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De Um Ponto Para O Primeiro Nível Espiritual

Dr. Michael LaitmanPergunta: Depois da Convenção, eu sinto enorme separação e repulsa, que nunca senti antes. Isso pode ser resultado de eu ter trabalhado incorretamente na Convenção?

Resposta: Após o tipo de união e ascensão que sentimos na Convenção, se a pessoa sente repulsa, separação e confusão, estes são estados corretos. A resistência de nossa natureza egoísta deve se acumular, e para contrabalançá-la, nós temos que lutar contra esses estados.

Se nós nos mantivermos no mesmo ponto de união que atingimos, em virtude do egoísmo, que se apega a ele, este ponto começará a crescer. Nós recebemos um exemplo e devemos viver nessa mesma inspiração. Nós já possuimos um estado chamado de “união”, que alcançamos durante a Convenção na forma mais clara  e vívida. Eu devo preservar este estado, tentando permanecer nele em cada momento da minha vida.

É verdade que agora eu receberei imediatamente todos os tipos de distúrbios, mas todos eles são destinados a me fortalecer ainda mais no mesmo ponto que eu atingi na Convenção. Então, este ponto crescerá com base em todos esses distúrbios. Eles entrarão nele e o apoiarão com a ajuda de meus esforços. Depois, este ponto se expandirá. É assim que eu aumento este ponto até o tamanho do primeiro nível espiritual. Eu não tenho qualquer outra oportunidade de crescer na espiritualidade, exceto em virtude dos distúrbios, a “ajuda contra mim”.

Da Lição Diária de Cabalá 12/12/11, Escritos do Rabash

Não Se Esconda Atrás De Uma Tela De Computador

Dr. Michael LaitmanPergunta: Depois da união que sentimos durante a Convenção, a pessoa deve estudar conosco virtualmente ou procurar um grupo físico?

Resposta: Hoje, procurar um grupo não é o mesmo que há 200 anos, quando a pessoa deixava sua casa com um cajado na mão e partia para buscar. Hoje a pessoa entra na Internet e já está junto conosco, no grupo comum. Ela já participou da convenção e entende o que é isso.

Ela deveria procurar um grupo físico? Eu não sei se ela tem essa oportunidade. O grupo mais próximo pode estar várias horas longe dela.

No entanto, ela deve tentar se manterconectada às pessoas. Às vezes, você tem que sentir o quanto você não quer a conexão. Talvez ao se conectar aos outros virtualmente, você idealize a situação, pensando que já está totalmente unido a eles, quando na verdade você está se escondendo atrás da tela do computador. Então, saia de trás do monitor e se conecte com eles de verdade. Vá e veja se isso é possível…

Obviamente, agora, depois da nossa união na convenção, nós estamos começando a sentir repulsa, confusão e separação – estados que são opostos à união, um contra o outro. Isso porque, a fim de crescer, nós devemos sempre avançar sobre duas pernas. Portanto, não se surpreenda que, de repente, nos encontremos em estados opostos. No final, nós devemos nos acostumar com o fato de que esses estados devem se alternar e seguir um ao outro.

Portanto, se a pessoa não tem uma estreita conexão com determinado grupo, ela não passa por esses estados de forma dramática, rápida e intensa. Tudo isso se torna prolongado e “confuso” para ela. Contudo, ela deve ter algum tipo de conexão física com os outros. Afinal, nós estamos neste mundo e não podemos anulá-lo completamente. Nós não podemos transformar este mundo num mundo virtual. Nós estamos aqui em nossos corpos em todos os tipos de conexões entre nós porque isso é importante. Nós aceleramos o tempo tendo uma conexão física entre nós.

Da Lição Diária de Cabalá 12/12/11, Escritos do Rabash

A Integração Só Pode Ser Total

Dr. Michael LaitmanNas notícias (do RIANovosti): “O declínio do euro pode estar mais perto do que as autoridades da zona do euro pensam. Jacques Attali, ex-presidente do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), disse que o euro pode não sobreviver depois do Natal. O Wall Street Journal escreve que empresas fornecedoras de software para negociação de câmbio exterior “estão testando sistemas que possam lidar com negociação de moedas européias anteriormente abandonadas”.

