Adeus Ao Egito

Dr. Michael LaitmanNós temos que passar por uma grande quantidade de problemas para, no final, alcançarmos “o Rei do Egito morreu”. Depois, começam “muitos dias”, onde temos que realizar muitos atos para revelar a correta exigência dentro de nós. Se nós simplesmente “gritamos pela falta de vontade de trabalhar”, isso não é chamado “suspiro pelo trabalho”.

Se nós não recebemos prazer pelo trabalho, nós devemos gradualmente discernir: o que significa “O Rei do Egito morreu?”. Por que estamos trabalhando e para quem? Nós discernimos isso gradualmente, até percebermos que existe outro rei e que devemos sair do Egito a fim de sermos trabalhadores do Criador, isto é, trabalhar para doar.

No entanto, como posso fazer isso, se aqui no Egito tudo é tão simples? Sou construído de tal maneira que sinto prazer no momento em que realizo determinado ato ou faço um esforço de pensamento. Embora inicialmente eu achava que desejava doar, foi com a intenção “para receber”. Eu doo, mas é assim que eu recebo prazer, quando me identifico com meu desejo egoísta.

No entanto, quando o Rei do Egito morre, é uma grande ajuda do Alto, que nos permite nos separar dele. Na verdade, ele agora está morto; estou livre dele. Eu não queria isso, mas ele me deixou. Meu ego foi separado dele.

Eu não sei o que fazer; eu não tenho mais ninguém para quem trabalhar. Eu choro e fico parado. Eu sempre gostei muito dele, e agora eu fiquei sem nenhum prazer na vida. Como vou encontrar prazer? Em que desejo, pensamento ou intenção vou ser capaz de sentir? Eu começo a procurar.

Eu costumava trabalhar doando para receber, mas agora vou ter que procurar outra coisa e, inevitavelmente, através de golpes, eu irei alcançar a doação a fim de doar. Eu penso comigo mesmo: se eu não tenho os vasos nos quais possa encontrar prazer, eu posso ser capaz de obter prazer de outra pessoa.

Eu olho para alguém: ele sente prazer, enquanto eu não tenho vitalidade. É por isso que eu o invejo e quero me juntar a ele, para desfrutar o seu prazer. Talvez dessa maneira, pelo menos eu irei receber alguma satisfação. É assim que começamos a ver o que está a nossa volta. Eu não consigo mais desfrutar sozinho quando trabalho dentro do meu “Egito”, como antes.

No entanto, se eu doar para o ambiente e causar-lhe prazer, eu vou ser capaz de me juntar a eles e desfrutar junto com eles; mesmo se eu me juntar com a intenção de receber algo dessa maneira, isso ainda é chamado de doar ao ambiente. Isso já é chamado de Lo Lishma (não em Seu nome). Eu doo a eles e quero que eles tenham a bondade, já que eu vou me identificar com eles e me juntar a eles, para que eu possa encontrar a bondade dentro deles. Esse já é um estado avançado.

Existem diferentes estágios de aproximar-se da saída do Egito. Alguns já perceberam que agem para tirar proveito do egoísmo e, mais tarde, alcançar Lishma, e há outros que não percebem que, entretanto só agem em busca de prazer. No entanto, não importa o quê, estamos avançando.

Eu já tenho a direção: eu entendo que eu devo me juntar com o grupo que está saindo do Egito. Na verdade, eu não recebo prazer da vida simples. No entanto, se eu me juntar a eles, então lá, dentro deles, em nossa união, eu vou encontrar o prazer e revelar minha vida espiritual única. Isso já é um passo para a salvação: há um propósito em me separar do egoísmo. Afinal, o Egito já está morto e isso é suficiente. Se a pessoa sente que deve doar ao grupo e revelar a força coletiva nele chamada Criador, se ela quer ser incluída nela de modo que também receba alguma coisa, isso já é chamado de Lo Lishma (um desejo egoísta pela espiritualidade).

Existem várias formas e níveis em cada um, em momentos diferentes, mas isso já dá a direção até que concluamos a luta, os dez golpes, que ajudam a pessoa a se separar do Egito para sempre e sentir a vida no Egito como escuridão.

O último golpe é a morte dos primogênitos, que nos mostra que nada vai se originar dessa situação para nós, nada vai “nascer” dela. Então, já está totalmente claro para a pessoa que este estado não pode produzir qualquer resultado. Quando cada primogênito no Egito morre, ela concorda em fugir.

Todos os estados de que fala a Torá acontecem em nosso desejo de receber. Golpe após golpe: ou o Faraó triunfa, ou o Criador triunfa e “Moises” vê como tudo isso acontece dentro dele e quais são os valores que ele dá ao desejo de receber e ao desejo de doar. Isso permanece assim até que ele vê a escuridão nessa situação, e fica sem outra escolha a não ser escapar através da escuridão para o desejo de doar, somente para ver algum sinal de Luz à frente. É assim que ele escapa do Egito. Isso é o que deve acontecer na pessoa que está preparada para se juntar à sociedade, mesmo que ela chegue a fim de encontrar meios de subsistência nesta sociedade e satisfação egoísta: isso já é chamado de Lo Lishma.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 05/02/12, Shamati #159