Na Busca De Si Mesmo

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como eu posso reconhecer exatamente o ponto do meu livre arbítrio?

Resposta: Em primeiro lugar, nós descobrimos que somos totalmente, cem por cento, não livres. Esta é a realização do mal.

No entanto, por outro lado, o que há de tão ruim nisso? Se eu estou inteiramente sob o poder do Criador, ou da Natureza, não há nada para perguntar de mim. Não sou nem bom nem mau. O que há para exigir de mim? Não importa o que eu faço, não sou eu fazendo-o, como está escrito: “Vá ao artesão que me fez”.

A religião é baseada nisso. Eu sou uma pessoa pequena. Eu faço tudo o que Ele quer. Se Ele diz para fazer, eu faço. Desta forma, todas as minhas acusações são removidas, quaisquer questões são anuladas, e eu me livro dos problemas.

No entanto, nesse caminho, você perde a independência e a liberdade. Apenas seguindo os decretosdo Criador, mesmo involuntariamente, você encontrará sempre uma recompensa para si e facilitará sua tarefa – à custa do seu verdadeiro “eu”. É por isso que a religião é boa para as massas. Quando tudo vem do Alto, ela adiciona uma sensação de conforto para a vida e oferece apoio psicológico para fluir junto com todos.

Por outro lado, na Cabalá, eu exijo a independência, em vez da auto-anulação. Eu quero encontrar o início do meu “eu”. Nessa busca, nesta avaliação racional e lógica, eu descubro que, na realidade, eu não existo. Eu não decido sobre nascer neste mundo, eu não escolhi as minhas qualidades, minha genética, meus pais, meu país ou meu ambiente. Eu fui criado e educado pelos sistemas e instituições já formados, tais como creche, escola, meio de comunicação de massa, e assim por diante. Quem sou eu depois de tudo isso? Eu sou um pedaço de massa cozida num forno comum num naco de pão normal.

Quando eu percebo isso, uma pergunta surge em mim: Isso que é a vida? O que ela me dá além de preocupações infinitas, uma fuga constante do sofrimento e breves momentos de prazer? Esta é a realização do mal: eu começo a pensar sobre a essência do que está acontecendo, sobre a minha viagem e seu fim, e eu entendo que não existo. Há apenas uma máquina que eu não comando nem controlo. Quando há um conflito de algoritmo no computador, ele dá uma mensagem de erro. Eu também respondo aos problemas, embora de uma forma sensorial. A pressão salta de algum lugar, e eu sinto dor. Isso é tudo o que é.

Neste caso, eu simplesmente não tenho nenhuma razão para viver. Muitas pessoas chegam a esta conclusão. A única coisa que as segura é o medo instintivo da morte, e mesmo isso nem sempre funciona.

Aqui é onde eu começo a busca pela verdadeira liberdade, a minha verdadeira essência. O caminho para isso está em se tornar como o Criador, sem adorar ou anular-se diante Dele, mas realmente se tornando como Ele. Eu devo crescer e me tornar mais parecido com Ele. A independência e a liberdade absoluta são inerentes ao Criador. Não há outro além Dele em toda a natureza. Eu posso crescer de acordo com o mesmo princípio quando não há mais ninguém além de mim em toda a natureza.

Este é o método Cabalístico. Nós buscamos liberdade e independência. A coisa mais dolorosa é o fato de que eu não existo. Onde eu posso encontrar o meu “eu”? Essa busca do meu próprio “eu” é a minha vida inteira. Eu quero uma maior auto-expressão. Eu quero governar sobre todo mundo e receber. O que é tudo isso? É para o meu “eu” se formar e crescer. Aqui, a Cabalá explica que adquirir o seu “eu” significa adquirir as qualidades do Criador, em outras palavras, adquirir a liberdade.

Pergunta: Então, como eu posso encontrar o meu “eu” sem livre-arbítrio?

Resposta: O ponto inicial do meu “eu” se manifesta através de perguntas sobre o significado e a essência da vida. Uma pessoa que chega a Cabalá já tem este ponto de escolha, o ponto no coração, uma centelha, o outro lado da linha média, o reverso da liberdade, o sentimento de vazio e falta.

Eu não tenho liberdade, e é por isso que eu faço perguntas sobre o sentido da vida. Isso é exatamente o que me falta. Eu não me importo sobre a própria vida, eu preciso encontrar o meu “eu”.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 13/12/11, “A Liberdade”