Aprender A Ler O Criador De Acordo Com As Letras



Dr. Michael Laitman

A Luz, o atributo de doação, gera a escuridão, o vaso, o desejo, o atributo de recepção. Depois, a Luz o desenvolve em quatro níveis (fases, estados) sucessivos, até que o desejo decide sentir que existe e finalmente entende o que a Luz (o Criador) espera dele.

  

A Luz quer se conectar com ele para alcançar a plena adesão, chamada de mundo do Infinito, mas o desejo de desfrutar não pode suportar este estado porque sente sua oposição à Luz, sua total incapacidade de fusão com a Luz. Depois que o ser criado se desenvolve e conhece os atributos da Luz, então, através desta oposição, ele conhece a si mesmo e vê que é totalmente oposto à Luz em seus atributos. O Criador quer adesão e amor, e essa relação com o Criador é chamada de mundo do Infinito.

  

É como um homem rico que convida o seu amigo pobre para sua casa, lhe dá toda a sua riqueza e pergunta: “O que mais você quer?”. O pobre homem responde: “Eu quero ganhar toda essa riqueza por mim mesmo”, mas o homem rico não pode lhe dar isso.

 

Em seguida, o Criador ajuda o ser criado a satisfazer seu desejo, tornar-se independente e retribuir ao Criador com uma atitude semelhante de sua sua parte através de seu próprio livre-arbítrio. Portanto, Ele leva o ser criado para baixo do primeiro estado do mundo Infinito, para o estado mais baixo em nosso mundo, para que ele esteja em um estado onde tudo depende dele.

 

Agora, o ser criado tem a chance de corrigir esse estado por si mesmo e levá-lo à perfeição por meio do retorno ao primeiro estado, ao mundo do Infinito, à adesão criada pelo Criador. Assim, o ser criado se torna perfeito e atinge a adesão plena com o Criador.

 

O Criador quer facilitar o trabalho do ser criado e divide a influência da Luz sobre o vaso em fases separadas, chamadas “22 letras”, para que o ser criado seja capaz de realizar esse trabalho com respeito à Luz. O ser criado começa seu trabalho desde baixo, como que na direção oposta, em doação ao Criador e construindo a intenção “para doar”, mas ela é dividida nessas fases, nas 22 letras do trabalho. O ser criado constroi suas dez Sefirot da Luz de Retorno, sua atitude para com o Criador, com base em tudo o que o ser criado aprende das dez Sefirot da Luz Direta.

 

O Criador criou o ser criado como “algo partir do nada”, mas o ser criado não deve iniciar nem mesmo neste estado, mas abaixo desse nível, e subir a partir dos mundos, das Klipot (cascas), que são opostas ao Criador. O Criador trabalha na faixa de zero a mais Infinito, enquanto que o ser criado deve começar do menos (negativo) e avançar em direção ao mais (positivo). Cada vez, ele descobre e corrige um menos maior, enquanto adapta seu vaso à Luz na transição de menos Infinito para mais Infinito.

 

Acontece que tudo que o ser criado recebe do Criador — força, desejos, vasos (“as letras do trabalho”), todos os níveis da escada que já foram criados com antecedência e não fazem parte da conta do ser criado — tudo isso se torna agora parte de sua conta pessoal. No momento, tudo isso é considerado a ação do ser criado, não apenas algo que é feito de antemão pelo Criador.

 

Afinal, ele é aquele que alcança a sabedoria de como realizar todas essas ações e como usar corretamente o seu material. Ele descobre por si mesmo que a força de recepção é ativa nele, não a força da doação, e torna-se equivalente em forma com o Criador em todas as Suas ações. Para isso, o ser criado deve iniciar desde a quebra, para que ele possa obter todas as “letras do trabalho” por si mesmo nos atributos opostos.

 

Isso é chamado de “discurso”, “fôlego”, as ações que o desejo de desfrutar executa com o Masach (tela) e a Luz de Retorno. Como resultado, o Criador aparentemente quebra e os justos reconstroem e corrigem. Assim, graças à força do discurso, o ser criado atinge uma equivalência de forma com o Criador e uma conexão “boca a boca”.

 

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 07/08/12, Escritos do Baal HaSulam