O Peso De Uma Mala Depende Do Seu Dono

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Entrega da Torá”, item 8: …Isto porque há uma lei natural de que o receptor sente vergonha e impaciência ao receber presentes do doador como resultado de compaixão e piedade. …

E esta é a razão pela qual Ele preparou para nós o esforço e o trabalho em Torá e Mitzvot, para produzirmos nossa exaltação por nós mesmos, porque o deleite e o prazer que chegam até nós vêm Dele, ou seja, tudo o que está incluído na Dvekut (adesão) com Ele, será tudo nosso, que chegou até nós através de nossos próprios esforços. Então, vamos nos sentir como os donos, sem o que não pode haver uma sensação de plenitude.

Vergonha é uma medida que define as relações entre nós. Se a pessoa não sente vergonha, ela não tem nada a corrigir, uma vez que não vê grandes diferenças entre si e o Criador. Portanto, é melhor revelarmos vergonha e sermos constrangidos por uma comparação entre nossas propriedades de recepção com Sua doação.

A questão é, se a pessoa deixa de receber, isso significa que ela neutraliza a vergonha. Por exemplo, eu visito um amigo e vejo uma mesa generosamente posta esperando por mim, mas eu recuso o banquete, “Não, não, obrigado. Eu estou cheio. Eu estou de dieta”. É possível que atuemos da mesma forma na espiritualidade, a fim de diminuir o sentimento de vergonha? Ao agir assim, nós negligenciamos o Criador, como se não nos importássemos com Suas indulgências.

Afinal, o que, de fato, podemos receber? É a Luz de NRNHY? Para ser honesto, ela não nos enche de prazer. NRNHY é a Luz que vem de nossa compreensão da magnitude do Doador.

Tudo o que sempre recebemos dela é uma pequena centelha da qual se originou o desejo de receber prazer. O desejo de receber é composto por um ponto preto, a ponta da letra Yod, e na Luz encontra-se uma centelha que criou o ponto negro.

O resto é desencadeado por nossa consciência da grandeza do Criador, quando nós apreciamos isso, elevamos aos nossos olhos. É por isso que devemos sempre nos lembrar de que precisamos aspirar a Sua grandeza.

Se alguém é realmente importante para nós, estamos prontos para “carregar sua mala”. Quanto mais importante esta pessoa for aos nossos olhos, mais pesada é a mala que estamos prontos para carregar. A princípio, a mala parece muito pesada para nós, “Por que eu a carrego em primeiro lugar? Por que estou fazendo isso?”.

No entanto, se nos damos conta de quão imprescindível é o dono da mala, nós a carregamos com facilidade. É uma honra e um privilégio servir esta pessoa importante! Nós ainda estamos dispostos a pagar pelo direito de carregar a sua mala.

Como resultado, dedicamos toda a nossa vida ao Criador. O que recebemos em troca? Nada. Afinal, uma centelha e um ponto negro constituem a base de tudo que existe.

Pergunta: Existe alguma analogia com a vergonha genuína no trabalho que fazemos?

Resposta: Sim, isso pode ser aplicado a vários tipos de vergonha que experimentamos diante dos nossos amigos. Nós temos medo de que eles descubram que somos ignorantes ou que ainda estamos sendo egoístas.

É uma vergonha primitiva, egocêntrica. Há também uma vergonha espiritual causada pela nossa incapacidade de contribuir com nossa parte, reconhecendo que não estamos apoiando nossos amigos da maneira que deveríamos elevá-los. Eles dependem de nós, de modo que nos sentimos envergonhados por sermos incapazes de realizar essa tarefa.

Pergunta: Deve o grupo instigar esse tipo de vergonha em seus membros?

Resposta: O grupo deve nos provocar e promover o nosso crescimento, ensinando-nos a respeitar a vergonha, uma vez que ela demonstra uma deficiência no desejo de receber. Se prazeres e aflições são condicionados por uma realização ou um vazio dentro do nosso desejo, então maus ou bons estados refletem no sentido de vergonha ou, pelo contrário, na realização da grandeza do Criador.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 28/10/12, “Matan Torá (A Entrega da Torá)”