Levar Em Consideração O Mundo Inteiro

Dr. Michael LaitmanÀ medida que nós investigamos o universo, descobrimos que todos os seus sistemas são interdependentes. Os planetas giram em torno do sol, enquanto seus satélites giram em torno desses planetas. Quanto mais investigamos esse enorme sistema, mais claro vemos que todos os seus componentes existem num movimento interdependente e se influenciam mutuamente. A lua acima da Terra influencia tudo o que acontece na superfície da Terra: nossa saúde, sentimentos, correntes oceânicas profundas, e assim por diante.

O sol também nos influencia: nós percebemos até mesmo as menores chamas solares que acontecem lá. Dizem até que alguns fenômenos no sol podem ameaçar a própria existência da Terra, à medida que são capazes de, literalmente, incinerá-la. Naturalmente, isso afeta todos os sistemas eletrônicos. O mundo em si é um “caldeirão fervente”, e nós estamos vivendo na superfície de uma esfera, que internamente está ardendo em chamas. Tudo isso existe num equilíbrio instável.

Os biólogos, zoólogos e botânicos nos dizem que o surgimento da vida na Terra só foi possível devido às condições absolutamente especiais que não existem em nenhum outro lugar no Universo. Até hoje, elas não foram descobertas em nenhum lugar, e é altamente duvidoso que elas existam. Uma vez que a origem da vida requer que muitas condições relacionadas com parâmetros (tais como a força gravitacional, quantidade de água, pressão, temperatura, e assim por diante) sejam satisfeitas simultaneamente, segue-se que todos estes parâmetros compreendem uma fórmula gigante. E só se fizermos um cálculo muito preciso de acordo com esta fórmula, seremos capazes de aprender quais são condições propícias para o surgimento da vida.

Nos noticiários geralmente nos dizem como estará o tempo nos próximos dias. Os meteorologistas podem preparar uma previsão do tempo para a próxima semana, mas não mais. Por que isso?

As previsões de temperatura, umidade ou velocidade do vento são baseadas em cálculos realizados através de fórmulas extremamente complexas e computadores potentes, levando em consideração as condições climáticas no planeta inteiro. Em resumo, as conexões entre esses parâmetros são tão multifacetadas, profundas e ricas, que mesmo uma única previsão para a temperatura do ar amanhã, a altura das ondas, e outros fatores que precisamos para planejar os vôos de avião, rotas de navios e todos os tipos de outros fins, fala da interligação de todas as partes da natureza, de como a natureza ainda influencia o vegetal, o vegetal influencia o animal, e o animal influência o homem, enquanto o homem, em resposta, influencia todos eles.

A nossa vida depende da natureza inanimada, visto que vivemos sobre a terra e extraímos todos os recursos necessários de suas profundezas. Nós dependemos muito da natureza vegetal, pois é nela que a nossa agricultura se baseia, e também da natureza animal, uma vez que estes são produtos alimentares necessários para a nossa existência. Acima disso, não seremos capazes de manter uma vida normal, a não ser numa sociedade onde cada um ocupe o seu canto correspondente dentro dela, executando alguma função particular.

Quanto mais nós progredimos ao longo da história, mais complexa a nossa sociedade se tornou, e mais dependentes nos tornamos uns dos outros. Hoje nós fazemos operações e transferimos dinheiro de banco para banco; enviamos navios com diferentes cargas de um continente para outro. E se considerarmos as roupas que vestimos, podemos dizer com certeza que não foi apenas um só país que esteve envolvido na sua fabricação. Alguém produziu a matéria-prima, alguém a processou, outros costuraram, e mais outras pessoas se ocuparam do marketing e vendas. Isso só enfatiza como somos dependentes uns sobre os outros.

Nós já estamos acostumados com essa interdependência e a tomamos como garantia. Só que isso é uma dependência totalmente comercial e financeira, e que nunca precisou de qualquer envolvimento emocional nosso. Mas, ultimamente, nós vemos que a conexão entre nós atingiu tais proporções que exige de nós uma cooperação mais profunda, mais estreita e próxima.

