Vendo O Criador Por Trás Do Amigo
Pergunta: Por que eu descubro coisas novas sobre o mundo quando corrijo a minha atitude para com os outros e os amo?
Resposta: Trata-se sempre do seu desejo. Há apenas o vaso e a Luz – o desejo e o que acontece nele. A questão toda é como eu o trato, o “estranho”, dentro do meu desejo.
Em outras palavras, há a imagem de um estranho em mim, e eu tenho que corrigir meu desejo com relação a essa imagem, para inverter o meu desejo, e, consequentemente, descobrir um novo estado.
Eu nunca saio de mim mesmo. Eu só preciso mudar a mim mesmo, a minha atitude ruim, meu ódio, e transformá-lo em amor. Assim, eu vou descobrir o mundo espiritual na minha relação com vocês.
De uma forma ou de outra, tudo acontece internamente. Nós estamos diante de um mundo gigantesco, mas todos entendem que essa imagem é retratada em nós. Baal HaSulam escreve sobre isso na “Introdução ao Livro do Zohar“.
Mas de onde vem essa imagem dentro de mim? É o resultado da ação do Criador. Cada nível da natureza (inanimada, vegetal, animal e falante), todos os níveis do desenvolvimento do desejo, desde a fase da “raiz” até a “fase quatro”, me leva ao Criador, a alcançar a força superior.
Isso significa que tudo o que eu sinto por fora é o Criador. Portanto, o Rabash diz que devemos ver o Criador no amigo, ou pelo menos por trás do amigo.
Assim, a imagem externa na minha percepção é a centelha, a partícula da Luz, o Criador. Assim, graças à quebra dos vasos, de repente eu descubro os outros, os estranhos fora de mim. Um “dipolo” é revelado em mim: eu e mais alguém. Esse alguém preenche por enquanto o lugar do Criador, para que eu possa exercitar o auto-aperfeiçoamento com ele; na verdade, não há nada, exceto a pessoa e o Criador.
Portanto, nós devemos entender que em nossas correções no círculo dos amigos, nós ajudamos a melhorar o mundo inteiro. Aqui nós podemos entender o que o Baal HaSulam diz no final da “Introdução ao Livro do Zohar“: se Israel se corrige, a Luz é derramada, a partir dele, para o resto da realidade; nós não precisamos de mais nada. Basta que nos corrijamos.
Assim, meu amigo não é um amigo, mas o Criador, que inseriu esta imagem em mim no fundo de todos os outros níveis da realidade. Na quarta fase do desenvolvimento, a criatura sente vergonha diante do Criador, e é exatamente por isso que eu odeio o amigo que vejo diante de mim. Este é o resultado dessa vergonha.
Vamos voltar para o que uma pessoa aprende durante a correção.
Sem essa informação é simplesmente impossível ter êxito, pois, como ela pode aumentar o seu amor? Cada nível é feito de sentimentos e mente; é impossível avançar apenas por um deles. Afinal de contas, o prazer reside apenas em atingir as ações do Criador.
Ele quer que nós O descubramos como bom e benevolente. A fim de fazer isso, você tem que saber como Ele faz isso: com qual sabedoria, de que forma, com que interesse. A sabedoria é essencial aqui, e deve ser uma sabedoria profunda, como se você estivesse vestido no Criador.
Em nosso mundo você não entende os pais até que realmente cresce e se torna um pai. É o mesmo na espiritualidade: a adesão é necessária, pois sem ela você não vai entender o Criador, quem Ele é e o que Ele é. O Amor vem como resultado disso.
A menos que você atinja o Criador, você não será capaz de amá-Lo. Como adultos, nós lembramos diferentes eventos de nossa infância, o que os nossos pais fizeram, o que nos ensinaram, como se sacrificaram por nós, e começamos a entendê-los e amá-los muito mais do que na nossa infância. É o mesmo com o Criador.
Da 4ª Lição Diária de Cabalá 16/12/12, “A Sabedoria da Cabalá e a Filosofia”