“‘A questão agora é: Será que o euro ainda exitirá perto do Natal? Há mais de uma chance em duas que a moeda única não sobreviverá’, disse o economista francês”.

Meu comentário: Em qualquer caso, só há dois caminhos diante de nós:

  • o caminho do sofrimento, se persistirmos em nosso egoísmo;
  • o caminho do prazer, se estivermos de acordo para lutar pela união.

A integração não pode ser parcial; neste caso, apenas econômica. Ela deve ser geral e completa. Caso contrário, ela é como uma virgem parcial, um ladrão parcial, um fiel parcial, e assim por diante. Isso porque as partes que não estão integradas quebrarão a parte integrada.

Envolto Numa Nuvem De União

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que significa direcionar todos os nossos pensamentos e desejos na direção do Criador? Como podemos incorporar o Criador em todo este processo?

Resposta: Primeiro, nós temos que fazer tudo que está em nosso poder para nos conectar, a fim de sentirmos a união. Devemos sempre sentir essa união acima de todos os distúrbios que experimentamos em nossos pensamentos e desejos. Não importa o que eu faço, eu faço isso sentindo que o grupo está dentro de mim. Se você puder, tente imaginar que o Criador também nos preenche e está dentro de nós.

Eu os advirto: Nós não seremos capazes de reter por muito mais tempo o estado de união sentido durante a convenção. Obstáculos mais sérios surgirão, e não eu serei capaz de me conectar com os amigos e certamente esquecerei o Criador.

Estes problemas são dados a mim de propósito para que eu tente me anexar ao grupo e peça ajuda ao Criador, exija que Ele realize a nossa conexão. O Criador é o atributo de doação e amor, e eu quero que o atributo de doação habite entre nós.

Se nós não nos vemos como corpos corporais, mas sim fechamos os olhos e sentimos o campo no qual compartilhamos uma sensação comum, então aquele que estabiliza, preenche e sustenta esse sentimento, a força principal que organiza, cria e mantém tudo isso é chamada de “Criador”.

A força de doação existente na criação é o Criador, a Sua parte da frente, e a força de recepção na criação é o seu verso. E eu sou o ponto negro da “existência a partir da ausência (Yesh Mi Ain)”, situado neste campo de força de doação e recepção.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/12/11, Escritos do Rabash

O Zohar: A Narrativa Sobre A União

Dr. Michael LaitmanO trabalho espiritual se concentra na união entre nós e na fusão com a força superior que nos molda. Como eu posso de forma rápida, correta e efetiva, unir os três fatores: eu, o grupo e o Criador? Para conseguir isso, os Cabalistas escreveram seus livros para nós. Na realidade, esses livros são destinados a eles, para que eles possam compartilhar impressões e se unir e uns com os outros.

Quando eu leio um livro escrito por um Cabalista, ele me revela o que descobriu por ele mesmo. Obviamente, ele não escreve sobre o mundo material, mas sobre a sua realização espiritual, sobre os vários estados espirituais, e durante a leitura, eu também os experimento.

Em nosso mundo, ao ler uma ficção, eu me imagino como o herói, vivendo através da situação descrita. No entanto, ao ler um livro de Cabalá, o Cabalista não fantasia, mas experimenta o estado espiritual apropriado, sentindo o mesmo que o autor. Em sua época, o autor revelou uma realidade, e agora eu entrei nela, descrevendo-a dentro de mim mesmo por meio de forças espirituais.

Os Cabalistas poderiam se limitar à linguagem técnica dos símbolos, como os programadores que escrevem códigos na “linguagem de computador”. Às vezes, nós vemos aqueles “hieróglifos” na tela e não podemos compreendê-los. Na verdade, nada mais é necessário. Afinal, eu só preciso saber como combinar os meus desejos: em qual forma de doação, em relação a quem e para quê. Assim, eu descrevo um estado particular. Eu percebo uma imagem da realidade dentro de mim, em meus desejos e pensamentos, e ela pode ser descrita de uma forma simples.

