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O Mistério Da Nossa Liberdade

Dr. Michael LaitmanUm ser humano (Adão) é uma nova ação, uma nova criação desenvolvendo-se de acordo com o programa interno, inerente na “gota de sêmen” primordial. A este programa, à forma dada pelo pai, o material da mãe é adicionado. Assim, o programa começa a ser realizado, manifesta-se, e o material assume a forma de um ser humano.

Uma pessoa nasce de uma mãe como um animal. No entanto, nós falamos da nossa estrutura interna, como geramos a nós mesmos espiritualmente. E aqui há uma condição especial diante de nós: nós mesmos temos que criar a nossa forma.

Pergunta: Mas um animal não é capaz disso?

Resposta: Um animal continua sendo um animal. Ele não pode se tornar um ser humano. Ele é a base a partir da qual ele se forma. Em geral, a natureza inanimada, vegetal e animal é a plataforma acima da qual podemos construir a forma humana.

Pergunta: Quem pode construí-la?

Resposta: A “gota de sêmen”, que se situa acima do nível animal. Ela contém tudo, exceto o material. Mas quando o material é adicionado a ela, a forma necessária não aparece automaticamente como no mundo animal; nós mesmos temos que encontrá-la. No mundo espiritual, a pessoa cria a si mesma com a ajuda do Criador.

Inicialmente, eu não conheço a minha futura forma espiritual. Eu deveria querê-la, procura-la e tentar, indo na fé acima da razão, tanto quanto posso. Eu atuo, lutando por algo que parece ser a doação para mim, e esses esforços de repente me levam a uma “descoberta”, uma nova forma. Sim, eu estava pensando nisso o tempo todo, mas ainda não podia imaginar o que seria na realidade. Agora, quando a forma de doação está vestida em mim, eu a atinjo.

Como é que eu a obtive, sem saber exatamente para onde ir? É por isso que é chamado de “descoberta”: é uma surpresa para mim, não um resultado esperado.

Pergunta: Portanto, qual é a minha livre escolha?

Resposta: A sua livre escolha está em buscar esta forma com a ajuda do ambiente, por todos os meios possíveis. Ou seja, o ambiente constrói meu estado futuro, criando a sua forma de acordo com o princípio de uma matriz que exerce pressão sobre um lingote de estanho de ambos os lados, dando-lhe a forma desejada. Eu sou o lingote, o material inicial, situado entre as duas partes da prensa: o grupo é um lado, e o professor e os estudos são o outro.

The Mystery Of Our Freedom

E o fato é que eu me coloco sob esta prensa. Eu estou pronto a aceitar diversas formas e só querer anular a mim mesmo, como um lingote que pode receber qualquer forma. Assim eu adquiro a forma humana.

Pergunta: Onde está a liberdade aqui?

Resposta: É impossível ser apenas livre; se você é livre, significa de alguma coisa. Na realidade, você só pode ser independente da inclinação ao mal. É por isso que o Criador criou primeiro a inclinação ao mal – orgulho, auto-importância e outras qualidades egoístas, em relação às quais podemos verificar a nós mesmos: Quanto você pode anulá-los, sacrificá-los, a fim de tomar qualquer forma que o professor, os estudos e o  grupo exigem de você? Se você aceitar a sua “pressão”, o Criador preenche esta nova forma com o espírito da vida. E se não, não.

Quando você deseja abandonar o grupo, mas ainda decide ficar, então você vai em direção à livre escolha. A escolha significa subir acima da inclinação ao mal. Então, você vai se sentir realmente livre.

Mas agora o tempo ainda não chegou. É possível deixar um bebê que mal aprendeu a andar escolher? Ele vai quebrar alguma coisa. É impossível criar uma realidade da liberdade imediatamente, quando você tem todas as qualidades que se opõem ao Criador e tem a oportunidade de concordar ou discordar Dele.

