O Avanço Para Liberdade Por Entre Os Espinhos

Dr. Michael LaitmanNós começamos a trabalhar com o ambiente num período em que parece que está tudo bem e que conseguimos nos conectar com ele e somos capacitados por ele. Por enquanto, a pessoa não percebe seu desejo de receber como seu inimigo. Este período é chamado de “sete anos de fartura”.

Durante este tempo, ela não precisa realmente do Criador, e começa a pensar Nele somente quando se desespera neste trabalho. Ela aprende e trabalha com os outros, mas depois começa a entender que nada funciona.

Não que nós não recebamos uma satisfação egoísta. Nós podemos gritar desde o início. O que percebemos é que não seremos capazes de atingir a conexão. Nós começamos a perceber que a conexão é possível, apesar do ego, contra ele, acima dele. Mas nós não queremos isso! Então, nós nos desesperamos e caímos. Nós começamos a pensar: “Pra que precisamos de tudo isso?”.

Nós ficamos mais fracos. Nós caímos no sono e perdemos o interesse em tudo. É como se nós nos desligássemos da vida, e tanto a vida espiritual quanto a corporal parecem sem gosto. Se o desejo desaparece, não temos poder de nos mover. É assim que somos construídos. O sistema biológico funciona de acordo com este princípio.

A pessoa vê que não tem controle sobre si. Aos poucos, seus olhos se abrem e ela começa a procurar como pode afetar os estados que ela atravessa e avança. Ela entende que o avanço não está na sensação boa, como se ela tomasse alguma droga.

É por isso que se a pessoa trabalha apenas para receber alguma satisfação egoísta – saber mais, compreender, sentir ou decorar a sua vida – a Torá pode se tornar a poção da morte. Ela verifica o seu estado de acordo com a forma como o motor egoísta gira e pensa que está avançando. Afinal, seu ego está recebendo a energia da vida.

No entanto, se ela começa a trabalhar com o ambiente certo, a Luz que vem age nela e arruína este idílio. Ela começa a examinar a si mesma, não só quando se trata de sentir-se bem, mas também tenta descobrir qual é o resultado e pra que ela está trabalhando.

A Luz sempre influencia a pessoa. No final, ela entende que está trabalhando para o seu ego, e este tipo de trabalho torna-se sem gosto. Ela quer subir acima dele, recebendo novos valores da Luz. Ela não quer ser um pequeno animal que obedece suas sensações: uma sensação agradável é boa, e uma sensação desagradável é ruim. Você recebe um pouco mais de energia. Você se eleva, perde energia, cai no sono. A pessoa se opõe a se comportar desta maneira.

Finalmente, ela decide que a coisa mais importante para ela é a conexão com o Criador, não importa o que ela atravessa. Estas são as correções que a Luz Reforma realiza nela, fornecendo-lhe tais valores. De certa forma, ela já está agindo acima da razão. Embora isso ainda seja egoísta e esteja na escravidão no Egito, está próximo do êxodo para a liberdade.

Agora, a pessoa sente que está no verdadeiro exílio, sob os golpes de Faraó. Ela começa a esclarecer as coisas com cuidado: “Eu estou pronto para me conectar com o Criador porque essa conexão é agradável; porém, o que devo fazer se ela for desagradável? Será que eu vou sempre ser capaz de perceber a conexão com Ele como boa, apesar do sentimento ruim em meu desejo de receber?

Talvez seja mesmo preferível, porque eu preciso ter certeza de que não serei corrompido pelo meu ego, de modo a não correr atrás de todo mundo como um ladrão, gritando: ‘Pega ladrão!'”.

A pessoa só quer trabalhar em seu próprio benefício o mínimo possível, a fim de não receber qualquer recompensa no ego, mas o Criador realiza diferentes “truques” com ela para mostrar que ela ainda está trabalhando para si mesma. Assim, ela esclarece as coisas mais profundamente, até que percebe a necessidade de subir acima do seu desejo de receber e ficar entre ela e o Criador, a fim de decidir as coisas sozinha.

Graças a isso, ela adquire uma cabeça (Rosh) e um Partzuf espiritual. O Criador é a Luz superior: a Luz Circundante e a Luz Interior, e a pessoa toma uma decisão independente com relação a isso, acima de seus sentimentos e do seu desejo de receber. Isto simboliza o êxodo pessoal do Egito para a liberdade.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 23/04/12, Escritos do Rabash