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O Propósito De Se Criar Um Grupo

Dr. Michael LaitmanÀ medida que o homem passa por uma evolução, todo o seu desenvolvimento ocorre por meio do desenvolvimento do desejo de receber prazer, chamado amor próprio ou egoísmo. Portanto, se a pessoa não sente que vai receber alguma coisa, ela é incapaz de fazer qualquer ação. Internamente, ela sente isso como uma falta de motivação ou energia, que são necessárias para ela fazer um movimento interno ou físico.

Mas, a Natureza é a qualidade do altruísmo, doação e amor, oposta ao egoísmo. Ela impulsiona o homem a adquirir esta qualidade desenvolvendo-o através de um sofrimento cada vez maior, que ele gradualmente começa a perceber como um derivado do seu próprio egoísmo e do egoísmo geral de toda a humanidade. Em outras palavras, o objetivo que a Natureza estabelece para o nosso desenvolvimento é para que o homem alcance a equivalência com ela. Este objetivo destina-se expressamente para o homem, porque o egoísmo está ausente nos níveis inanimado, vegetal e animal da natureza, que são governados e existem instintivamente, simplesmente obedecendo a sua natureza.

Uma vez que suprimir o egoísmo é contrário a nossa natureza e a todo nosso ser, nós precisamos de um grupo de pessoas com um só objetivo, que nos dê uma força maior para suprimi-lo. É por isso que precisamos de um grupo que una pessoas com o mesmo desejo: conseguir subir acima do egoísmo e da repulsa mútua, e se elevar ao amor mútuo.

O resultado da união em direção ao objetivo comum é que em vez de sermos totalmente fracos e incapazes de resistir ao nosso egoísmo, cada um de nós adquire uma grande força que ajuda o homem a subir acima do seu egoísmo, em direção à união.

Esta grande força surge como resultado da união de nossas pequenas forças individuais, ou melhor, nem mesmo forças, mas apenas desejos. Essas nossas pequenas forças vão se combinar e multiplicar, permitindo a cada um de nós subir acima do seu pequeno egoísmo para a união. É assim que cada pessoa adquire um tremendo desejo de subir acima do seu próprio egoísmo e alcançar um objetivo único.

Mas, para que isso aconteça, cada membro do grupo tem que suprimir ou reduzir seu “eu” em relação aos outros. Isso só pode ser feito ao não se perceber as falhas do amigo e prestar atenção somente a suas boas qualidades. Se um membro do grupo se considera um pouco melhor do que os outros, ele não é mais capaz de se unir verdadeiramente com eles.

Durante o compromisso do grupo na educação integral (unificação), nós temos que ser sérios e não nos desviar do objetivo para o qual nos reunimos aqui: a conquista de um desejo único de doação mútua e amor, como a equivalência com a Natureza nos exige.

Mas, com as pessoas de fora, devemos nos comportar de uma forma simples, com cortesia, tomando cuidado para não impor-lhes a ideia de união, doação mútua e amor. Isso porque os esforços para subir acima do egoísmo individual não podem ser feitos em encontros casuais, mas somente num grupo constante de amigos, sob a orientação de um instrutor. Durante seu trabalho no grupo, e em geral na vida, os membros do grupo devem tentar barrar a instabilidade de seus desejos, porque o comportamento imprudente ou mesmo pensamentos destroem todos os esforços pessoais e do grupo de se unir.

Mas, se um estranho acidentalmente encontrou o seu caminho numa sessão realizada pelo grupo, é necessário primeiro eliminar educadamente a sua presença para só depois continuar os estudos.

(Basedo no artigo do Rabash “Propósito da Sociedade (2)”

O Que É A Nossa Vida? Um Jogo?

