma grande coisa. Nossos esforços são todos com relação ao nosso pedido para sermos humilhados. Você tem que “pagar” seus amigos para que eles o ajudem a alcançar isso.

Pergunta: Há exemplos disso na natureza? Eu humilho uma criança para criá-la?

Resposta: Não, tudo o que você faz é adicionar repetidamente complicações à vida da criança e estabelecer tarefas cada vez mais difíceis para ela. Quanto a se tornar mais humilde, isso não se origina do Alto. Você é o único que tem que chegar a este ponto. Esta condição surge quando você está indefeso, impotente para agir e incapaz de alcançar a meta. Imagine que você queira levantar 400 quilos mesmo que o seu limite seja de 350. Então, você pede ao Criador para ajudá-lo. Será que Ele lhe humilhar neste caso?

É claro que você fez tudo o que estava em seu poder: exercitou-se muito a fim de levantar 400 quilos, de modo que você o faça sozinho, em vez de ficar em dívida com alguém. No entanto, o caminho espiritual é diferente; aqui, você tem que ter o poder de doação, a força da Luz, que ainda lhe falta. Você não pode recebê-la se não pedir por ela.

Você tem que abaixar a cabeça. Caso contrário você não será capaz de usar essa força. Da mesma forma, uma criança que recebesse coisas de adulto se machucaria. A criança deve avançar passo a passo e compreender as causas e as consequências possíveis, para que o seu conhecimento e poderes sejam resultado de sua própria experiência pessoal. Caso contrário, ela vai se transformar num monstro terrível e destrutivo com um pequeno intelecto.

Pergunta: Por que os nossos esforços em unir não são suficientes para o Criador? Por que Ele quer que peçamos a Ele?

Resposta: Seu pedido significa que você consegue usar corretamente os poderes que Ele lhe dá. Se você abrir corretamente seu vaso de doação, isso significa que você sabe como lidar com a força que Ele lhe dá, e vice-versa, a ausência do pedido correto mostra que você não está pronto para usar corretamente o presente do Criador e isso só machucaria você e os outros se Ele desse a você.

Esta é a razão de Platão e Aristóteles serem contra a exposição das ciências às massas. As pessoas adquirem poderes sem qualquer idéia das relações que existem na natureza, sem qualquer conhecimento de causa e efeito, e isso leva à completa destruição.

Pergunta: Portanto, não faz sentido realizar as ações que eu mesmo posso fazer?

Resposta: Isso é verdade. Assim, diz-se, “Melhor sentar e não fazer nada”. Se a humanidade pudesse ser satisfeita apenas com necessidades básicas de alimentação, ter uma família e filhos, então o caminho seria muito mais bem sucedido, já que neste caso, todas as outras forças seriam dedicadas ao avanço interno e o resto ficaria para o Criador.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 15/01/13, O Zohar

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