Além disso, ela se manifesta de tal forma que o que acontece num país afeta diretamente os eventos em outros. Não é por acaso que hoje vemos como um país pode intervir no negócio do outro, até mesmo mudando o regime e invadindo a sua independência. Um exemplo claro é que os protestos na Síria, onde os representantes de diferentes países estão expressando suas queixas sobre o fato de que muitos civis pacíficos estão sendo mortos. E o embaixador sírio não tem como responder a isso. Ele está agindo como se esse não fosse seu país e ele não tivesse nada a ver com isso. Assim, essa dependência obriga todos nós.

Nós vemos que estamos tão interconectados que agora exigimos vários mecanismos de governança internacional, sem os quais não podemos existir normalmente. Afinal, se quisermos ter comércio, desenvolver a ciência e cultura, se quisermos uma vida próspera, precisamos desenvolver sistemas muito semelhantes de educação cultura e abordagem da vida.

Durante as últimas décadas o turismo floresceu no mundo. Ao visitar diferentes países, podemos ver como durante este período os países se aproximaram uns dos outros em termos do nível de qualidade de vida das pessoas e sua capacidade de perceber seus arredores. Afinal, nós assistimos televisão, ouvimos as notícias, nos conectamos virtualmente através da Internet. Em breve, esta nossa conexão nos ajudará a eliminar todas as barreiras linguísticas: novas máquinas irão automaticamente fazer traduções para nós, e alguém que não sabe falar Inglês, que hoje é a língua internacional, terá a capacidade de estar conectado com todos.

De acordo com modernas pesquisas, parece que uma pessoa comum está conectada ao mundo inteiro através de quatro de seus conhecidos. Nós estamos nos tornando mais próximos uns dos outros, de tal forma que, por assim dizer, estamos dando as mãos. Hoje, nenhum país pode perfurar poços profundos, mesmo em seu próprio território, porque através disso, pode perturbar o equilíbrio na crosta terrestre, e tudo o que acontece num país terá conseqüências não apenas para seus vizinhos, mas para o resto do mundo também.

Nós assinamos acordos internacionais sobre diferentes esferas de atividades humanas que podem causar dano a outros, como, por exemplo, os acordos que estabelecem quotas de pesca. Cada país tem seu próprio limite sobre as emissões de elementos nocivos na atmosfera ou na extração de recursos naturais das profundezas da terra. Nós estamos começando a sentir, cada vez mais, que vivemos num planeta e que ele é nossa casa comum. De fato, aqui somos todos dependentes uns dos outros e não podemos simplesmente fazer o que quisermos.

Infelizmente, ainda estamos nos desenvolvendo egoisticamente e isso não nos permite levar o outro em consideração. Nós ainda preenchemos o espaço exterior, enviando foguetes lá fora, de modo que, neste momento, uma grande quantidade de satélites, bem como milhões de seus fragmentos, pequenos e grandes, circundam a Terra. E se algum tipo de acidente ocorre na estação espacial, todos os seus fragmentos podem cair em qualquer lugar e em qualquer um.

Nos também temos sido testemunhas desses fenômenos desagradáveis como a erupção de um vulcão na Islândia, que afetou toda a Europa, todo o caminho para a Sibéria, paralisando as operações de muitos aeroportos. E o tsunami no Japão, que foi provocado por um terremoto e causou danos a uma usina de energia nuclear, forçando muitos países a pensar que talvez valha a pena suspender o desenvolvimento da energia nuclear.

Nós vemos que uma única nação não pode construir a sua política interna e externa sem considerar dezenas e até centenas de fatores externos. Em cada movimento que faz, ela precisa levar o mundo todo em consideração. E isto se refere até mesmo aos forte países líderes que aparentemente não têm que se justificar a ninguém. No entanto, eles devem considerar os outros, porque somos todos dependentes uns dos outros, e quem sabe como até mesmo a menor mudança ocorrida num dos países terá impacto sobre os outros.

De KabTV “Uma Nova Vida” Episódio 5, 02/01/12