No entanto, hoje isso não é necessário. Aos poucos, você percebe que agora não tem escolha, enquanto está sob o domínio do desejo egoísta. Só ele age em você, e você não tem mais nada, nenhuma outra força para resistir ao egoísmo em alguma coisa e suportando-o em outra coisa. Você ainda precisa avançar, estudar e atrair um monte de Luz que Reforma, a fim de adquirir a segunda força.

No final, encontrando-se entre duas forças, você obtém todo o mundo, valores completamente diferentes, um novo entendimento. Daí vamos falar da livre escolha.

Não é por acaso que o direito de votar é dado aos 18 anos e não antes. Imagine se crianças de 10 anos de idade pudessem votar. Daí, os candidatos afirmariam na TV sem qualquer constrangimento: “Eu vou lhes dar doces! Estou disposto a dar a todos abaixo de 18 anos a última geração de smartphones!”.

Em geral, vemos que a vida cotidiana não oferece liberdade à pessoa. E não há tal desejo. Hoje, você não acha que precisa de escolha, porque sente que está livre. Você não sente que o Criador controla você totalmente.

E é por isso que Ele ensina: Primeiro, Ele lhe dá o desejo egoísta e coloca obstáculos no caminho para a sua realização, como se alguém o impedisse. Você não entendeu ainda que tudo vem de uma fonte, e que é o que lhe é ensinado.

Pergunta: Como podemos acelerar este processo?

Resposta: Jogando com o ambiente correto, com o grupo. Substitua um relacionamento vago com o Criador por um relacionamento real com o grupo. Você pode fazer isso. Se você quiser com a ajuda de ambiente mudar a forma como o Criador trata você, você tem a oportunidade. Em vez do Criador, aceite o grupo como um fator de influência e você poderá controlar a sua vida livremente.

Nós ouvimos isso, mas ainda não sentimos. Não tem problema, a consciência virá em breve…

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/11/12, Escritos do Baal HaSulam

A Humanidade É Um Grupo

Dr. Michael LaitmanPergunta: É possível perceber a humanidade e a sociedade como um grupo, uma vez que você começa a sentir gradualmente a espiritualidade?

Resposta: Em geral, é assim que deve ser. No futuro, isso é o que vai acontecer.

Quando falamos sobre a humanidade global, sobre a sua integralidade, entendemos que ela é um conjunto integral. Somente a partir do todo geral podemos diferenciar os 99% das pessoas que estão no grupo, mas que não entendem por que e com qual finalidade; elas vieram para o grupo porque foram levadas para lá, o que significa que nasceram para este mundo e estão lá a contragosto.

Nós temos que gradualmente despertá-las para participar mais ativamente. Isso significa que, na verdade, toda a humanidade é um grupo.

Da Convenção na Georgia 06/11/12, Lição 2

Uma Imagem Ilusória Que Se Dissolve

Dr. Michael LaitmanPergunta: Às vezes, há um sentimento no grupo que todos nós entendemos e sentimos certo fenômeno, mas de repente sentimos confusão em nossas mentes e pensamentos, uma espécie de estupor, e há a sensação de que estamos nos desenvolvendo muito lentamente. Por que isso?

Resposta: Por que estamos constantemente esquecendo nossa meta enquanto estamos no grupo, por que nos conectamos e depois tudo desaparece, por que as imagens do mundo ocultam a verdadeira imagem em que devemos ver que tudo ao nosso redor é o nosso desejo e que temos que nos conectar para descobrir o Criador nela? Por que nos desligamos da verdadeira imagem do mundo e a imagem ilusória e imaginária que vemos oculta a espiritualidade de nós? Por que o nosso mundo é mais forte do que o mundo espiritual?

É tudo porque você não se concentrou junto com o grupo na conexão.

Se você faz esforços sozinho, você não pode alcançar nada com isso. Você só pode ter sucesso quando nós ajudamos um ao outro para que a imagem de conexão se torne uma imagem espiritual, que irá adquirir vida, adquirir Luz nela, e vai nos mostrar que é a única imagem verdadeira do mundo.

