O Maior Prazer

Dr. Michael LaitmanPergunta: Nos últimos anos, temos visto um fenômeno muito interessante em alguns países europeus: 60% das mulheres define o orgasmo fisiológico como um objetivo na relação sexual, o que significa que em geral elas realmente não importam com quem estão, desde que aprendem a experimentar este prazer. Isto leva ao fato de que os homens têm medo de se comportar de forma natural e de cooperar com as mulheres, e a taxa de divórcios aumentou drasticamente. A educação integral pode resolver este problema?

Resposta: A necessidade de sexo é uma das necessidades humanas básicas. Assim, na vida cotidiana, as pessoas são constantemente atraídas por isto. Esta necessidade é evocada nelas, ela as motiva, e  as pessoas avaliam as coisas que formam a base desta necessidade.

Em princípio, a necessidade de sexo é básica, não porque é “animal” e nos permite dar à luz e garante a existência de nossa espécie, mas porque nos permite entrar em contato um com o outro, o que nos leva a um estado único, porque este estado é tanto o nosso ponto de partida quanto o nosso ponto final; nós olhamos para sua forma final, e a vemos como o momento de maior prazer. Vou chamá-lo de prazer sexual, mas na verdade é a fusão de todas as pessoas juntas num único desejo e sua satisfação.

De acordo com a sabedoria da Cabalá, isto é chamado de acoplamento sexual superior. As diferentes religiões também falam sobre isso, e muitas coisas são baseadas nisto. Isso se refere à conexão máxima de todas as partes da criação que se complementam, de todas as partes que doam e recebem, chamadas de masculino e feminino.

Agora, a fase na qual nossas conexões anteriores, que eram relativamente pequenas, mecânicas e animais, e os desejos sexuais que nos proveram com certas atitudes de comunicação, conexão, família, e na qual as pessoas têm jogado uma com a outra ou utilizado uma a outra razoavelmente bem, está chegando ao fim. Isso não existe hoje, já que estamos nos movendo para um nível totalmente diferente de necessidade.

Por um lado, as pessoas estão perdendo a necessidade natural de sexo do jeito que costumava ser. Por outro lado, os desejos do nível seguinte são revelados, e não importa se eles são necessidades sexuais ou outras necessidades, como alimentos, necessidades diárias, e assim por diante. Novas necessidades do novo nível aparecem, e as pessoas não as entendem e não podem satisfazê-las. Elas pensam que irão conseguir se satisfazer usando os velhos métodos.

Isto vai continuar crescendo. Estes desejos sempre manifestarão numa forma cada vez mais exagerada.

Nós temos que explicar às pessoas que é a conexão com outros que irá ajudá-las a compreender que podem ser satisfeitas por tudo, incluindo os desejos que chamamos de “sexuais”. Pode muito bem ser que eles não assumam mais a forma de atos sexuais e não terão nada a ver com isso. O maior prazer para uma pessoa será sua conexão integral com os outros, e não importará se é um ato sexual. A ênfase será na adesão, enquanto nossas relações sexuais descerão gradualmente para o nível ordinário, animal, já que na verdade não são dignas de qualquer outra coisa. No entanto, o prazer, a satisfação, será sentido claramente na conexão entre nós, e isto será chamado de acoplamento de opostos.

Pergunta: Então, isso significa que diferentes desvios, não necessariamente desvios sexuais, mas também comer demais e uso excessivo de outros luxos, são resultado da incapacidade da pessoa de passar para o próximo nível de satisfação?

Resposta: Sim, ela tenta satisfazer o novo desejo usando meios antigos. É realmente impossível satisfazer esses desejos com os mesmos métodos antigos, mas apenas usando novos meios redondos. Esta é a crise.

Da “Discussão sobre Educação Integral” 23/05/12