Transformando O Medo Em Progresso

Dr. Michael LaitmanPergunta: Quando eu sinto fome, por exemplo, eu tenho que me encher. O que eu posso fazer se tenho medo de não ser capaz de fazer isso, se sinto a falta de preenchimento?

Resposta: O medo de estar com fome, de ficar doente ou velho e o medo da morte representam o medo da derrota do ego. O medo da falta de preenchimento, da falta de satisfação, já está num nível mais elevado, mas ainda é um medo egoísta. Porém, será que podemos lutar contra isso; por que nos foi dado isso?

É impossível fugir dos medos, desde o medo mais primitivo da morte até os outros medos que se transformam em terror. Eles foram dados a nós para que, fugindo deles, como não temos outra escolha e vendo que não há para onde correr e que não podemos compensar a nós mesmos, de repente descobrimos: “Se eu subir acima deles, se eu viver num sistema de doação e amor, fora de mim, eu não vou temer nada.

Pode ser que, se eu sair de mim mesmo, ou seja, dos meus desejos e pensamentos, serei capaz de imaginar que não existo, pois não tenho desejos ou pensamento sobre mim mesmo. O que eu tenho? Eu tenho pensamentos sobre os outros, sobre tudo que não seja eu. Portanto, isso provavelmente é uma boa coisa. Com isso eu não sofro com nada. Mas se eu não sofrer, eu não sinto nada. Assim, pode muito bem ser que ao me livrar de mim mesmo, dos meus medos, eu estarei cheio de sofrimento dos outros e viverei nestes medos. Assim eu vou ter a sensação e serei capaz de preenchê-los.

Isto significa que todos estes pensamentos são essenciais para empurrar a pessoa para frente. Ela não deve se livrar deles, não deve evitá-los; pelo contrário, tentar apenas apontá-los corretamente.

Nós somos constantemente geridos pelo medo (temor) até o fim da correção (Gmar Tikkun): ou o medo de nós mesmos ou o medo dos outros, o qual depende de quão distante as pessoas que temo e me preocupo estão de mim; é assim que a altura da pessoa é medida.

Em que sentido? Se nós dizemos que tudo está conectado num sistema único, então eu penso naqueles que estão mais próximos de mim, já que dependo deles, e penso naqueles que estão distantes de mim não porque dependo deles, mas porque simplesmente penso no sistema e talvez no Criador, visto que já posso agir Nele através deste sistema. Eu posso levar o sistema a um estado onde ele pode ser revelado e, portanto, causar-Lhe prazer, etc. Isso significa que eu me torno um parceiro ativo compartilhando Sua obra no mundo.

Há sempre preocupações, sofrimentos e medos, e isso é bom. Por sua intensidade, eu meço o meu grau, minha ascensão espiritual: o quanto eu transforma o medo em avanço.

Ao mesmo tempo, não pensem que quando vocês estão avançando espiritualmente os seus medos mudam drasticamente. Vocês podem receber temores mundanos mais simples, embora possam estar num nível espiritual elevado.

Tudo isso vai continuar até o término da correção. De que outra forma a pessoa pode ser empurrada para frente se não pelo medo? O medo é um sentimento de um desejo que não é completo.

Da “Conversa durante a Refeição em Toronto” 19/06/12