A imagem externa que você vê agora vai, de repente, perder sua intensidade e sua influência sobre você e irá gradualmente desaparecer. Você sente que tudo o que está acontecendo aqui é como um sonho. Eu dirijo em algum lugar, vou dormir, acordo, vou trabalhar, vou a algum lugar, tudo isso de repente começa a desvanecer. De repente você começa a ver que tudo isso deriva de seus atributos e isso deixa de ser tão real, claro e vivo e fica confuso e nebuloso.

A mesma imagem que está focada na conexão que você imaginava antes, agora se torna real e nela você descobre novos estados. É essa imagem que se torna a mais importante, o que significa que você começa a sentir que os sinais estão vindo da Providência, do nível superior.

Assim, você muda gradualmente um atributo por outro.

Da Convenção na Georgia 06/11/12, Lição 2

O Que É Um “Grupo”?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Em que condições nós podemos ver que um grupo existe e que se dirige à meta?

Resposta: Um grupo que está na direção da meta é um conjunto de pessoas para as quais existe apenas uma meta. Elas sabem o que ela é, percebem-na entre elas, e a sentem. Elas estudam juntas a partir de fontes Cabalísticas; elas se analisam de acordo com estas fontes, e trabalham na conexão de seus pontos no coração, o que significa que a principal coisa para elas é a conexão, à medida que ignoram todos os outros atributos. Se a pessoa anseia pela unidade, a fim de revelar o Criador, é o suficiente para ela ser minha amiga, mesmo que ela possa ser uma pessoa desagradável em todos os outros aspectos; isso não faz diferença. Aos poucos, todos nós entendemos como nos ajustar uns aos outros e nos aproximar.

Um grupo é um conjunto de pessoas que entendem que, a fim de alcançar o Criador, devem trabalhar em si mesmas, estudar e levar certo estilo de vida. Elas têm que se encontrar regularmente e estar tão fortemente conectadas que isso constantemente levará à conexão e unidade.

Se elas apenas alugam um local e se reúnem lá, isso não significa que elas já são um grupo. Elas se encontram fisicamente, leem juntas, e depois seguem seu próprio caminho. Isso faz delas um grupo? De acordo com a sabedoria da Cabalá tudo é determinado pelo despertar interno e não pelos corpos físicos.

Um grupo refere-se ao anseio dos pontos no coração em se tornar um todo. Só então ele é chamado de “grupo”. Então, nós ainda precisamos trabalhar muito nisso.

Mas quando todas as pessoas anseiam juntas por uma meta, entendendo que somente assim vão se conectar acima de todas as diferenças, elas exibem o atributo do Criador e, com isso, superam a quebra: daí elas se tornam um grupo.

Assim, verifica-se que todos os nossos atributos contrastantes estão num único desejo egoísta. É como se todos os desejos egoístas que são opostos aos nossos, que estão em contraste um com o outro, estão agora num saco. Nós restringimos nossos desejos, colocamos uma Masach (tela) acima destes atributos e concentramos nossos pontos no Criador, em equivalência e doação.

Acontece que nossos desejos egoístas conectados ficam embaixo, enquanto as nossas intenções de nos conectar e desejar o Criador, de nos assemelhar a Ele, e nos tornar igual a Ele, estão acima deles. É assim que a alma, que significa o Partzuf coletiv0, é criada.

A alma é única. Não há muitas almas. Há apenas um vaso para todos. Se nós o criamos, de repente descobrimos que ele já foi criado! Nós só tentamos descobri-lo e por nossas tentativas de repente descobrimos que já existimos nele. Isto é porque toda essa criação já existe, enquanto a quebra ocorreu apenas em relação à nossa consciência. Quando nós desejamos avançar, nós subimos acima do nosso sentimento atual.

