Uma Transformação Espiritual

Dr. Michael LaitmanPergunta: Um embrião no útero de uma mãe se transforma como resultado da ativação dos instintos fisiológicos. Mas, como acontece uma mudança psicológica? Como funciona este mecanismo?

Resposta: Em primeiro lugar, quando um embrião está prestes a nascer, existe tanto uma pressão do lado da mãe (forças que empurram, chamadas de contrações) quanto do lado do embrião. Ele também ajuda nesse processo de certa forma e avança.

O nascimento é um processo muito sério e complicado. Eu diria até que ele é um tanto trágico e ameaçador para a mãe e a criança. Da mesma forma, deve haver algumas forças de pressão muito severas em nosso caso, e a natureza toma conta delas nos pressionando com diferentes crises: identidade, família, sociedade, economia, ecologia, etc., através de tudo que fazemos, isto é, tudo o que constrói o nosso útero.

No mundo atual, tudo está gradualmente sendo estabelecido contra nós. Estas são as forças de pressão, as contrações do parto.

Elas ainda não são tão fortes como poderiam ser, mas o seu ponto culminante está próximo. Observamos isso em todas as crises e, agora, no desenvolvimento da última crise econômica, que está, literalmente, ameaçando nossas vidas. Assim, por um lado, já estamos nos aproximando do estágio final, estamos perto de nascer.

Por outro lado,  não nos sentimos confortáveis dentro do nosso estado atual. Nós mergulhamos nas drogas, depressão e em diferentes problemas. Não nos sentimos calmos e confortáveis interiormente. Não é só o mundo ao nosso redor que é assim, mas não somos capazes de encontrar paz interior. Nada mudaria mesmo se o mundo simplesmente se tornasse diferente por um momento: existem muitos conflitos e pressões dentro de nós, dos quais queremos escapar, mas somos incapazes.

Se integrássemos e reuníssemos esses conflitos internos e pressões numa única força entre nós, nós somaríamos nossos esforços aos empurrões maternos, e, claro, nasceríamos num novo nível, o do “Homem” ou “Adão”. Tudo isso pode ser aliviado sem “parteiras” ou “obstetras”, mas usando os poderes úteis da sociedade: opinião social, influência social e pressão.

Isso acontece quando nos reunimos junto a esta imagem unificada que tem que nascer, enquanto que, do lado de fora, a nossa sociedade trabalha integrando, conectando, discutindo, explicando e identificando todas essas forças ao nosso redor. Então, a pessoa começa a entender esse processo dentro dela. Isto também pertence à educação, quando discutimos nossas ações, história, propósito e finalidade de todos esses conflitos; quando examinamos não apenas a causa, mas seu  significado: nos chegamos a um estado onde todos nós somos como um único embrião numa mãe-natureza, que está nos empurrando para fora dela para o próximo nível. A natureza deseja dar à luz esse embrião, e ele precisa ajudar a natureza a fazer isso. 

Ajudar a natureza é fundamental para nós. A natureza divide nosso nascimento num parto trágico ou num parto bom e fácil, que é chamado “sair das águas maternas”.O que são as “águas”? A água é uma ação de aliviar. Quando voluntariamente aspiramos a isso, podemos facilmente cruzar o “Rubicão”: uma mudança espiritual natural e psicológica.

Pergunta: Será que a pessoa contribui no processo de nascimento espiritual, como no caso de um embrião, participando ativamente no grupo da educação integral?

Resposta: Obviamente, deve ser num grupo, porque o grupo representa o embrião! A pessoa não é um embrião (ela não pode nascer); um embrião é especificamente uma conexão integral entre as pessoas, quando as preparamos para o nascimento.

Primeiro, formam-se pequenos grupos, depois grupos maiores, e depois muitos grupos aparecem. Quando eles começam a se entender, eles se tornam como uma pessoa num grupo, e em relação a outros grupos cada grupo também representa um único individuo. Dessa forma, eles se reúnem: como as células em órgão e os órgãos num único corpo.

Da “Discussão sobre Educação Integral” #9, 15/12/11