Individualistas Também Precisam De Um Grupo

Dr. Michael LaitmanÉ muito difícil entender o que é o grupo.

Eu sempre fui um solitário, um individualista, não comunicativo por natureza, preferindo a solidão e os livros a tudo o resto: eu não precisava de mais nada na vida.

Aos 33 anos, eu comecei a estudar com o Rabash. Nós não tínhamos um grupo, exceto 6 a 7 homens idosos, com os quais eu estava feliz, como uma criança entre adultos. Mas o Rabash disse que eu precisava de um grupo, e eu pensei: “O que poderia ser melhor do que as pessoas que haviam estudado com o Baal HaSulam e viveram a sua vida junto com o Rabash?”. Afinal de contas, entre eles eu me sentia tão seguro quanto um bebê nos braços dos adultos.

Mas o Rabash dizia: “Não há nada a fazer, você precisa de um grupo”. E eu organizei um grupo de 40 homens.

Isso era totalmente contra a minha personalidade. Eles eram muito melhores, mais amigáveis, e se sentiam iguais. Eu sempre me sentia como uma pessoa de fora; além disso, eu ainda tinha que servi-los, para ajudar o Rabash a organizar um grupo, embora por natureza eu não conseguisse superar isso! Foi muito difícil entender por que um grupo era necessário. O coração não queria aceitar a condição de que eu tinha que revelar o mundo superior nele.

Eu pensava que o mundo superior podia ser explorado com a ajuda de diagramas, para compreendê-los, para aprofundar meus conhecimentos e sentimentos, e para começar a analisar. Isto é conhecido na física, e eu não conseguia me afastar da abordagem científica. Eu desenhava, fazia esboços, e só fazia isso, até que, finalmente, comecei a compreender um esquema completamente diferente do universo, do outro lado.

De repente, eu comecei a sentir que o nosso mundo é o mesmo mundo superior, mas em seu nível mais baixo. Ele está intimamente ligado com o resto dos mundos, que, sendo cópias do nível superior, descem cada vez mais. Neste caso, a única alteração é na matéria, que se torna cada vez mais grossa, e no último grau se torna egoísta, oposta à matéria criada inicialmente.

Mas tudo o que vemos neste mundo é idêntico ao mundo superior, de acordo com a conexão com a raiz no mundo espiritual e seu ramo em nosso mundo.

Aos poucos, eu comecei a me acostumar com esse sistema, entendendo que esta é a forma como ele é, e não há mais nada. Portanto, nós precisamos ver o que está por trás do nosso mundo e acima dele e que, sem correção, elevando-nos acima deste mundo, não teremos sucesso. Esta é a única forma. Sozinho, você não pode entrar no mundo espiritual.

Acontece que você está amarrado por toda a rede do mundo e deve subir junto com ela! Não há saída. Você precisa entender esse sistema e se ligar a ele, embora num novo caminho: para subir, e daí você vai ser capaz de perceber a si mesmo. Isto é de um lado, e se você olhar para o sistema de baixo para cima.

E, do outro lado, isso me ajudou muito, porque eu comecei a estudar este sistema não de baixo para cima, mas de cima para baixo, a partir do Criador, como o Criador olha para o mundo de cima para baixo, como Ele nos vê na forma corrigida ou não corrigida, e age sobre nós para nos tirar do nosso estado egoísta e levar até Ele.

Estes dois pontos de vista opostos, de baixo para cima (como devemos crescer, tornando-nos constantemente semelhantes ao próximo nível) e de cima para baixo (como o Criador olha para nós), se uniram, complementando-se. Nós temos que trabalhar com eles, analisando claramente o caminho de baixo para cima e a visão de cima para baixo.

Então, os artigos do Rabash sobre o grupo se tornaram mais compreensíveis para mim, embora à primeira vista parecesse um tanto ingênuos e até mesmo instrutivos, com uma consequente moral. Na realidade, eles começam a identificar leis muito claras, que são muito rigorosas e poderosas que quaisquer leis naturais. E todas as leis de comportamento (eu as chamaria de “leis da comutação”) são baseadas em se tornar cada vez mais semelhantes ao nível imediatamente superior, para entrar nele, para fazer contato com ele, e incluir-se nele. Esta é a base de todos os artigos sobre a interação no grupo.

Da Convenção em Novosibirsk 08/12/12, Lição 4