Dr. Michael LaitmanUma vez que a sabedoria da Cabalá eleva a pessoa do nível “animal” para o “humano” (“Adão” ou “homem” vem da palavra “Domeh” ou semelhante à natureza, ao atributo de doação e amor), a pessoa que sobe enfrenta o problema de “ir para o desconhecido”. Para nos ajudar a subir ao estado desconhecido uma e outra vez, nos é oferecido um jogo, um exercício, para preparar dentro de nós, junto com o grupo, nosso próximo e mais altruístico estado. Além disso, mesmo se falharmos, ele nos leva à solução correta: um pedido pela força de doação, uma subida acima do nosso egoísmo.

Hoje, toda a humanidade deve dominar este método de avanço em tudo o que faz. Devemos também estar prontos para as descidas, para sentir os erros, e a partir deles entender que somente a força superior da natureza pode nos fornecer novos atributos para investigar, alcançar, e construir a nós mesmos, a família, a sociedade, a educação, e a economia corretamente.

Até agora os erros e fracassos não foram reconhecidos pelas pessoas, mas somente pelos Cabalistas porque somente eles subiram acima da natureza geral da humanidade, o egoísmo, para o atributo da natureza, o amor. Mas hoje nós temos que adquirir esse novo atributo em relação a nós mesmos, em relação aos que nos rodeiam e ao mundo, e ensinar nossas crianças a se desenvolver aprendendo com seus erros.

Não devemos só aprender com os nossos erros, mas também entender de onde eles vêm: do surgimento do novo nível ao qual não estamos adaptados. Assim, um erro (uma descida) é a realização de nossa falta de correspondência com o novo estado, e ele deve nos fazer ansiar implementá-lo internamente. Isto é atingido no grupo, pela aspiração pela força geral da natureza e pela equivalência com ela.

Esqueça A Igualdade E A Justiça

Dr. Michael LaitmanNão pode haver igualdade e justiça em nosso mundo, uma vez que não somos iguais para começar. Então, por que temos queixas sobre pessoas diferentes se a própria natureza nos fez tão diferentes? Por que aspiramos por igualdade se ela é contra a natureza?

Um por cento dos ricos controla 35% da riqueza total. Dez por cento da humanidade é composta de gênios, o trabalhador e o talentoso, e sempre foi dessa maneira! Independentemente da localização geográfica, não mais do que 20% das pessoas são ricas. Esse fenômeno é conhecido como “Princípio de Pareto”. Além disso, mesmo dentro dos 20% superiores da sociedade, há 20% superior, e assim por diante. Em última análise, quem está no topo da sociedade tem o maior controle e é mais influente. É apenas natural que esse fenômeno seja contrário à escala “média” da distribuição de Gauss.

Não devemos pensar que isso é o resultado do nosso egoísmo: mas sim, devemos entender que não criamos essa relação por nós mesmos, mas a recebemos da natureza. É o mesmo Partzuf espiritual (a alma), onde uma pequena quantidade (nós também dizemos 20%, como Rabash cunhou, embora seja muito menos do que isso) vai para o preenchimento (Toch do Partzuf), e todo o resto permanece vazio (Sof do Partzuf), de tal forma que, em vez de um círculo nós somente preenchemos uma linha fina (Kaf Ein Sof).

Mas, nessa linha, de acordo com o nível de conexão dos indivíduos, um processo de integração começa (grupos), e, em seguida, no nível “animal” todos recebem de acordo com as suas necessidades razoáveis, enquanto que todo o preenchimento superior acontece no desejo coletivo. Portanto, a questão de controle e distribuição nunca aparece!

Mas, em nosso mundo é ingênuo exigir igualdade e justiça porque a desigualdade e a injustiça são predeterminadas pela natureza, para nos forçar a subir, para que possamos corrigir esta desigualdade natural no nível “humano”.

A Europa Se Unirá Novamente?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Qual é o papel da Europa na correção do mundo?

Resposta: A Europa tem um papel muito importante na correção do mundo. Estou muito feliz com as notícias sobre a crescente integração na Europa. Recentemente houve conversações sobre a desintegração da UE e sobre a expulsão da Grécia e de outros países. Mas hoje se verifica que é impossível se separar. Os europeus examinaram a situação e descobriram que a desintegração da União conduzirá ao colapso total.

