O Dano Nos Exemplos Negativos

Dr. Michael LaitmanPergunta: Ao discutir a educação infantil dois a três anos atrás, eu trouxe um livro de GB Oster, Bad Advice (Maus Conselhos – tradução livre). Neste livro, o autor ensina coisas boas através de um paradoxo, de uma maneira deformada, como bater na avó, tomar o doce, e assim por diante. Porque este método é considerado errado a partir da perspectiva da integração?

Resposta: Porque as pessoas que ouvem e absorvem a informação negativa, descrevem as imagens em seu interior contra a sua vontade. Fragmentos negativos permanecem nelas, que mais tarde lhes permitem agir. Não importa que neste momento a pessoa não concorde com esse fragmento ou essa imagem, essa ação permanece registrada nela. Eu acho que este não é o caminho para o trabalho.

É muito difícil para uma pessoa trabalhar a partir de um exemplo negativo. Isto requer uma análise especial, a força para subir, superar e reconhecer o mal, para trazer a bondade em oposição ao mal, para entender o que precisa ser feito para superar o mal e construir uma boa atitude, oposta ao mal; em outras palavras, para invertê-lo completamente na direção oposta. Isso requer um grande esforço e mente. Uma pessoa normal não pode simplesmente fazê-lo.

Deixe-a tentar fazer algo positivo em vez de fazer algo negativo, e não apenas em cores, mas em expressões e poses. Deixe-a “transferir” não apenas um sorriso ou uma expressão má de uma imagem a outra, mas poses, movimento, correspondência entre os corpos, etc.

A pessoa não compreende quão abrangente é a diferença entre o positivo e o negativo. Naturalmente, quando lhe é mostrado um cenário negativo, ela o rejeita, porque não gosta totalmente dele. Mas ele fica armazenado, registrado em algum lugar nela, e a pessoa ainda vai usá-lo! A pessoa não pode aprender boas ações através de exemplos negativos.

Comentário: Há autores na sociedade russa, como Mikhail Zhvanetsky, aos quais as pessoas ouvem; eles são considerados muito sábios. Zhvanetsky baseia suas obras em exemplos negativos. Ele toma uma determinada situação negativa, e, a cada vez, ele encontra uma solução engraçada, uma maneira de sair dela.

Resposta: Com todo o respeito, eu não acho que Zhvanetsy e outros “filósofos” como ele criam uma revolução na sociedade. Ele traz à tona as falhas da sociedade, mostra-as ao povo, e eles gostam.
Isto se assemelha ao desenho animado, onde um lobo que não está com fome come um coelho e, em seguida, senta-se e palita os dentes. Você explica sua ação ruim para ele, e ele concorda, “Sim, realmente…”.

O público senta e escuta os seus defeitos, mas não há resultado. Mesmo que haja certa necessidade disso e uma demanda social, isso não é educação.

Comentário: Toda a cultura “underground” de intelectuais russos, por exemplo, os escritos de Igor Guberman baseiam-se na comparação do bem e do mal.

Resposta: Entre nós, esta é uma abordagem puramente judaica. Raykin e todos os outros também têm isso. É assim que os judeus se preservaram. Eles riam de si mesmos. Desta forma, eles se defenderam, transformando tudo o que era negativo em positivo, numa piada. Eles tornavam a situação melhor com as emoções positivas, a fim de sobreviver a tudo.

Eu não vejo essa mesma abordagem bem-humorada entre outras nações. Isto é consequência do exílio e sofrimento. Esta filosofia pertence à pessoas exiladas, degradadas, que foram atingidas no rosto e estão tentando transformar isso numa piada, porque caso contrário a situação seria muito dolorosa para elas. Em outras palavras, essa filosofia não leva a uma mudança na sociedade.

Da “Discussão sobre Formação Integral” 28/05/12