Um Presente Com Um Fundo Duplo

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Sabedoria da Cabalá e a Filosofia : A razão é que, embora esse amor seja apenas uma consequência do presente, ainda é muito mais importante do que o presente em si. É como um grande rei que dá um objeto sem importância a uma pessoa. Embora o presente em si não tenha valor, o amor e a atenção do rei o tornam inestimável e precioso. Assim, é completamente separado da matéria, sendo a Luz e o presente, de forma que o trabalho e a distinção permanecem esculpidos na realização apenas com o amor em si, enquanto o presente é aparentemente esquecido pelo coração. Portanto, este aspecto da sabedoria é chamado de “Sabedoria Formativa da Cabalá”. Na verdade, esta parte é a parte mais importante da sabedoria.

Nós estamos falando da sabedoria da Cabalá com a qual eu esclareço e verifico a atitude do Criador para comigo e, consequentemente, estabeleço a minha atitude em relação a Ele.

O Rei é muito astuto: Ele me dá um presente e organiza tudo para que neste presente eu sinta Sua atitude em relação a mim e sinta vergonha, como resultado, uma vez que eu não sinto o mesmo em relação a Ele. Ele cuida para que eu o decifre corretamente, em que “leia” a situação e não apague a vergonha dentro de mim, mas em vez disso, a vergonha vai me ajudar a lembrar Dele. Quando eu recebo o amor Dele, quando sinto a diferença entre a Sua atitude para comigo e a minha atitude para com Ele em minha vergonha, eu agradeço-lhe, embora a vergonha queime como fogo. É esse sentimento que me ajuda a construir a mim mesmo.

Na verdade, a vergonha pode vir a ser a deficiência correta. Se eu não desejo apagá-la, já é a atitude correta, e agora, acima dessa deficiência, eu tenho que construir minha atitude para com o Criador. Isto significa que a pena não deve desaparecer. Pelo contrário, deve crescer, e eu não deveria tentar extingui-la ou encobri-la, mas sim transformá-la em amor, como aquele que sinto do Criador e até mesmo mais do que isso.

Por que mais? Porque o amor é aceito pelo meu ego. Todo mundo precisa me amar. Se eu receber um presente de R$ 20, vou esquecê-lo depois de um tempo curto. Mas se alguém me tira R$ 20, vou me ofender, como se tivesse perdido R$ 200.000. Esta é a abordagem egoísta: eu sempre mereço o presente e o prejuízo é inaceitável. Se alguém diz algo bom sobre mim, eu fico satisfeito até esquecê-lo. Mas se alguém diz algo ruim sobre mim, não vou me acalmar até retribuir-lhe.

Portanto, sentir vergonha diante do Criador dobra o amor e me ajuda a construir um vaso de doação que corresponda ao meu ego. Caso contrário, eu vou ver que apenas receber presentes de amor Dele não é o suficiente para o meu ego. Eu simplesmente devo ter a vergonha, a força que duplica a força do amor, permitindo-me desenvolver uma maior deficiência pela doação e realizá-la.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 16/12/12, “A Sabedoria da Cabalá e a Filosofia”