A Ciência Do Nascimento Para A Luz

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam , Carta nº 13: Isto veio até vocês devido à sua negligência com minha solicitação em se esforçar no amor de amigos, pois eu lhes expliquei de todas as maneiras possíveis que este remédio é suficiente para compensar cada uma de suas deficiências. E se vocês não podem subir ao céu, eu lhes dei caminhos na terra. Por que vocês não se inseriram neste trabalho, afinal?”.

Nós somos aqueles que descrevem a imagem deste mundo em nossas qualidades. Na verdade, nós distinguimos dois tipos de impacto que o nosso desejo de receber sente:

  • bom e confortável
  • mau e perigoso

A nossa “matéria” é o desejo de receber, que se divide em cinco (5) níveis: zero a quatro. Em todos esses níveis, temos múltiplas qualidades que, em geral, podem ser reduzidas a como receber prazer.

A nossa percepção da realidade nos permite diferenciar os limites da Luz do Infinito, que pode nos trazer prazer ou prejudicar. Tudo o que fazemos é retratá-los em nossa percepção; toda a imagem da nossa realidade é tecida deles.

Esta imagem é muito pequena e limitada; os Cabalistas têm nos falado sobre este fato há milhares de anos. Ultimamente, também estudiosos constataram que nós captamos apenas uma fração da realidade.

Existe uma maneira de observar a verdadeira realidade, diferente dessa em que nascemos, vivemos e morremos, onde nos sentimos insignificantes, infelizes e incompletos?

Os Cabalistas dizem que só podemos perceber a verdadeira realidade e sentir a Luz do Infinito em que estamos constantemente habitando com uma condição: se conseguirmos ampliar nossas ferramentas de percepção.

É por isso que a ciência que estudamos é chamada de “sabedoria da recepção”. Com a ajuda deste método, nós conseguimos ampliar nossos sentidos além dos atuais cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato) e damos um passo acima para a obtenção de cinco sentidos adicionais.

Para fazer isso, nós temos que mudar nosso desejo de receber, de modo a não perceber somente o que é importante para nós num sentido positivo ou negativo, mas também perceber as coisas que estão fora do nosso desejo, considerando-as numa forma positiva ou negativa. Como nós fazemos isso?

Eu preciso me vestir em alguém, em alguém que seja externo a mim, para subir acima de minhas próprias sensações, tanto positivas quanto negativas, para a percepção do que é bom ou ruim para o outro. Se eu conseguir captar as sensações da outra pessoa, pelo menos a sua percepção, eu saio de mim e começo a identificar o mundo como ele realmente é, numa medida inicial e pequena. Então, a pessoa pode continuar trabalhando em expandir minhas saídas de mim mesmo, uma e outra vez, até eu começar a sentir a realidade completamente independente de mim. Isso é chamado de “percepção além da razão, acima do desejo de receber”.

Até agora, nós estivemos por um bom no processo de desenvolvimento desta qualidade. A matéria da qual o desejo é construído variou desde o nível inanimado até o vegetal, depois para o animal, e este tem sido o desenvolvimento da percepção pessoal dos desejos de receber. O desejo de receber continuou ampliando desde dentro sua capacidade de sentir diversos impactos externos, até que esgotou esta opção até o fim. Não há mais espaço para crescer nesta direção por mais tempo; por isso, o desejo de receber agora reconhece suas limitações.

Aqui está o que a geração de hoje está passando: nós não temos interesse na vida, somos indiferentes a um maior crescimento e ao que fazemos neste mundo. Nós não conseguimos como antes controlar a nós mesmos e o mundo à nossa volta. Nosso desejo egoísta se esgotou; nós concluímos essa fase da evolução.

No futuro, o nosso desejo de receber vai nos empurrar para o próximo estágio de desenvolvimento. Diz-se que através da criação da aflição e apuros, o Faraó forçou os filhos de Israel a sair do Egito. Da mesma forma que eles, nós também nos sentimos sem esperança na vida. O egoísmo que está nos governando, demonstra que é incapaz de nos satisfazer por mais tempo. Nós fazemos um esforço especial para encontrar razões para viver, buscar prazeres adicionais e subsistência; no entanto, todos eles levam a descidas ainda mais profundas. Quanto mais tentamos viver melhor, pior se tornam nossas vidas.