Da Convenção na Georgia 06/11/12, Lição 2

A Vida Passou Como Um Sonho

Dr. Michael LaitmanPergunta: Será que uma pessoa realmente sabe o que quer?

Resposta: Ela nunca sabe. Pergunte às pessoas idosas e elas vão lhe dizer: “Nós nem percebemos como a vida passou e o que fizemos com ela. De repente, ela se esvaiu. Eu me lembro dos 20 e um pouco dos 30; as últimas três ou quatro décadas eu não me lembro”.

Pergunta: Mas é possível viver em consciência. O que nos impede? Digamos que quando eu era criança, meus pais me dissessem: “Preste atenção em si mesmo, você é feito de desejos”.

Resposta: Se eles tivessem ao menos nos preparado para compreender o mundo da maneira correta! Se a família e a escola tivessem nos preparado, então teria sido diferente! Onde estão a família e a escola? Elas não existem.

Meus pais não sabiam como me educar, eles não aprenderam na escola, nem me ensinaram. Os resultados são: eu vivi minha vida sem saber como vivê-la, e eduquei meus filhos também sem saber como educá-los, e eles também estão educando meus netos sem saber como.

Desta forma nós passamos de geração em geração. Se você olhar para a humanidade de fora, você percebe que o nosso comportamento não corresponde à nossa inteligência, à nossa capacidade interna! Veja como destruímos a nós mesmos!

Assim, o principal problema na humanidade é a educação. Se nós educássemos corretamente uma geração, corrigiríamos toda a humanidade e mudaríamos toda a vida na terra.

De KabTV “Conversas com Michael Laitman”, 03/10/12

Pessoas Das Cidades Vivem Sozinhas

Dr. Michael LaitmanNas notícias (do Spiegel Online): “A solidão é uma característica comum da civilização ocidental. O número de pessoas que vivem sozinhas está crescendo, e há um segmento crescente de aparelhos domésticos projetados para pessoas solteiras. Além disso, o isolamento é uma característica tanto dos idosos quanto dos jovens. Os laços familiares tornam-se mais frágeis. Num contexto de casamentos em declínio, o número de famílias cujos membros têm que viver separadamente é crescente”.

Meu comentário: Parece um paradoxo: a cidade não reúne, mas divide as pessoas. Assim, a comunicação direta é substituída por outros meios de comunicação. O egoísmo crescente não tolera a comunicação direta. Isso vai levar a todos os tipos de problemas psicológicos e sociais. Mas eu acho que a crise está se desenvolvendo mais rápido e vai forçar a aceitação da necessidade de implantar a educação integral em todos os lugares. E ela vai mudar a conexão entre as pessoas. A qualidade dessas conexões determina nosso futuro.

A Humanidade Vai Mudar. O Que Acontece Com Um Eremita Numa Caverna?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Suponha que as pessoas jogaram por um tempo e, no processo de estudo integral, a humanidade muda. Sentado em algum lugar numa caverna está um eremita que não sabe disso. Como podemos avançar sem ele?

Resposta: Não faz diferença. Ele vai sentir isso. A distância não importa.

Pergunta: Será que ele vai sentir isso e correr para esse grupo?

Resposta: Ele irá se conectar com o mundo de acordo com seu estado e posição. Ele não tem que correr para lugar algum, mas pode continuar a viver numa ilha deserta, ou na tundra, ou numa caverna no Himalaia, mas ele vai sentir que o mundo está mudando de acordo com as mudanças nele. Afinal, a Luz opera em toda a humanidade. Se há uma massa crítica, todos sentem as mudanças.

De KabTV “Conversas com Michael Laitman,” 03/10/12

O Inimigo Que Une

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que devemos fazer no grupo integral quando uma pessoa nociva surge e o moderador tem que afastá-la? Devemos deixá-la no grupo?

Resposta: Nós só podemos deixá-la ficar se ela consegue causar danos úteis, pois acima deles podemos esclarecer nossa conexão e o nosso amor: “Como devemos nos portar diante dela?”. Sem um inimigo é muito difícil se unir; o inimigo une. Portanto, em geral, temos que ver e apoiar tal estado de destruição, mas até certo limite.