Então, eles já estão falando sobre a construção da Europa da mesma forma que os EUA, com um governo federal para todos. E tudo isso está acontecendo na Europa, onde os países não gostam uns dos outros mesmo hoje em dia.

É assim que a Luz superior nos transmite a ideia de integração, e embora eles não estejam muito entusiasmados com isso, eles estão fazendo um novo plano para sair da desesperança. Eu tenho escrito sobre isso no meu blog há vários anos, e agora a unificação da Europa pode realmente ser realizada.

Agora que eles tomaram essa nova direção, nós vamos ver qual será a tendência, até que ponto eles irão avançar, e que mudanças irão trazer. Os europeus ainda precisam de um sistema de educação integral, é claro, mas nós somos capazes de oferecer isso a eles, porque eles já estão preparados para isso de certa maneira. Caso contrário, como é que eles vão conseguir se unir no pano de fundo de todos os conflitos internos?

De uma maneira ou de outra, é uma mudança de direção muito importante.

Pergunta: Como é possível acelerar a educação integral? Afinal, é preciso muito tempo.

Resposta: A educação comum leva um longo tempo, mas não a educação integral. Afinal, ela é realizada em grandes grupos de pessoas que sofrem e que imediatamente recebem apoio da natureza. É o suficiente para realizar pequenas ações em direção à conexão e à educação correspondente, e por isso você já estará mais equilibrado com a natureza, pelo menos em um ou dois por cento. Em resposta você certamente vai começar a sentir mudanças positivas.

No momento em que o processo atingir as massas, isso irá imediatamente aliviar o sentimento de crise. Afinal, a “crise” é a falta de conexão que deveríamos ter alcançado. Isto é o que cria o sentimento negativo na situação atual. Portanto, no momento em que você der os primeiros passos em direção à conexão, a crise irá parar.

Então tudo vai dar certo. Você vai entender como dividir os recursos e os serviços. A taxa de criminalidade irá diminuir, a saúde das pessoas vai melhorar, e de repente você irá descobrir novos recursos financeiros, etc.
Portanto, isso não se trata apenas de educação integral. Afinal, devido à sua falta a pessoa gasta grandes somas de dinheiro para satisfazer suas necessidades.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 14/03/12, Escritos do Rabash

O Paciente Está Morto E Se Sente Bem Consigo Mesmo

Dr. Michael LaitmanO Talmude Babilônico, Tratado Taanit 7: Aquele que se ocupa da Torá em prol dela, a Torá se torna a poção da vida para ele, e aquele que se engaja na Torá não em prol dela, ela se torna a poção de morte para ele.

Se há um grande perigo oculto na Torá, talvez seja melhor não se envolver com ela? Afinal, se você estudar corretamente, você “sobe aos céus”, e se você não fizer isso, “você vai afundar no chão”, no abismo.

O problema é que se você não estuda corretamente, a Luz oculta na Torá coloca você em estados que são opostos à verdade, mas você não percebe isso. A Torá não lhe traz a morte, mas sim “a poção da morte”, quando você não sente que está morto. Você pode estudar a Torá dia e noite, memorizar página após página, e ao mesmo tempo estar morto, isto é, sem entender que isso é totalmente oposto à meta para a qual a Torá foi dada.

A Torá foi dada a nós para que alcancemos o amor aos outros. Ela diz: “Eu criei a inclinação ao mal, e criei a Torá como condimento porque a Luz nela reforma”. O que significa que ela reforma? Essa é a “grande lei da Torá” – “Ama teu próximo como a ti mesmo”, ou em outras palavras, o objetivo geral de tudo o que fazemos de acordo com a Torá.

