O Fim Do Desenvolvimento Do Egoísmo

Dr. Michael LaitmanNós sempre fomos empurrados egoisticamente para frente pela Natureza; nós sempre a seguimos cegamente; em outras palavras, fomos instintivamente impulsionados por nosso desejo de nos satisfazer, e como ele continuou se manifestando em nós, nós aspiramos à riqueza, fama, poder, conhecimento: a tudo.

Como resultado, chegamos a certa saciedade, e o nosso egoísmo chegou a um beco sem saída; nós nem podemos dizer que ele continua crescendo. Por um lado, há certa linha de reavaliação dos nossos valores: “É correto continuar a lutar pela conquista de fama, conhecimento, riqueza e poder? Este é o significado do nosso desenvolvimento?”.

Por outro lado, vemos que a nossa dependência mútua obriga-nos a apresentar algumas outras fórmulas econômicas internacionais, que devem levar em consideração a nossa interdependência; em outras palavras, se eu vou sofrer, você também vai sofrer, não importa o quão egoísta isso possa parecer agora. Mesmo hoje, eu ainda tento construir a minha felicidade na opressão dos outros, baseio meu poder sendo mais forte do que outros, juntando mais.

No entanto, a própria Europa é um exemplo brilhante de como a dependência mútua determina os destinos de todos hoje, e é impossível desconectar apenas um país da UE, não importa o quanto se possa querer que isso aconteça. Talvez os economistas não percebam isso ainda. Não podemos nos desconectar do mundo inteiro.

Esta dependência existe dentro de Natureza, dentro das conexões internas entre nós. E a economia, que representa apenas nossas relações externas egoístas, não pode mais continuar descrevendo-as da mesma forma que fazia antes: o que eu dou a você, o que você dá para mim, uma porcentagem de uma porcentagem, etc. Indústria, comércio e relações internacionais já não podem continuar se desenvolvendo da mesma maneira.

Nós devemos levar em consideração a integração do mundo. E se não correspondermos a essa integração, não seremos capazes de compreender a forma como devemos avançar: de acordo com o mundo e a Natureza. Hoje nós sentimos o desafio da Natureza, a sua pressão sobre nós, com o único propósito de fazer-nos aos poucos começar a mudar para nos tornar como ela. Isso nunca aconteceu antes.

Se fôssemos olhar para ela de uma perspectiva ontológica, veríamos que a Natureza sempre nos empurrou para o desenvolvimento egoísta. Agora, pelo contrário, ela está nos mostrando que o desenvolvimento egoísta chegou ao fim; em outras palavras, nós completamos nosso desenvolvimento nos níveis inanimado, vegetal e animal, quando fomos empurrados para frente, instintivamente, pela Natureza; é por isso que este nível do desenvolvimento humano é chamado animal.

Mas agora nós temos que começar a nos desenvolver no nível “humano”, quando entendemos e percebemos o mundo circundante, a ponto de mudar a nós mesmos para adequá-lo. Nem o mundo nem a Natureza estão nos forçando a mudar instintivamente, evocando esses desejos em nós, que nos obrigaram a construir a sociedade, economia, tecnologia, etc. Isso não existe mais hoje.

Obviamente, a próxima etapa do nosso desenvolvimento é quando a Natureza se mostra a nós numa forma nova e integral, a maneira como ela realmente é: tudo está interligado nela e ela é apenas a Natureza sozinha. Mas nós, sendo seus componentes, não correspondemos a ela, e devemos alcançar a mesma forma integral na estrutura da nossa sociedade: na política, economia, finanças, em tudo.

De KabTV “Crise Global – Déficit de Recursos” 01/03/12