Casado, Mas Livre Com Um Passáro!

Pergunta: Se eu considerasse a minha companheira como um espelho onde poderia ver os seus defeitos, então isso continuaria a trazer-me de volta a mim próprio. Assim, em vez de desenvolver uma ligação com a minha companheira, então este exercício concentrar-se-á apenas em mim?

Resposta: Em vez de me esconder na minha casca, eu preciso sobrepor-me a tudo isso. Comecemos tudo desde o início, desde o ponto zero. Eu olho a minha esposa e vejo um número de defeitos. Agora eu começo a aplicar todos esses defeitos a mim próprio porque está escrito: “ Toda a pessoa julga na extensão da sua própria corrupção.”

Por esta razão, eu volto de novo a mim e digo que todas essas falhas estão em mim. Se eu fosse perfeito, eu não veria nada disto. Se eu amasse a minha esposa, eu não veria defeitos nela. É como uma mãe em relação ao seu filho em que não consegue ver nada de ruim nele. Isto é a forma natural de como o amor maternal funciona, cegando-a. E mesmo quando a mãe se apercebe de certas falhas no seu filho, ela o ama, e o considera lindo.

Por outras palavras, inicialmente, eu começo a compreender que todas as falhas que eu vejo na minha esposa estão em mim e a razão pela qual eu as vejo, deve-se a minha falta de amor por ela. É por isto que eu tenho que evoluir ao nível onde eu deixo de ver defeitos nela, como a mãe pelo seu filho querido. A isto chama-se subir acima do egoísmo.

Com a ajuda da minha esposa, eu realizei algumas medidas em mim e eu evoluí o nível onde me encontro, e na medida em que necessito para subir acima de mim mesmo. Acontece que eu tenho uma companheira que me ajuda a subir acima da minha própria natureza. Imagine o tesouro que eu tenho no meu lar, isto é um verdadeiro tesouro!

Por agora eu só tenho subido acima do meu ego, usando a minha companheira como um espelho. Agora estou a seguir em frente: eu subi acima de mim mesmo e já não trabalho com os meus desejos e qualidades. Neste estado neutro, eu tento sentir, examinar, e compreender desejos, qualidades, aspirações e as metas de outra pessoa, por exemplo, a minha esposa. Eu tento aceitá-las como algo que é o mais importante para mim e viver para as concretizar.

Eu sinto que se mutuamente todos agissem dessa forma, de ambos os lados, então a nossa vida seria bela. O problema é que eu sou incapaz de permanecer nesse estado. É muito difícil e requer muito esforço. Eu sou capaz de o fazer por alguns minutos, mas depois eu largo-o e preciso de apoio. É simplesmente impossível manter-me constantemente nesse estado, essa horrível pressão.

É facílimo ser egoísta pensando em mim mesmo uma vez que a natureza nos fornece combustível para isso. Há um permanente motor egoísta, trabalhando incessantemente a girar em nós, trabalhando de manhã à noite, mesmo enquanto dormimos. E isto requer uma força enorme, um esforço desumano, do qual eu sou simplesmente incapaz. Então o que é que eu faço?

Esta é a forma de alcançar a próxima decisão. A primeira foi subir acima do meu egoísmo. A segunda é aceitar o egoísmo da minha companheira ao invés do meu. Então eu vejo que sou incapaz de manter nesse estado e necessito de ambiente e suporte. O ambiente serve como fonte de força e significância, que é essencialmente a mesma coisa. Por outras palavras, eu preciso de me fornecer com a sensação da incrível importância deste trabalho acima do meu egoísmo para benefício do próximo (vizinho). É capaz de me dar isso. Então eu vou-me sentir ainda mais livre quando cuido do meu vizinho, do que quando cuidava de mim mesmo. É como se nada houvesse com que me preocupar, isto é o tipo de liberdade e paz que eu sinto.

Em primeiro lugar, todos os meus problemas ou dificuldades desaparecem porque eu subi acima da minha natureza. Eu sinto-me como que a viver num mundo cheio de bondade. Eu só me preocupo com o próximo, livre de preocupações minhas, como um pássaro voando no céu. Esta é a maneira como eu me sinto, se os outros me dão a energia, importância e aspiração.

Da série “Uma Nova Vida” 12/07/12