Tudo Se Resume Aos Sentimentos

Dr. Michael LaitmanBasicamente, nós não temos mais nada a aprender, exceto o conceito de Arvut (garantia mútua). Nossa vida inteira e tudo o que nos ajudaria no caminho para a outra vida, para outra existência, é alcançado dentro do vaso chamado “Arvut“.

O Criador nos criou com o desejo de receber egoísta . Este desejo sente a si mesmo. Portanto, nós somos, em resumo, vasos de sensações.

Antes da minha chegada ao Rabash, eu tinha estudado as fontes Cabalísticas por alguns anos. Eu empreguei os métodos racionais regulares e tentei compreender o material através do intelecto, como é costume em outras ciências. Afinal, a sabedoria da Cabalá é uma ciência. Mas o Rabash me disse que na Cabalá é tudo uma questão de sentimentos.

Para mim, “emoções” eram algo sem importância: hoje eu me sinto assim e amanhã eu me sinto diferente. Eu posso beber um copo de vinho e a vida será mais alegre, e eu posso escutar algo triste e ficar triste comigo mesmo. As emoções são algo irreal; elas mudam, dependem do ambiente, dos rumores e de muitos outros fatores.

Eu continuei estudando com o Rabash e mantive a abordagem científica: eu usei o meu intelecto, mas eu usei-o sobre as emoções. A sabedoria da Cabalá pesquisa a Luz, a bondade e o prazer, a paz e o movimento, a superação, a aproximação ou o afastamento… Tudo isso nos diz o que está acontecendo dentro do desejo. Embora o nosso trabalho seja calibrado de acordo com vários parâmetros, é apenas para captar e sentir alguma coisa dentro do desejo. Todo o nosso desenvolvimento tem uma natureza emocional e é determinado apenas de acordo com a medida que penetramos dentro das nossas sensações.

É claro, os sentimentos são acompanhados pela razão, porque nós precisamos nos desenvolver intelectualmente, de forma consciente. Quando sentimos algo, nós precisamos saber como medir esse sentimento, estar conscientes do tipo de sensação: será que nós a percebemos como externa ou interna, é imaginária, como é possível examiná-la e como nós vamos de valores e padrões atuais para outros, os valores mais reais?

Eu preciso comparar objetivamente um com o outro, fora dos meus atuais sentimentos subjetivos e da minha compreensão, que é chamado de “acima da razão”. Eu começo a compreender que a “razão ”é um vaso para a emoção, preenchido com a Luz de Hassadim (misericórdia) e a Luz de Hochma (sabedoria). Quando a Luz de Hochma enche meus vasos, minhas emoções, ela me dá os fatos, e a Luz da fé me permite ampliar esta “matéria factual” em mim. Mas, de uma forma ou de outra, elas são percebidas dentro da sensação.
Se a pessoa penetra um pouco mais fundo dentro da essência da sua percepção de seu mundo, ela entende que tudo depende apenas do sentimento. Nós somos sistemas analógicos, não digitais.

Quando eu servi no exército, eu descobri, para minha surpresa, que nos jatos F15, os painéis de instrumento estão cheios de mostradores, apesar de que para o equipamento em terra um painel de controle digital era usado. Os especialistas entendem que o homem é um sistema analógico. Ele pode rapidamente identificar situações, mas não dígitos. Quando ele rapidamente olha para o “painel de controle”, ele imediatamente se agarra a sua imagem geral. Quando se trata de valor numérico, ele tem que traduzi-los dentro de si em alguma sensação, enquanto o mostrador na escala automaticamente infunde nele este sentimento.

Assim, nós somos criaturas sensitivas, e todas as nossas vidas são construídas sobre o sentimento. Mesmo que nós meçamos nossa vida de acordo com o dinheiro, poder ou controle, no final, tudo isso é só para chegar a uma conclusão correta: nós precisamos desenvolver nossos vasos reais, vasos de sensações.

Os políticos, burocratas ou tecnocratas que usam a abordagem científica, racional, “digital”, nos parecem bastante respeitáveis. É como se ele não fosse digno deles desenvolverem sentimentos. No entanto, os tecnocratas são muito limitados. Eles ainda não passaram dos seus cálculos pessoais simples, como “dois multiplicado por dois”, para a essência dos cálculos. Ao experimentar outras pequenas crises, eles entenderão o que perderam. Esta é a maneira como as crianças crescem. Mas, em geral, é desejável que o intelecto e os sentimentos se desenvolvam reciprocamente na pessoa, em harmonia.

Da Lição Diária de Cabalá 20/11/11, “A Arvut (Garantia Mútua)”