Mesmo aqueles que têm tudo não sentem qualquer alegria ou felicidade. Além disso, nossa vida material fica cada vez mais difícil. Nós certamente continuamos a cair.

Isso é exatamente o que deve estar acontecendo. Em algum momento, os filhos de Israel fugiram do Egito porque passaram por uma situação semelhante. Eles gostariam de ficar lá, mas foram atingidos por enormes golpes e sofrimentos que não deixaram outra escolha senão fugir.

Quando um Cabalista começa a sua correção, ele age como se ele se esforçasse para entrar num belo mundo espiritual cheio de luz, num futuro brilhante que abrirá todos os horizontes para ele. No entanto, em seu caminho, ele descobre uma imagem bem diferente: uma vida interna dura e intensos fardos que o pressionam imensamente. Esta pressão é causada pelo fato de que ele não está avançando da maneira habitual egoísta. Em vez disso, através de desespero e infelizes circunstâncias, ele deve passar por todas as fases do nascimento espiritual, ou seja, para sair do Egito, subir acima do seu egoísmo, sair de si mesmo e sentir como é estar fora de seu corpo; isto é, ele vive através da sensação dos desejos dos outros.

Neste mundo, o processo de nascimento é também acompanhado de dores de parto (Tzirim em hebraico), em outras palavras por problemas (Tzarot), sofrimentos de pressão. Em particular, esses sentimentos são dados àqueles que estudam a sabedoria da Cabalá para ajudá-los a avançar, empurrando-os para frente da mesma maneira que o útero de uma mãe pressiona o feto para que ele nasça.

No entanto, a sabedoria da Cabalá não está apenas nos falando sobre o nascimento de uma nova percepção e a aquisição da transição da absorção para libertação, da recepção para a doação. Esse não é um estudo teórico do processo, não se trata de uma filosofia. A Cabalá nos ajuda a perceber isso através de um processo de nascimento espiritual.

Afinal, como um feto no ventre da mãe, nós temos que nos sentir apertados, no escuro, com sufocamento e sensação de aperto, e a necessidade ajuda este processo por conta própria. É uma sensação muito desagradável. É por isso que nos é dada a sabedoria da Cabalá, para começarmos a perceber e reconhecer o processo, a fim de torna-lo mais fácil e rápido.

Graças a Cabalá nós sabemos o que esperar; nós percebemos que temos que sair de nossas sensações internas para o mundo exterior, a fim de evitar ver a realidade somente através das limitações dos nossos cinco sentidos. Nós devemos ver o mundo que está fora de nós, fora do útero. Nós temos que alcançar esse estado de alguma forma. Como?

Aqui, nós precisamos de um “obstetra”. Nós temos que nascer não como resultado de dolorosas contrações de parto que nos empurram por trás, mas sim devido à força externa que nos puxa para frente. Neste caso, o processo de nascimento será muito fácil, com as “águas”, com a qualidade da Misericórdia.

Para isso, precisamos do apoio externo, que deve ser fornecido pelo grupo, que provoca a força externa. Diz-se: “O homem deve ajudar o próximo”. O grupo pode nos levar deste mundo de escuridão para a luz brilhante; ele nos ajudará a elevar a nossa percepção da realidade para o próximo nível, para que ela não esteja mais limitada por cinco sentidos; pelo contrário, nós começamos a ver tudo ao nosso redor na Luz refletida, sem absorver qualquer coisa dentro de nós mesmos, mas sim nos virando para fora.

Assim, os termos “doação”, “amor” e “misericórdia”, falam da percepção da realidade numa qualidade diferente, em trocar os desejos pessoais pelo desejo do amigo. Se a pessoa consegue transferir a sua principal preocupação por si mesma para o seu grupo de amigos, é como se fosse retirada do útero, deste mundo, e fosse além deste mundo material para o mundo da exterioridade. Neste caso, nossos esforços desencadeiam a resposta da força superior, que nos ajuda a passar por isso e nascer.

Este é o primeiro passo que temos que percorrer; ele é extremamente difícil. Da mesma forma em nosso mundo, apesar de todos os esforços para facilitar o processo de nascimento, para torna-lo mais fácil e seguro, ele sempre parece ser um milagre semelhante ao “milagre da saída do Egito”. Nesta fase de desenvolvimento encontra-se algo novo e extraordinário, e ainda mais quando se trata do nascimento espiritual.

Da Convenção em Miami 23/06/12, Lição 1