O Livro do Zohar é diferente. Ele é escrito numa linguagem poética e fala de nossos sentimentos, utilizando os conceitos de nosso mundo e sua psicologia. Nós não devemos esquecer que realmente falamos do mundo espiritual, da nossa realidade interior, como estamos unidos uns com os outros. Qualquer estado descrito no Livro do Zohar mostra-me como eu, o grupo e o Criador nos unimos novamente. Esta é a única coisa que se deve pensar ao ler O Zohar. Assim, o livro certamente nos ajudará a revelar as relações nos níveis mais elevados.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/12/11, O Zohar

À Medida Que Subirmos, O Medo Aliviará

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que é o medo?

Resposta: O medo é sempre o medo de perder algo. Afinal, eu sou apenas o desejo de desfrutar. De que este desejo tem medo? De que algo que ele possui desaparecerá dele, ou que ele não será capaz de conseguir algo a que realmente aspira. Em resumo, é o medo de perder.

A confiança contrabalança o ego, o desejo de desfrutar. Esta é a confiança de que eu não sentirei nenhuma falta, de que eu sempre existirei dentro dos meus amigos, que eu sempre estarei satisfeito com eles em todos os aspectos, e que nós, sem dúvida, alcançaremos a Luz superior que nos preencherá. Nada vai me incomodar uma vez que eu subir acima do ego.

Nós temos que alcançar a qualidade de doação. A qualidade de doação é a sensação de absoluta confiança. Eu não sinto qualquer falta, e já não tenho quaisquer preocupações, medos ou temores. Este é o estado de Hafetz Hesed (aquele que não quer nada para si), como na parábola sobre o homem justo que vive na floresta sem uma camisa sequer. Ele não precisa de nada.

Neste caso, eu não tenho problemas. Eu me separo do meu desejo de desfrutar. Ao fazer isso, eu adquiro a confiança no estado de Hafetz Hesed. Por que a confiança é chamada de vestimenta da Luz? Porque a Luz de Hassadim (Misericórdia) é a vestimenta para a Luz de Hochma (Sabedoria). É exatamente isso que eu preciso. Outra palavra para a Luz de Hassadim é confiança. A separação do ego (o grau de separação) é referida como confiança.

Quanto mais eu avanço, mais o meu ego cresce de acordo com o princípio de “quem é maior do que seu amigo, seu desejo é maior do que ele”. A cada instante, eu recebo um ego maior, preocupações e temores ainda maiores. À medida que eu subo acima disso, eu adquirir uma maior qualidade de Hesed. Isso significa que eu adquiro mais confiança. Eu não dependo de meu desejo de desfrutar. Não estou preocupado em perder ou não alcançar algo.

Quando nós alcançamos a espiritualidade, o grau de Hafetz Hesed, nós paramos de nos preocupar, a tal ponto que paramos até de nos preocupar com nós mesmos, se alcançaremos a Luz superior. Este é um estado totalmente oposto: eu queria alcançar o mundo espiritual tão arduamente, adquirir a qualidade de doação; eu pensava que ele me daria possibilidades ilimitadas. De repente, eu descubro que não quero nada. Estou muito bem como estou. Então, eu começo a trabalhar com o ego de uma forma diferente.

Nós falaremos sobre esses estágios avançados, mas a nossa primeira parada é atingir um estado onde eu subo acima de tudo o que eu tenho agora, quando eu me dissolvo no grupo. Então, eu realmente não sinto nenhuma falta, e posso começar a revelar a Luz superior.

O que é a Luz superior? É o grau de doação da pessoa aos outros, uma preocupação em relação ao quanto ela satisfaz os outros através de si mesma, ao invés de se preocupar com o quanto ela recebe e como ela é satisfeita. Acontece que nós começamos a acrescentar uma outra dimensão em relação ao nível que alcançamos, elevando-nos acima do nosso ego. Quanto passará por mim aos outros? Quão forte nós nos conectaremos em nosso Kli (vaso) comum? Todos satisfazem a todos.

