Um Novo Ano, Um Novo Começo

Dr. Michael LaitmanDiferente do nosso mundo corpóreo, não há tempo, espaço e movimento no mundo espiritual, mas apenas subidas e descidas nos atributos de recepção ou doação. Esta é a escala que movemos ao longo de todo o tempo. Nossos estados são medidos apenas em relação aos “mundos” espirituais, os Partzufim e Sefirot que continuam de cima para baixo através de 125 níveis.

Exceto por nossas subidas e descidas, há também o movimento dos próprios níveis que podem se mover junto conosco. Se eu estou em certo mundo, por exemplo, em certa percepção da realidade e, de repente, este é “atualizado”, eu sinto que ele se torna mais claro, que ele é mais esclarecedor; eu recebo maiores poderes, entendimentos e discernimentos. Tudo isso não é considerado como obra minha, mas uma espécie de “exercício” que sou submetido a fim de me mostrar algo.

É como uma criança pequena que está sendo carregada e, de repente, sente que é grande: novos horizontes se abrem diante dela; ela pode alcançar as coisas que não podia antes. Então, ela começa a se dirigir àquele que a leva para onde ela quer ser levada e quais portas abrir. Comportamentos semelhantes vêm de Cima e são revelados em nosso mundo. Portanto, há diferentes subidas:

  • Nós subimos a escada por nossos esforços
  • Ou a própria escada se move para cima e para baixo.

Esses movimentos são representados para nós como momentos ou estados especiais. De um modo geral, cada estado é especial e nunca se repete; não há um momento que seja semelhante ao seguinte. Nós devemos dizer que não é por acaso que as pessoas dividiam o tempo do jeito que está. Claramente, os dias e as noites correspondem ao relógio solar e o mês é determinado pelo calendário lunar. Mas, como as pessoas decidiam sobre a divisão do dia em 12 horas diurnas e 12 horas noturnas? A sabedoria da Cabalá explica este ciclo de 24 horas divididas em minutos e segundos como o resultado das relações mútuas entre Zeir Anpin e Malchut.

No conjunto, trata-se de uma multiplicidade de diferentes influências sobre a criatura, o que significa sobre Malchut, de Cima. É deste lugar que as ideias de ano seguinte e Yovel (Jubileu, o 50º ano) vêm. Assim, há estados especiais chamados “tempos” ou “feriados”. Eles não estão conectados a fenômenos no nível inanimado, mas são controlados por um programa especial. A questão é que há raízes especiais que devem ser reveladas e realizadas especificamente em nós e não apenas no mundo ou por alguns costumes. Estes estados “se iluminam” para nós, preparando-nos para que, no futuro, nós realmente os recebamos e cumpramos.

Hoje nós recebemos fracas iluminações deles, mas na verdade esses são os níveis. No mundo espiritual a pessoa sobe os níveis de “Domingo”, “Segunda-feira”, “Terça-feira”, “Quarta-feira”, “Quinta-feira”, “Sexta-feira”, e “Sábado”. Ela deve sentir esses estados sequencialmente, um após o outro. Um dia espiritual pode durar alguns segundos ou várias semanas. Não faz diferença, já que o tempo corporal não tem nada a ver com o tempo espiritual.

Assim, os “feriados” são estados, “exemplos”, níveis em que a pessoa se eleva. Como um todo, eles estão na subida e são preenchidos por um despertar de Cima, por iluminação que acrescenta algo à pessoa que tem uma percepção espiritual. Tais adições são chamadas de “Rosh Hashanah” (o ano novo), “Yom Kippur”, etc.

Para cada subida recebida de Cima, é necessário que a criatura siga um tipo especial de trabalho. Isso porque ela quer usar essa subida para se corrigir e realizar a fartura adicional que chegou a ela, num novo nível. É o mesmo no Sábado, quando um despertar de Cima requer um trabalho especial de nós. Não é um tempo de descanso, mas sim um dia muito ocupado em que há mais orações e outros costumes. Quando o Superior convida a criatura a subir a um nível superior, o trabalho durante a subida obriga o inferior a executar muitas ações.

O primeiro feriado é Rosh Hashanah, que simboliza um novo começo. Eu quero ser um “ser humano” (Adam) para me assemelhar ao Criador. Esta é a razão para o processo espiritual que eu quero passar. Assim, Rosh Hashanah é chamado de dia da criação do homem; este é o dia em que o homem foi criado.

Na corporalidade isso também é refletido de uma maneira especial: há 5753 anos vivia um homem chamado Adão e nesse dia ele descobriu a espiritualidade; ele descobriu o Criador. Pela primeira vez na história uma criatura de duas pernas descobriu que existe um mundo espiritual e a força superior. Ele foi o primeiro a se assemelhar ao Criador e nós o chamamos de “primeiro homem”.

No artigo “O Ensino da Cabalá e sua Essência”, o Baal HaSulam diz, Adam HaRishon foi o primeira a receber uma sequência de conhecimento suficiente para entender e maximizar com sucesso tudo o que viu e alcançou com os olhos. Esta compreensão é chamada de “sabedoria da verdade”.

Desde aquele dia, quando o homem identificou-se pela primeira vez com o Criador e realizou o seu nome, o qual foi dado a ele “por acaso” por seus pais, nós contamos nossos anos. Isto significa que mesmo o nosso calendário é inicialmente baseado na revelação do Criador à criatura.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 14/09/12,  Costumes de Rosh Hashanah