Setenta Raízes, Uma Verdade

Dr. Michael LaitmanPergunta: As nações do Oriente, os chineses por exemplo, afirmam que já sabem a verdade, mas na prática essa não é a verdade. O que podemos fazer sobre isso?

Resposta: Diz-se: “A sabedoria entre as nações – acredite”. A questão é que todas as culturas e religiões falam sobre o nosso mundo egoísta, tentando inseri-lo num método que nos ajudaria a evitar a dor em nossa vida, em nosso ego, e que daria uma resposta para os problemas atuais e até mesmo alguma esperança para a próxima vida, embora esta parte não se expresse tão fortemente na cultura chinesa. Mas as religiões e outras culturas desenvolveram métodos inteiros tomando a ideia da sabedoria da Cabalá.

De uma forma ou de outra, trata-se de um método egoísta, sobre como nós existimos nele, na esperança de uma vida melhor neste e no outro mundo. Tudo isso não tem nada a ver com mudar a natureza humana. Não existe um método que exija e defina seu objetivo como amar aos outros como a si mesmo. Por isso, a sabedoria da Cabalá difere de todos os outros métodos, e é o único método que fala sobre a mudança do homem pelo uso da força superior e explica como fazê-lo. Todos os outros meios estão fechados dentro do nosso ego e usá-los é como puxar-se pelos cabelos para fora do pântano.

Além disso, cada método é adequado para as pessoas para as quais foi criado. Acho que é impossível compreender Confúcio se você não é chinês. Seus ensinamentos são muito profundos, mas outros países o veem como superficial, porque não é adequado para a sua natureza e caráter.

Não é por acaso que há setenta raízes para setenta nações. Cada nação tem sua própria raiz espiritual, que em nosso mundo gera a sua réplica. Este é o lugar onde se originam todas as diferenças, incluindo as diferenças culturais. Suponha que a ópera seja para os italianos e você não pode pensar no espanhol sem pensar em touradas. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de filosofia. É impossível entender Dante separado da sua cultura e seu tempo.

Nós só fingimos que entendemos obras-primas do passado. Será que eu posso realmente aprender filosofia japonesa se não sou japonês? Eu simplesmente não serei capaz de senti-la e penetrá-la. Eu só posso estudar o material e perceber as letras áridas, mas não o espírito.

Eu não vou entender Confúcio porque internamente não sou construído como ele. Eu também não serei capaz de compreender os índios americanos nativos. Eu posso visitá-los e imitar a exterioridade, mas não vou ser capaz de conectar seus estudos com a minha alma.

Na melhor das hipóteses, eu posso sentir outra nação, mas não fazer parte de sua raiz. Portanto, nosso mundo está cheio de lixo: nós nos castrados e nos privamos da satisfação interior das culturas ricas e das profundas percepções filosóficas, deixando apenas a externalidade.

As setenta raízes são mantidas até o Gmar Tikkun (o fim da correção) e só então é que desaparecem na Keter geral. Assim, não pode haver qualquer penetração mútua, exceto para doutorados áridos. Não há um pingo de verdade neles.

Além disso, os chineses modernos olham para Confúcio à distância e também não o compreendem em profundidade. Mas eles ainda podem se juntar a ele e, de alguma forma, se conectar a sua raiz, e ninguém mais pode fazer isso.

Nós temos que nos conectar no amor mútuo acima de todas as nossas raízes, sem confundi-las. A fonte das setenta raízes é Zeir Anpin, mas mesmo lá elas não se misturam, mas sim se conectam pela Masach (tela). Em geral, na espiritualidade todas as diferenças são mantidas e até mesmo crescem à medida que sobem, já que nossos atributos tornam-se mais poderosos. No início nós estamos pertos e quase não diferimos uns dos outros, mas mais tarde, os níveis espirituais dividem-se como um cone, uma vez que “quem é maior do que seu amigo, seu desejo é maior”. Nós nos conectamos mutuamente acima disso, acima de todos os detalhes que percebemos.

Você está perguntando “como?”. Quando eu coloco o seu desejo acima do meu e coloco meu desejo acima do seu, eu começo a penetrar os ensinamentos de Confúcio, e vocês os ensinamentos de Moisés. Mas, para isso, nós precisamos de uma Masach, e primeiro precisamos trabalhar juntos

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 17/07/12, O Estudo das Dez Sefirot