Eu acho que o grupo vai perceber a vantagem nisso e ver que tudo acontece sob a influência da natureza que, intencionalmente, funciona dessa maneira. Assim como temos que subir acima do ego interior que cresce em nós, também temos que superar o crescente ego externo.

Pergunta: Será que isso significa que devemos educar essas pessoas, lidar com elas e não expulsá-las?

Resposta: Não lidar com elas, amá-las! Honrá-las por nos ajudar a avançar.

De KabTV “Conversas com Michael Laitman,” 03/10/12

Onde Estão Localizados Nossos Desejos E Pensamentos?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Onde está localizado o desejo de uma pessoa: no corpo, fora dele, no ar, ou ao lado da pessoa?

Resposta: Não há nenhum desejo no corpo. Nós podemos substituir cada órgão no corpo de uma pessoa, fazer quantos transplantes quisermos, mas não causaremos qualquer impacto no ser humano neste corpo.

Quando há meio século o Professor Barnard fez o primeiro transplante de coração na África do Sul, todo mundo se preocupou: “O que vai acontecer com o paciente? O que ele vai sentir depois?”. Absolutamente nada! O coração é simplesmente um mecanismo que bombeia o sangue, nada mais do que isso.

Mesmo se fizermos um transplante de cérebro, nada vai mudar. Nosso cérebro não é uma unidade pensante; ele não cria pensamentos. É apenas um condutor que nos conecta com o campo universal da razão. Nossos desejos também existem no mesmo campo, e não em nossos corpos. Nosso corpo aparentemente existe nesse campo e apenas o percebe. Uma pequena indução trazida até nós é, na verdade, a vida que sentimos.

Pergunta: Em outras palavras, na razão integral, quando a pessoa entra no campo geral do amor, ela começa a usar seu condutor de forma plena e, portanto, desenvolve-o ainda mais?

Resposta: Sim, mas não será o mesmo cérebro que temos atualmente!

Nós só temos uma ferramenta semelhante a uma bobina de indução, que capta o campo exterior e desencadeia certas correntes nele. E o que sentimos é essas correntes, aquelas que somos capazes de reconhecer, controlar e estar cientes. Na realidade, porém, o campo que nos rodeia é tremendamente poderoso e intenso.

Pergunta: Ao intensificar a nossa “bobina” 100%, podemos expandir a nossa consciência?

Resposta: Ela só se expande quando nos conectamos com os outros. Portanto, se quisermos “acionar” a nós mesmos e nos transformar num “solenoide” confiável, temos que penetrar e adquirir os desejos de outras pessoas, para contemplar e sentir como podemos nos aproximar dos outros e ajudá-los a se aproximar uns dos outros.

De KabTV “Conversas com Michael Laitman,” 03/10/12

O Adaptador Das Relações Familiares

Dr. Michael LaitmanPergunta: A primeira condição para se estabelecer uma conexão num casamento é a capacidade de sentir o outro. Como podemos desenvolver a capacidade de sentir o outro e seus desejos como meus?

Resposta: Se eu quero amor e uma atitude positiva entre duas pessoas para cobrir todos os nossos pecados mútuos, todas as más qualidades, eu preciso descobrir o que meu parceiro gosta, o que ele quer, e o que ele espera de mim.

Primeiro eu tenho que descobrir em mim a necessidade de doar ao outro. Então eu tenho que responder à pergunta: O que eu posso dar a ele, como posso fazê-lo feliz? Esta nova necessidade me obriga a verificar o que ele quer e o que ele espera.

Nós temos que discutir isso para que cada um seja capaz de se expressar livremente e revelar seus sentimentos a seu parceiro, seus desejos mais secretos e como cada um quer receber sinais de amor do seu parceiro. Cada um deve ajudar o outro a compreender a si mesmo para sentir e começar a viver no outro. Eles têm que sentir os desejos do outro como seus, como se as satisfações que eles fornecem a esses desejos estivessem em si mesmos.