Em cada preceito que realizamos, em cada detalhe, devemos avançar para o amor ao próximo. Somente através do amor ao próximo alcançaremos a meta final, o amor do Criador e a adesão com Ele, de acordo com a equivalência de forma entre a pessoa e o Criador.

Portanto, antes do estudo, temos que nos preparar e manter todas as condições necessárias para que o estudo da Torá nos leve à meta desejada: à adesão, ou seja, à correção das nossas intenções egoístas em altruístas. Esse trabalho é esclarecido somente no grupo, onde podemos verificar a nós mesmos na prática.

Cada vez nós descobriremos ódio entre nós e teremos a chance de subir acima dele para o amor. Para fazer isso, nós precisamos nos organizar corretamente: nós queremos nos conectar para alcançar a adesão e descobrir o Criador nela, dando assim contentamento a Ele. O Criador só pode ser descoberto no nosso vaso coletivo de doação. É necessário que nos preparemos para a aula dessa forma para abordarmos o estudo corretamente.

Pergunta: Se a poção da morte não me deixa sentir que estou morto, a poção da vida me permite me sentir morto?

Resposta: Eu sinto que estou vivendo da “poção”. Não é mais uma existência comum. Na intenção a fim de doar, acima da minha natureza, eu alcanço a vida. A poção tem o efeito de me fazer mentir para o meu desejo egoísta e não para mim mesmo. Por outro lado, a poção da morte me afoga na mentira, que eu não percebo, e, então, eu me vejo como “justo”, embora eu ainda não tenha entrado no nível de “malvado”.

Pergunta: Como a sabedoria da Cabalá pode salvar uma pessoa da poção da morte?

Resposta: Ela pode fazer isso através da Luz que Reforma. Se você organizar corretamente todas as condições para você, se você entrar no grupo e disseminar, o que é parte inseparável da preparação nesses dias, e se você participar em tudo o que o grupo experimenta para revelar a conexão, então você está se preparando corretamente para o estudo, e sua intenção durante o estudo não é ler outro parágrafo, mas receber a Luz que Reforma. Não é por acaso que o Baal HaSulam escreveu na “A Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Item 18: “…que durante a prática da Torá, eles não colocam suas mentes e corações para atrair a Luz da Torá…”.

Tudo é resolvido pela preparação. O estudo correto é o estudo para o qual você se preparou corretamente. Então, você lê o texto corretamente, com a intenção correta, no grupo correto, com todas as condições necessárias. E o que você obtém do estudo? Você obtém a chance de trabalhar e subir: o sentimento de ódio e rejeição dos amigos…

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 13/03/12, “Introdução ao TES

Na Linha De Fogo

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como você se relaciona com os ataques de mísseis no sul de Israel?

Resposta: Durante a operação “Paz para a Galileia”, meu professor, Rabash, estava muito preocupado com a situação. Ele ouvia as notícias a cada hora, e quando lhe perguntavam por que, ele respondia que estava preocupado com seus filhos.

Este é um exemplo para nós: nós também precisamos nos preocupar desse jeito. Uma pessoa precisa sentir que todas as pessoas do mundo são partes inseparáveis dela. Então, ela vai se preocupar com elas assim como se preocupa consigo mesma, estando em ocultação e não sentindo a unidade do mundo dentro de si.

Não se deve desejar a morte de ninguém, até a morte dos seus piores inimigos. Nós queremos que eles se corrijam e, em geral, queremos somente o bem para todos, especialmente para os cidadãos que se encontram na linha de fogo. Claro, não se deve permitir que qualquer pessoa tire sua vida, e, portanto, na Torá há uma lei: por legítima defesa, é preferível matar antes de ser morto. Mas, isto sob a condição de que ela seja realmente necessária e não haja outra escolha. Nessa situação, a morte serve como correção. No entanto, se você é capaz de corrigir a pessoa durante esta reencarnação, faça-o.

Além disso, nós devemos nos lembrar de nossos amigos no sul de Israel. Junto com eles nós atravessamos o processo da nossa correção e da correção do mundo. Devemos estar com eles em mente e alma.

