A Regra De Hillel

Dr. Michael Laitman“Faça aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem a si”. O sábio Hillel formulou esta regra para aqueles que queriam livrar-se da sua intenção egoísta, para se aproximarem do mundo espiritual, e para perceber a revelação do Criador e os benefícios que traz.

O Homem é confuso. Ele não sabe como abordar isto, e normalmente confia em ser capaz de usar as suas qualidades actuais e desejos que pertencem ao nosso mundo. Afinal de contas, ele aprendeu coisas, recebeu uma educação e atingiu algo em vida. Ele pensa que a subida para o próximo degrau é concretizada seguindo o mesmo cânone. E este é o problema.

Habituámo-nos aos mecanismos de relacionamento familiares a nós desde a infância, as leis e tradições reconhecidas. Inconscientemente, o corpo dirige-nos e leva-nos a pensamentos, acções e movimentos, e soluções definidas pelo sistema. Nós não percebemos que o mundo espiritual requer reavaliação absoluta de todas as bases. Eu não continuo o caminho anterior. Em vez disso, acabo com ele e subo para um novo vector, uma nova dimensão que nem eu próprio podia imaginar antes. Esta não é só uma viragem, é um passo no desconhecido.

Antigamente, havia uma pessoa que desejava alcançar a doação, ir de uma intenção egoísta para uma intenção altruísta, do mundo corpóreo para o mundo espiritual. Ela veio ter com Hillel. A pessoa já percebia que não era capaz de o fazer por si mesma e que não conseguia avançar pela sua própria compreensão. Afinal de contas, a aprendizagem espiritual não é um curso universitário. Não pode ser dominada através de livros ou guias auto-didactas.

O convidado de Hillel percebeu que precisava de ouvir o conselho do sábio e segui-lo “com os olhos fechados”. Ele percebeu que esta era a única forma dele poder ser bem sucedido, sendo que não era capaz de ver o caminho abrindo-se à sua frente, o qual não pode ser visto com uma visão egoísta. É por isso que ele foi ter com Hillel com a sua questão.

Hillel personifica o corpo colectivo de regras, Halacha, por outras palavras, as regras para completar o caminho (Alicha) em direcção ao propósito da criação. A sua resposta foi simples: “Deixe as teorias. Existe apenas uma regra: ‘Faça aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem a si’”.

De forma a testar se você está no caminho certo, você constantemente, a cada momento, precisa testar-se a si mesmo em relação ao seu amigo. Consegue pensar tanto em si mesmo como pensa nele? Consegue de coração aberto trocar de lugar com ele e preocupar-se com o seu amigo da mesma forma que se preocupa consigo próprio? Consegue preocupar-se consigo mesmo da mesma forma que se preocupa pelo seu amigo? Mesmo se você o estiver a criticar por dentro, você deve elevar-se acima disso, estar acima da sua atitude negativa para com o seu semelhante em todas as suas manifestações.

Esta é a primeira metade do caminho, quando você começa a estabelecer contacto com os outros. Isto manifesta-se em si deixando de ser um distúrbio. Você fica preparado para uma ligação, mas você simplesmente não é ainda capaz de a perceber. Desta forma, você evoca a Luz que Corrige, e ela fá-lo avançar.

Claramente, o entendimento do princípio de “faça aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem a si” divide-se em muitas etapas. Cada etapa é algo diferente, novo, e especial. Uma e outra vez, você continuará a descobrir fragmentos maiores da imagem geral. Agora mesmo, você pensa que é suficiente apenas interagir com o seu semelhante. Contudo, o seu desejo egoísta irá tocá-lo constantemente. Irá tocá-lo muito. Você irá querer objectar dele, contradizer, esmagar, e matá-lo.

Haverão muitas opções. Então, você começará a apreender o seu mecanismo interno em relação à regra de “ame o seu próximo como a si mesmo”. O seu próximo não é tanto o problema aqui quanto a sua ascensão sobre o egoísmo em direcção ao nível de Bina, o estado de Hafetz Hesed (deleite na misericórdia).

O seu “semelhante” é o seu equipamento de exercício, a amostra, o critério, em relação ao qual você consegue controlar as abordagens espirituais, leis, e condições aqui no nosso mundo. Afinal de contas, nós devemos revelar o mundo espiritual especificamente no nosso mundo, e não para lá do horizonte. Sim, a dimensão espiritual irá trazer novos parâmetros, mas eles serão revelados nos relacionamentos entre nós, entre todas as pessoas. É por isso que está escrito: “Faça aos outros aquilo que gostaria que lhe fizessem a si”.

Este princípio é claro para todos, e qualquer um pode percebê-lo. Não precisa de quaisquer requisitos preliminares para a pessoa. Aja como você é. Existe um grupo perante si, e você consegue trabalhar nesta condição juntamente com os seus amigos. Pare de procurar outras coisas. Você não tem outro método que leve à revelação do Criador. Tal é a primeira condição no nosso caminho.

Existe um total de duas condições, e ambas estão dirigidas ao “semelhante” perante si. A segunda e última condução é “Ame o seu próximo como a si mesmo”.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 30/10/11, “O Amor pelo Criador e Amor pelos Seres Criados”