Tente pensar desta maneira: ninguém é capaz de fazer isso sozinho, mas pode fazê-lo através da ajuda mútua, como está escrito: “Eles ajudaram a cada um de seus amigos”. Esta é a única maneira do vaso espiritual (Kli) se revelar. É na interconexão, no cuidado e na ajuda. Isso não pode acontecer em qualquer pessoa, individualmente; ela não será capaz de sentir a Luz.

Individualmente, é possível se separar do ego e não desejar nada. Mas quando eu subo a um estado onde não desejo nada, qual é o problema? O que me falta? Falta-me a conexão com os outros, para que toda a bondade (a Luz superior) flua através de mim a eles. Então, a Luz se revela, passa por mim, e eu sinto a minha doação aos outros. Isso se torna nosso vaso espiritual comum porque não há nada dentro de mim, sozinho. É apenas formado na união entre nós.

Nós já sabemos que precisamos trabalhar com estes estados de sensações mútuas. Nós precisamos tentar um pouco mais, um pouco, e depois isso acontecerá. Nós devemos nos agarrar a este estado.

Agora, nós estamos começando: todo mundo está tentando superar a si mesmo, conectando-se com outras pessoas em coração e mente. Nós devemos inventar certa dimensão superior, onde todos nós existimos. Nós alcançamos este estado no deserto de Arava. Nós tivemos essa sensação. Agora, nós temos que alcançá-la novamente.

Vamos tentar fazer isso: todo mundo, suba e se conecte ao desejo comum, a sensação comum, o pensamento comum, pairando sobre nós. Não tenha a sensação do corpo; em vez disso, deixe este “animal” viver perto de nós, como um cão perto de seu mestre.

Nós devemos estar conectados entre nós num desejo comum, a confiança, onde existimos acima do nosso ego. A Luz de Hassadim, que nos preencherá, é o Kli para a vestimenta da Luz de Hochma.

Da Lição Preparatória para a Convenção Mundial Arvut 2011

Nuances Da Teoria Da Dualidade

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Paz”: Eles acharam difícil aceitar a suposição da supervisão da Natureza… Em conseqüência, eles chegaram a uma segunda suposição, de que existem dois supervisores aqui: um cria e sustenta o bem, e o outro cria e sustenta o mau. Eles têm aprimorado muito esse método com evidências e provas ao longo do seu caminho.

A teoria da dualidade é uma etapa natural do desenvolvimento. A Natureza nos afeta de diferentes formas, e nós sentimos as coisas positivas e negativas nela. Sentimo-nos bem e mau e, naturalmente, dividimos a realidade em duas partes. Afinal, nós não temos outro sensor senão o desejo de receber.

Os cinco sentidos são tipos de sensores mecânicos cujas leituras não significam nada por si só. O desejo de desfrutar está por trás da visão, audição, paladar, olfato e tato. Ele exibe as características positivas (+) e negativas (-) dos dados que eu percebo. Esta é a única coisa que importa para mim, a única coisa que o meu desejo reconhece, o que é bom e ruim para mim.

Consequentemente, eu divido a realidade em duas partes: positiva e negativa. Isto é fortemente manifestado em crianças pequenas que evitam determinados lugares e coisas, mas gostam de outros. O homem também tem este estágio de desenvolvimento, onde ele distribui tudo entre duas forças. A própria natureza nos leva a isto porque nós vivemos através das sensações.

Esta teoria é muito simples, mas é importante entender que ela não é limitada pelas sensações individuais boas e más, mas as transfere para a natureza. Ela atribui as intenções correspondentes para a natureza às nossas custas. Desta forma, nós atribuímos à natureza certo poder, atitude e a intenção de nos ajudar ou prejudicar. Sem isso, ninguém poderia acreditar que a natureza tivesse uma intenção, um projeto ou um plano, mas ela é vista como algo inanimado, não mais do que isso.

No entanto, quando a natureza tem poder, já não é mais sem personalidade. Já não é um conjunto de leis fixas e impessoais determinadas pela interação de partículas elementares. Não, o poder da natureza é algo mais. Ele pode ser simples ou duplo.

