Altruístas Corpóreos E Egoístas Espirituais

Dr. Michael LaitmanPergunta: Recentemente assisti a um encontro de representantes de crenças orientais. Todos eles foram muito simpáticos e preocupados uns com os outros. No que o comportamento deles difere da educação global integral que falamos?

Resposta: Primeiro que tudo, o comportamento deles não é conduzido pela necessidade da natureza. Eu sou um egoísta. Eu sou completamente indiferente a todos os métodos, incluindo o meu (se é que podemos chamar-lhe meu). Eu simplesmente olho o mundo, o seu movimento e evolução, como um técnico, e percebo que não há nada que possa ser feito.

Não sou um apoiante de uma ideia específica. Não estou a tentar inventar algo fictício, algum novo reino maravilhoso. Eu percebo que estamos aqui no caminho do desenvolvimento necessário, e é por isso que este caminho é o melhor para nós e leva-nos em direcção ao objectivo correcto. Este é o primeiro ponto.

Segundo, eu não tenho ideias idealistas. Eu aplico egoísmo ao nosso desenvolvimento sem suprimir, diminuir, ou escondê-lo. Ele não vai a lugar nenhum; em vez disso, continua a se desenvolver ainda mais.

De facto, agora estamos a desligar o egoísmo entre nós, não irá se desenvolver. Nós não sentimos o quanto nós realmente nos odiamos uns aos outros, quão oposto somos, o quanto cada um de nós quer realmente destruir toda a gente e permanecer completamente sozinho, ou apenas deixar os outros como dóceis actores de todos os seus desejos.

O método de educação integral e ensino envolve o uso de todos os recursos internos e externos, naturais e humanos. Não é de forma alguma construído na supressão de qualquer coisa, e é por isto que funciona para toda a humanidade.

Todos os outros métodos são baseados na supressão do egoísmo, na ausência do seu uso. Mas ele ainda salta cá para fora e mostra-se a si mesmo porque continua sempre a desenvolver-se em nós, a cada segundo, de uma geração para a outra, e não há nada que possamos fazer sobre isso.

Além disso, todos estes métodos são dirigidos a um número muito limitado de pessoas. De acordo com estudos, entre seis e dez por cento das pessoas no mundo têm inclinações altruístas naturais: dar, viver em harmonia, pintar flores, etc. Nós estamos familiarizados com este fenómeno. Mas este destino apenas pertence a muito poucas pessoas e os outros não as conseguem perceber de forma alguma: “Bem, continuem a visitar hospitais, continuem a ajudar os doentes e os mais velhos. Vocês não estão a ferir ninguém; é magnífico o que vocês fazem, vocês são boas pessoas. Mas não nos arrastem para isso”.

Mas aqui é um assunto totalmente diferente: a Natureza, especificamente, obriga egoístas a tornarem-se altruístas com a ajuda do mesmo egoísmo. Por outras palavras, nós damos a este egoísmo – toda a nossa natureza, todas as nossas propriedades – a realização máxima.

De “Lições Sobre um Novo Mundo” #7, 14/12/11