Antes da aula, eu assisto ao noticiário para saber sobre os eventos que ocorreram nas horas anteriores. Todos nós precisamos estar ligados a isto. Esperemos que tudo isso seja incluído no âmbito da correção. Se nos esforçarmos mais rapidamente, os estados que vêm para nós pelo caminho do sofrimento vão se inverter para o caminho da Torá. Então, tudo será organizado da melhor maneira possível, e vamos adquirir a vida sem limites, em todo o mundo. Somos capazes de iniciar isso, e não há dúvida de que a Luz pode fazer isso.

É muito bom que os amigos se juntem para a lição nos seus abrigos. Rabash e eu fizemos a mesma coisa durante a Guerra do Golfo.

Em geral, somos a favor de um cessar-fogo, em favor de acabar com todos os conflitos no mundo, em favor da destruição de todas as armas, e em favor da correção do homem. Esta é a garantia mútua. Visto que nos tornamos, contra a nossa vontade, fiadores uns dos outros num sistema que nos une, chegou a hora de abrir os olhos e sentir isso em ação. Não há outra escolha: temos que sentir que somos fiadores uns dos outros.

No entanto, quando a conexão mútua e interna surge diante da pessoa, ela entra em choque. Acontece que tudo sou eu: meus pais, meus filhos, meus amigos, os estranhos, e aqueles que eu odeio. É uma variedade tão grande de relações, e todas elas são eu, um Partzuf, as 10 Sefirot.

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 12/03/12, “Introdução ao TES

Critérios Para Auto Avaliação

Dr. Michael LaitmanPergunta: No processo de qualquer atividade existem critérios de eficácia do trabalho. É muito importante para as pessoas entenderem se elas estão fazendo bem ou não o seu trabalho, a fim de aumentar a sua qualidade adequadamente, somar esforços, etc. Que critérios de eficácia podem existir em grupos integrais para que a pessoa aspire a realizar melhor suas atividades?

Resposta: Nós temos um sistema muito sério de auto avaliação para isso. Como você está constantemente numa pequena sociedade, você sempre se controla dentro dela. Quão congruentemente conectado a ela você está, quão intimamente você interage com ela, o quanto ela influencia você, se você se coloca sob sua influência, quanto você pode influenciá-la, quanto você pode se rebaixar em relação a ela, e quanto você consegue se sentir como a voz que decide para influenciar a sociedade.

Isto significa que todos estes critérios são o ambiente e eu: eu estou acima dele a fim de influenciá-lo positivamente; eu estou abaixo dele para receber a influência positiva. O mesmo ocorre com o ambiente em relação a mim. Ele me influencia desde cima, e quer receber de mim a minha quota de participação nele desde baixo.

Há métodos muito simples e diretos de avaliação dos estados de alguém. A pessoa pode dizer onde ela está praticamente a cada segundo.

Da “Discussão sobre a Educação Integral” #11, 16/12/11

Um Caleidoscópio De Perguntas E Respostas

Dr. Michael LaitmanPergunta: Na escola, o professor geralmente faz uma pergunta e o aluno responde. Você tem uma abordagem totalmente diferente: você raramente faz perguntas, e, via de regra, espera pelas perguntas. Por quê?

Resposta: Porque eu basicamente desejo, aspiro que minha explicação evoque um vazio no estudante, lugares vazios, ou seja, perguntas para conhecer e aprender. Uma explicação correta não “cala sua boca”, não lhe dá satisfação. Ela revela um pouquinho do que estou explicando e, então, o aluno de repente se depara com: “Mas, por que é assim? E se não for assim, mas diferente?”.

É como se eu introduzisse em minhas explicações as minhas perguntas, a oportunidade de perguntar, e a perplexidade provocada por elas, e eu faço isso com antecedência. Eu quero que eles encontrem defeitos em minhas explicações. Isso irá ajudá-los a captar minhas explicações, entendê-las melhor, e absorvê-las. Isto é muito importante.