Em geral, a dualidade é uma teoria muito lógica, porque tudo no mundo é baseado em dois opostos, um positivo e um negativo, começando com os elétrons e prótons na estrutura atômica. À primeira vista, os dois poderes realmente se opõem um ao outro, e tudo depende do equilíbrio de forças entre eles.

Isso levou o homem a criar a mitologia. Nós temos dotado a natureza com um desejo, um programa e um propósito, e isto se tornou um marco importante no caminho.

Da  4a parte da Lição Diária de Cabalá 02/12/11, “A Paz”

Há Um Meio No Mundo

Dr. Michael LaitmanPrimeiro de tudo, nós temos que preencher a condição de que doar é mais importante que receber, ou que a fé deve estar acima da razão. Depois que a pessoa aceita essa condição, esta deve ser realizada, ou seja, a pessoa deve alcançá-la em suas qualidades, em sua matéria.

Por essa razão, existe um meio que é tão importante quanto a meta, porque sem o meio é impossível alcançá-la. Além disso, eu não jogo fora esse meio tão logo eu alcanço a meta. O meio em si torna-se o estado final em que vivo, sinto e atinjo a meta. Em outras palavras, o meio se torna a essência do estado desejável.

Assim, a busca pelo meio para alcançar a meta é tão importante para nós. Mas qual poderia ser o meio, se eu já decidi que doar é a minha meta? Neste mundo, o meio é aquele onde existem pessoas que aspiram à meta como eu! Elas têm o mesmo desejo, que me apoiará e nos deixará agir em conjunto. Conectando-se a elas, eu posso fortalecer o meu desejo e multiplicar a minha força.

Eu não tenho outro lugar para ganhar força. A Luz está esperando por mim acima e está pronta para ajudar, sob a condição de que eu concorde em subir de um nível para o outro, de uma doação menor para uma maior. Mas como é que eu quero mais doação, como é que eu quero subir mais alto?

Isso é absolutamente impossível para mim, porque eu estou num determinado estado e não consigo sair dele. Eu posso assumir que, possivelmente, seja agradável sair dele, mas “possivelmente” ainda não é um desejo real. É muito bem sabido que nós podemos pensar e dizer palavras bonitas por anos sem sentir a real necessidade de alcançar isso.

Eu não sofro por não ser capaz de doar. Eu não derramo lágrimas por não ser capaz de dar ao outro. Eu nunca vi nada parecido acontecer com alguém, porque nós nos encontramos vivendo dentro de um nível materialista e egoísta. Como eu faço, neste nível egoísta (do qual toda a essência é o desejo de receber, que define os meus pensamentos, desejos, aspirações e comportamento), para desejar algo superior a mim? Isso é como uma planta que, de repente, quis se tornar um animal, o que é totalmente inacreditável.

Mas as coisas são ainda mais complexas porque a diferença entre uma planta e um animal é apenas no tamanho do desejo, enquanto aqui o desejo é oposto. Eu tenho que querer algo que é contrário a mim: querer doar em vez de receber. Assim, nos recebemos um ambiente que pode nos ajudar a adquirir o desejo pelo próximo nível. O ambiente é construído de tal forma.

Esses não são meus amigos corporais que estão no mesmo nível que eu. O ambiente é algo que está oculto dentro da nossa unificação. Se eu começar a agir com respeito para com eles, usando este meio especial chamado grupo, o ambiente, eu serei capaz de receber um novo desejo em direção ao nível mais elevado.

Eu uso vários meios, tais como “inveja, luxúria e ambição”, que, como se diz, “tiram a pessoa deste mundo”, ou seja, eles elevam a pessoa deste nível para o próximo nível. A fim de obter isso, eu preciso “comprar um amigo”. Se eu me relacionar adequadamente com os amigos no caminho, eu comprarei deles um desejo adicional que me falta, a fim de subir ao nível superior.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 01/12/11, Escritos do Rabash

As Mãos Que Seguram Você Acima Do Abismo

Dr. Michael LaitmanA centelha de doação é anexada ao meu enorme ego, uma pequena centelha acima de toda essa montanha. Esta centelha está lá apenas com a condição de que eu a eleve acima do ego, isto é, queira que a minha cabeça esteja nas nuvens. Portanto, como eu faço para me desligar do egoísmo e estar nesta centelha, em vez de estar dentro do enorme ego, as características, desejos, hábitos e educação que compõem o todo de mim?

