Uma Imagem Traçada No Ar

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Sabedoria da Cabalá e a Filosofia”: … A verdade é que a força em si também é considerada uma matéria genuína, assim como qualquer matéria corpórea no mundo concreto…

Nós dizemos que a espiritualidade é uma “força”. Será que isso significa que este mundo é a matéria? Não, não significa. A força por si só é matéria. Não há nada além de força. A física contemporânea chegou à seguinte conclusão: para além dos átomos, partículas e fótons, nós não detectamos a matéria. Mesmo quando nós usamos os métodos tradicionais de exploração do universo e vamos fundo em sua base, descobrimos que a matéria de base “desaparece” e, na verdade, age como uma força. Nós estamos acostumados a traçar uma imagem material do mundo, mas na verdade ela só existe em nossa percepção. Na verdade, a matéria é apenas uma força, nada mais do que isso.

Esta força é dividida em duas categorias (dois desejos): doação e recepção. No geral, a multiplicidade de forças isoladas descreve um tipo de realidade que os Cabalistas chamam de imaginário, ilusório. É realista, mas efémero, como um desenho tridimensional no ar feito com um feixe de laser. E nós vivemos nele; na verdade, “viemos” deste “feixe”. Todos nós somos “pintados” no espaço, e, de fato, a nossa essência é também uma força, dois desejos e uma tela que os equilibra.

Estas forças estão recebendo e doando desejos que devem se incorporar e integrar um com o outro. Mas tão logo uma delas domina a outra, o desejo resultante também tem “acesso ao poder”, e cooperação, participação, compreensão, sensações comuns compartilhadas por todo o caminho até o amor, quando todo mundo está pronto a se associar, a permanecer em cooperação e compreensão mútua, compartilhar sensações comuns, incluindo o amor e pronto para desistir de tudo o que têm para o bem do outro e, ao mesmo tempo, tem que aceitar tudo dos outros.

A força de recepção tem que alcançar o mesmo poder de ser como o poder de doação, senti-lo, e desenvolver-se de acordo para obter qualidades semelhantes ao Criador. Para isso, ela deve passar por estados especiais que lhe permitam sentir que está viva e com poderes para tomar decisões, planejar e implementar planos na realidade. Neste ponto, é impossível tolerar sem uma imagem imaginária. É deste lugar que vem a ilusão chamada “nosso mundo”, onde o desejo de receber prevalece.

Baal HaSulam dá o exemplo de um cocheiro que morava com sua esposa e filhos, ganhava dinheiro suficiente para manter sua casa corretamente, e era muito feliz até que seus problemas começaram: seu cavalo morreu, a casa foi incendiada, e sua esposa e crianças morreram numa epidemia. Como resultado, o cocheiro compareceu perante a Suprema Corte, onde foi decidido que ele receberia por sua adversidade já que tinha sofrido tanto.

O que ele recebeu? Ele recebeu um cavalo, um carro, uma esposa, filhos e uma casa, o mesmo sentimento, que para ele era a felicidade. Neste “filme”, ​​a sua vida é maravilhosa novamente: ele trabalha, traz dinheiro para sua família, e se alegra com isso. Tudo está ótimo! Seu desejo é pequeno, mas para ele é um verdadeiro paraíso, onde tudo está bem e nada mais é preciso. Uma ilusão perfeita.

Às vezes, nós temos sonhos. Em que eles diferem da realidade? E se num par de minutos o despertador toca e você acorda e percebe que o que você viu era um sonho? Na verdade, é assim que ocorre. Então, qual é a diferença entre um sonho e a realidade? Como podemos distinguir um do outro?

É importante compreender que a nossa realidade é “desenhada” por uma força e é dada a nós para fazer o nosso desejo de receber se sentir independente, poderoso, competente, e separado daquele que realmente age. Esta é a única maneira de alcançar a equivalência de forma com o Criador. Caso contrário, que tipo de equivalência haveria se eu estivesse completamente sob Seu controle?

Na verdade, a nossa separação do Criador é ilusória, e é por isso que esse mundo é chamado de imaginário. Por outro lado, os reinos espirituais não são imaginários, porque é onde estamos cientes da ilusão, concordamos com ela, e subimos acima da razão. Lá, nós trabalhamos acima do nosso entendimento, sabendo que não há outro além Dele, concordando com isso cada vez mais profundamente. Nós já estamos trabalhando com uma força verdadeira, apesar do fato de que nós mesmos também somos uma força, e só há uma força.

Pergunta: Se toda a nossa vida é apenas um grande sonho, que conclusões práticas nós podemos tirar disso?

Resposta: Diz-se nos Salmos: “Nós éramos como sonhadores”. Na prática, eu tenho que levar essa vida a sério. Eu posso subir acima dela, não negligenciá-la. Nada deve ser desconsiderado. A “imagem” atual é desenhada para mim pela força superior, e até eu completar o período de preparação, eu não consigo me livrar dela. Eu tenho que continuar sentindo esse mundo até o fim da correção; cada vez voltando para novas correções. Mesmo que eu suba para o 124o nível e tudo o que resta seja o último nível, o 125o etapa, eu ainda vou voltar.

Não há outra escolha. Esta “infraestrutura básica” é extremamente importante, uma vez que apenas inclinando-nos sobre ela, percebemos nossa escolha. Graças a isso, a cada passo, parece que agimos de forma independente e que somos iguais com o Criador, e talvez sejamos ainda mais poderosos do que Ele. Não há a menor chance de se fundir com Ele sem esse sentido de independência. Caso contrário, não existe “eu”, aquele que é capaz de fundir-se com Ele.

Esta é a nossa forma de agir neste mundo. Que ela seja imaginária, nós estamos conscientes disso, e a aceitamos. Nós estamos começando a jogar conscientemente com a nossa “independência”, e, neste ponto, o fato de que estamos sendo governados por Ele não é mais segredo para nós.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 18/12/12, “A Sabedoria da Cabalá e a Filosofia”