É por isso que se eu estou explicando e tudo está claro para todos, e não há perguntas, eu considero que não expliquei nada de forma alguma. Eu me sinto muito mal depois. Quando há muitas perguntas, “não é assim, não é daqui, não desse jeito”, então este é o material que será absorvido com certeza.

Comentário: Uma pergunta, porém, nem sempre é uma pergunta…

Resposta: Inverta-a, faça o que você acha que é necessário para que a audiência venha a aprender com ela. Muitas pessoas perguntam, mas elas não sabem como formular exatamente a pergunta. Nós entendemos que o professor deve ajudar o aluno a senti-lo.

Eu acredito que se eu transmito a informação em 15-20 minutos, e as perguntas tomam mais do que o dobro do tempo, então essa é uma aula que foi verdadeiramente assimilada. Isto é muito importante. É como se você estivesse jogando uma isca para eles, e eles a engolem e se agarram a ela. Com a ajuda dessa isca, eles necessariamente devem se aproximar de você, se agarrar a você. É porque a pergunta e a resposta, ou uma explicação, começa com o fato de que você tem alguma coisa e eles não. Você está tentando passar para eles o que você decidiu passar naquele momento.

A transferência tem que consistir em você dar a eles a informação, e eles, em resposta, fazer todo tipo de perguntas, de todo o material que eles ouviram (só ouviram!), para que o experimentem, dominem e absorvam interiormente. E isto só é atingido com a ajuda das perguntas, perguntas de vários tipos e de vários tipos de pessoas.

Pergunta: Qual é a característica de uma resposta com a qual eu desligo o interesse da pessoa?

Resposta: Eu nunca faço isso. Eu tento dar uma resposta na qual eu propositalmente menciono outra, algum tipo de aspecto astucioso. O aluno imediatamente tem uma reação aqui: “Sério? E como isso funciona?”. Isso significa que a resposta o leva a outras perguntas.

Eu quero que todo o material, que eu lhes dei durante os primeiros 15 minutos, seja penetrado depois com perguntas de todos os lados. Assim, ele vai ficar neles. Eu os ajudo com minhas repostas para fazer uma nova pergunta. A resposta correta carrega a próxima pergunta nela, e a pergunta correta já é metade da resposta.

Da “Discussão sobre Educação Integral” #11, 16/12/11

Utilizando O Seu Egoísmo Para O Bem Do Outro

Dr. Michael LaitmanPergunta: Você está dizendo que a força de recepção vai continuar crescendo, do mesmo modo que a força de doação continua se desenvolvendo em nós? Será que ela não vai diminuir?

Resposta: Uma nova força de recepção vai crescer em você tanto quanto a força de doação se desenvolverá em você. Não é a força de um pequeno egoísta, que você estava usando no nível animal ou no nível de uma pessoa do “velho mundo”. Agora, duas forças estão se desenvolvendo em você, as forças de uma pessoa do novo mundo.

Até agora você estava se desenvolvendo instintivamente, como qualquer animal. Mas, ao contrário do animal, você desenvolveu tal nível de egoísmo que ele simplesmente se tornou insuportável. Agora, você está tentando desenvolver a força de doação com a ajuda do ambiente.

A doação supõe mais do que um dom; ela significa dar, a participação mútua, a proximidade, suporte, misericórdia, até o nível do amor. O amor inclui todas as outras manifestações de conexão e a capacidade de sentir os desejos do outro. Isso é chamado de força de doação.

Quando que eu começo a desenvolver essa força dentro de mim, uma segunda força começa a crescer em paralelo a ela, a força de recepção, e isso me ajuda a doar. Como eu não tenho nada, eu sou incapaz de dar aos outros, não há maneira de eu estabelecer uma conexão com eles. Mas usando toda a minha força de recepção, eu posso doar aos outros.