Obviamente, isso é impossível, todo mundo percebe isso. A pessoa descobre que é completamente incapaz, mas ela entende que precisa alcançar o propósito da vida. Ela não deseja morrer como um animal! Ela quer revelar o mundo espiritual, alcançar o sentido da vida e sentir todo o universo. Ela não concorda em desperdiçar toda a sua vida e morrer como animal, sem recompensa, objetivo, conhecimento, significado, compreensão ou amor.

Então, como eu posso quebrar este ciclo? Eu quero tudo isso egoisticamente, mas mesmo assim sou incapaz de manter esses pensamentos. A vida cotidiana está me enterrando sob o seu peso, e até mesmo egoisticamente, não me permite pensar na recompensa espiritual, olhar até mesmo um pouco acima deste mundo.

Está escrito que “um prisioneiro não pode se libertar da prisão”. Em outras palavras, eu sou incapaz de me puxar pelo cabelo do pântano onde estou. No entanto, eu devo me esforçar o máximo possível e tentar fazer isto muitas vezes para entender que devo me unir com o ambiente.

Isso só é possível com a condição de que eu veja que nada pode me ajudar. Eu continuarei vivendo essa vida de cão até que eu morra, sem qualquer satisfação, amor ou significado, e sem ter alcançado nem mesmo um dos meus objetivos egoístas. Somente se eu tentar todos os meios possíveis é que eu alcançarei tal dor.

Nenhuma inteligência ou habilidade especial é exigida, apenas teimosia. Como se diz: “Faça o que quiser, mas não abandone”. Você chegará à decepção completa em sua força e perceberá que apenas o grupo pode ajudá-lo. Essa é a sua única esperança. Ninguém mais pode lhe salvar. Seus sentimentos refinados, mente, experiência, educação, dinheiro e força não são nada! Você só precisa do grupo.

Eu vejo que fiz tudo que podia com a minha força, dinheiro, mente, desejos, características e hábitos. Eu tentei milhares de coisas diferentes, e nada ajudou. Eu perdi completamente a esperança neles. A única coisa que resta é eu me transformar. Em vez de tudo o que tenho, eu deixo o grupo entrar e me preencher. Deixo que ele me dê seus desejos, pensamentos, inteligência, sentimentos, mente e coração – tudo! Deixo inclusive que o grupo transporte meus órgãos; se eu ficar com o que tenho, eu terminarei minha vida como um animal.

Se eu chegar a este tipo de desespero, este é o início da unificação com o grupo. Esta grande conquista só vem depois de eu me deseperar completamente com minha própria força. Eu posso ver que nada ajuda. Assim, eu estou disposto a subir acima de mim mesmo para o lugar onde meus amigos estão, para o coração e a mente do grupo.

Agora, cada um entende que nada mais pode ajudá-lo, e que deve depender dos outros. A garantia mútua é a nossa salvação. Se os amigos me deixam eu estou acabado. É como se eles estivessem me segurando sobre um abismo. Se eles pararem de me segurar, eu cairei nele. Eu dependo deles 100%. Minha vida espiritual e a morte estão nas mãos do grupo.

Nesta situação, a pessoa certamente precisa da garantia mútua e está disposta a perseguí-la. Ela está disposta a pagar por isso com toda a força que ela tem. Ela está disposta a dar ao grupo, apoiá-lo e sacrificar tudo apenas para que o grupo a segure.

Acontece que a vida espiritual individual de cada pessoa depende do grupo, e o grupo inclui todos. Isso é o que chamamos de ajuda mútua. Todos devem dar ao grupo, e este grupo tem o apoio de todos. Esta é a garantia mútua.

A garantia mútua não existe entre indivíduos. O grupo é um conceito superior, não a nossa interação no nosso nível.

Da Lição 2, Convenção Arvut no deserto de Arava 18/11/11