O amor chama-se unidade, e é alcançado pela incorporação no outro. Eu subo acima dos meus desejos e aparentemente restrinjo-os, e não os utilizo para meu próprio prazer. Agora, em vez dos meus próprios desejos eu quero absorver os desejos do meu parceiro: O que ele quer, o que ele ama?

Eu quero sentir os desejos do outro dentro de mim, para que eles preencham o lugar onde meus próprios desejos estão. Isso significa que eu coloco os desejos do outro acima dos meus e suprimo os meus. Agora eu trabalho e invisto todas as minhas forças para que os desejos do outro se tornem parte de mim e comecem a viver em mim. Por isso, eu quero construir a sua imagem dentro de mim.

Eu calculo como eu posso doar a ele. Eu faço esses cálculos internamente, trabalhando com a imagem que foi criada dentro de mim, com todas as suas necessidades, desejos, anseios e esperanças. Tendo construído esta imagem em mim e trabalhado nela, agora eu sei como tratar o outro.

Nós fazemos todo esse trabalho mutuamente, discutindo coisas. Nós ajudamos um ao outro a perceber a imagem do outro, como se diz: “Cada um deve ajudar o seu amigo”. Assim, a pessoa começa a subir acima de sua própria natureza para a natureza do outro. Isso é chamado de “ajudar contrária”, já que ajudamos um ao outro a construir essas imagens dentro de nós: eu construo a imagem de minha esposa dentro de mim e ela constrói a imagem de seu marido. Agora, cada um inclui duas imagens dentro de si: a sua própria e a de seu parceiro.

Estas imagens constantemente mudam e se tornam mais claras, refletindo cada vez mais seus próprios atributos. Por fim chegamos a um estado em que sabemos como nos relacionar com o outro. Eu me conecto a ela através de sua imagem que está em mim e ela se conecta a mim através da minha imagem que está nela. Assim, nós alcançamos a conexão.

Os objetos espirituais (Partzufim) são dispostos de acordo com o mesmo princípio. Antes do Partzuf Galgata gerar o Partzuf AB, ele cria o Partzuf AB dentro dele. Se o Partzuf AB quer se conectar a Galgalta, ele faz isso através do Partzuf AB interno que está em Galgalta.

Isto significa que cada Partzuf tem que construir internamente algum tipo de adaptador, a fim se conectar ao outro Partzuf. Este adaptador reflete com precisão o Partzuf externo ao qual ele se conecta, mas é só no anterior. Em uma mãe há naturalmente a imagem da criança e assim ela entende intuitivamente como tratá-la.

Em termos fisiológicos, o útero é um adaptador que usa todas as reservas do corpo fornecendo tudo o que embrião precisa. Após o nascimento, há a fase de assistência e os cuidados externos com o bebê, mas isso é sempre realizado pela imagem da criança que está na mãe.

Diz-se que o homem foi criado “à imagem de Deus”, o que significa de acordo com o modelo especial da (imagem) superior que o pai e a mãe espirituais (o Partzuf Aba ve Ima) dão ao inferior. De acordo com a mesma equivalência de forma, é também possível conectar um ao outro; de outro modo não haverá nenhuma conexão.

É o mesmo em tecnologia: nós sempre temos que construir um adaptador, de modo que dois corpos diferentes se comuniquem. Numa parte deve haver uma saída que se adapta à entrada na outra parte. Se a entrada e a saída coincidem, os corpos podem se conectar.

Se entendermos como isso funciona e soubermos como estabelecer tal adaptador, sem dúvida alcançaremos a correta conexão mútua. Portanto, nós devemos constantemente continuar este trabalho, a fim de melhorar estes sistemas.

Da “Discussão sobre a Nova Vida”, 16/07/12