Eu tenho apenas a força de recepção por natureza, e eu já existia com ela desde o início do universo até agora. Agora surge a pergunta: Como eu posso aprender a dar aos outros, à sociedade, que não vai me aceitar, e ainda vai pensar que sou um selvagem, um ninguém. Eu vou sentir vergonha diante dos meus filhos, da minha esposa, dos parentes, de todas as pessoas que são importantes para mim, o meu ambiente mais próximo, que um egoísta possui.

Eu sinto que todo mundo lamenta a minha existência. Então, eu começo a entender que preciso começar a doar. Mas como eu posso doar? Eu posso doar através da força de recepção que eu tenho, conectando-me à doação.

Eu tenho um grande egoísmo que me permitiu vencer, construir e fazer as coisas. Agora, eu uso a mesma força para beneficiar os outros. Isso é chamado de força de doação. Mas isso são coisas muito internas, que um novato provavelmente não consegue entender. Elas não vão convocar uma resposta interna, uma reação, porque não são construídas dessa maneira. Deste ponto em diante, nós já precisamos da força de correção contida na Luz que Reforma.

Portanto, nossa conclusão é a seguinte: ao adquirir a força de doação, eu desenvolvo uma capacidade interior de ver o mundo inteiro como se fosse transparente, para ver através dele, para saber o que acontece, para corrigir a mim, minha família, meu ambiente social imediato e distante, e para organizar minha vida de uma maneira perfeita.

Isso me permite atingir o estado de felicidade absoluta. Eu me sinto incluído na realidade eterna, e eu subo ao nível humano, que me dá a sensação de que vale a pena viver, existir e continuar nossa espécie, ter filhos. Eu sinto satisfação e realização na vida.

Tudo isso acontece através da aquisição da força de doação através do ambiente adequado.

Da “Discussão sobre a Educação Integral” # 12, 16/12/11

Pessoas: Quem Somos?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Você diz que todo o nosso desenvolvimento se destina a elevar a nossa consciência sobre quem somos. Então, quem somos nós?

Resposta: Em primeiro lugar, nós não somos animais existindo dentro de nossos corpos que só se preocupam em como satisfazê-los. Em segundo lugar, não somos criaturas egoístas simplesmente obrigadas a agradar o nosso ego, que se diverte conosco e nos impulsiona em direção a várias metas falsas, apenas nos dando sofrimento ao longo de nossas vidas. Está escrito: “A pessoa morre sem ter conseguido nem a metade do desejado”, ou seja, ninguém fica satisfeito com sua vida e quando morre não leva nada consigo. Agora, nós chegamos a um estado tal em que ficamos com nada, mesmo antes da morte.

No entanto, nós somos criaturas que têm um potencial absolutamente único, e estamos localizados no topo da natureza que criou todo o universo e, como resultado deste processo maravilhoso, desenvolveu a vida na Terra junto conosco. Nisso que consiste a meta do desenvolvimento humano.

Esse desenvolvimento, pelo caminho bom ou enérgico, deve terminar com todos atingindo toda a natureza abrangente, identificando-se e atingindo o equilíbrio e a perfeita conexão com ela, que na Cabalá é chamada de “adesão”. Todas as qualidades da pessoa devem ser usadas para a doação, servindo à força de doação, como toda a natureza.

Assim, nós veremos para onde o nosso desenvolvimento tem nos levado, desde a forma que existia antes do planeta Terra ser formado, passando pelos períodos da formação da natureza inanimada, vegetal e animal, até o desenvolvimento do homem. Tudo isso até hoje, quando começamos a entrar no novo mundo (o mundo de doação), todo o desenvolvimento anterior do nosso egoísmo no mundo do consumo, onde buscávamos apenas saber como receber mais, tudo isso foi apenas uma preparação para o nível humano que agora temos que desenvolver dentro de nós mesmos.

Da “Discussão sobre Educação Integral” # 12, 16/12/11