O Único Presente Do Criador

Dr. Michael LaitmanComentário: Nós sabemos que só podemos receber prazer do Criador se isso for importante para nós. Acontece que mesmo se houver uma parede na minha frente, tudo depende de como isso é importante para mim.

Resposta: Tanto o Rabash quanto o Baal HaSulam dão o exemplo da noiva que está satisfeita se alguém que ela considera importante concorda em se casar com ela. Por isso, é como se ele a “comprasse”. Mas ele não paga nada, ele não lhe deu nada; então, por que ela está satisfeita com isso? Porque ele é importante para ela.

O que o nosso desejo recebe do Criador? Nada. Mas Ele é grande, e nós estamos prontos para o “casamento”; nós concordamos em aderir a Ele com coração e alma, em adesão infinita e absoluta. O Criador “compra” você só com a Sua importância. É a única coisa que você adquire à medida que se desenvolve, e é isso que o preenche.

O nosso desejo – que cresceu graças à Luz, que recebeu a doação do Criador – o que ele quer desfrutar? Na verdade, ele quer desfrutar a grandeza e nada mais. Não podemos desfrutar o prazer em si; isso só acontece em nosso mundo com prazeres imaginários que vêm do Criador, a ponto de algo proveniente do nada. Os prazeres deste mundo só estão disponíveis para nos sustentar até começarmos a compreender a grandeza do Criador. Todos os níveis espirituais são o reconhecimento de Sua grandeza, e com Sua ajuda você desfruta se quer doar a Ele.

Por outro lado, a inclinação ao mal, o Faraó, é a tentativa de desfrutar diretamente, mas, novamente, só a grandeza do Criador. Isso é chamado de prazer espiritual.

Parece que a grandeza é necessária somente para superarmos o nosso ego e que depois seremos capazes de desfrutar a fim de doar, mas isso não é assim; todo o nosso trabalho reside em aumentar a grandeza do Criador aos nossos olhos. Com isso nós desenvolvemos novos desejos, e a ênfase muda de receber diretamente prazeres egoístas para receber prazer de Sua grandeza; assim, ao menos nós chegamos às Klipot (cascas), e isso não é nada simples.

A grandeza do Criador nos atinge, e é muito difícil sair deste cativeiro. Afinal, toda a criação é a essência dos degraus da escada. Quando alguém de um nível superior brilha sobre mim um pouco de sua grandeza, eu me rendo, eu me torno viciado na raiz e desde então ele é meu “chefe”, o “rei”.

Mas eu quero agir de forma diferente, consciente e inteligentemente. Eu quero resistir à vantagem que o superior tem sobre mim; eu não quero ser subornado por Sua importância e poder.

Isto significa que não se trata de receber Dele; nós estamos lutando com o nível de importância. Eu não quero trabalhar só para o benefício do superior simplesmente porque Ele é grande. Por que eu simplesmente me anulo naturalmente.

Pergunta: Isso significa que todos os livros de Cabalá e todas as idades de desenvolvimento foram dedicados a uma única coisa, para o reconhecimento independente da Sua importância?

Resposta: É isso mesmo, e não é por acaso que o mundo moderno está tão confuso e que ninguém entende o que está acontecendo. Afinal, tudo gira em torno de um ponto de adesão.

Pergunta: Mas, ainda assim, não há nada mais importante neste mundo. Eu não estou tentando elevar a importância de algo artificialmente. Estão todos os mundos e todos os níveis destinados apenas a isso?

Resposta: Eles foram criados como resultado da Luz que preencheu o desejo e deu-lhe diferentes formas. Com o que o Criador nos preenche? Que prazer Ele ganha por ter criado a criatura de modo que ela só desejará isso? Além disso, será que o Criador tem somente a força de doação? Não. Ele criou mecanismos de percepção nas criaturas, níveis especificamente para esta força de doação; nós nos desenvolvemos apenas de acordo com esta importância.

Onde estão os prazeres que Ele preparou para mim? Onde estão as bebidas que o anfitrião preparou de acordo com o famoso exemplo?

Não há sequer um pingo de prazer do jeito que você imagina. Não há refrescos, embora pareça assim: é apenas uma ilusão. Em nosso mundo você se contenta com um falso prazer, você engole iguarias, mas não está preenchido. Portanto, livre-se das ilusões e comece a discernir os níveis da grandeza do Doador. Daí você vai começar a calcular as coisas dentro dos limites da sua percepção.

Agora nós podemos entender o que aconteceu na primeira restrição. Malchut começou a se restringir quando descobriu que recebia com respeito ao Doador; ela descobriu a diferença entre o receptor e o Doador, e não entre a fome e as deliciosas bebidas. É a grandeza do Doador que me puxa para fora de mim. Eu não calculo este “prazer”, mas sim o prazer do Doador. Quando eu descubro a doação por parte Dele e a recepção da minha parte, sou preenchido pela vergonha, mas não por causa das bebidas que gosto, mas vergonha quando vejo a Sua grandeza em comparação com a minha baixeza.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 17/07/12, “Introdução ao Livro do Zohar