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O Mundo Material Como Uma Garantia De Segurança

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que nós precisamos dos desejos do nível animal se não os corrigimos? Qual é o seu uso?

Resposta: Nós precisamos desses desejos para existir fora do mundo espiritual. Eles nos dão a oportunidade de ascender sem sermos dependentes do mundo espiritual, sem sermos subornados por ele.

Isso nos permite viver sem “favores espirituais”. Nós continuamente decidimos se devemos ou não nos unir com os nossos próximos, o grupo. Às vezes, nós queremos largar tudo e ir embora, e realmente temos essa oportunidade.

Por outro lado, se tivéssemos apenas desejos relacionados com o grupo, seríamos semelhantes, digamos, às formigas. Sem ter mais nada, nós viveríamos a vida da sociedade involuntariamente, e estaríamos novamente no nível animal, corporal.

No entanto, eu vivo no meu corpo e posso aspirar ou não à espiritualidade. Isso me permite ser uma pessoa espiritual, porque eu alcanço a forma de doação por mim mesmo, apesar do meu desejo natural inicial. O Criador criou a inclinação ao mal em mim de modo que superando-a, eu me tornaria uma pessoa livre. Eu decido se quero isso ou não por minha própria escolha.

Caso contrário, eu viveria no mundo espiritual, mas no nível animal. Eu seria um “anjo”, um “animal espiritual” que, instintivamente, ama a todos.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 23/11/11, “Garantia Mútua”

Perguntas Sobre A Simplicidade De Nossas Explicações E A Deficiência Do Criador

Dr. Michael LaitmanPergunta: No post “Clareando a Escuridão” você fala da necessidade de explicar ao mundo o que está acontecendo. As pessoas simplesmente precisam de um método! Você tem um método que possa explicar em palavras simples? Eu ainda não o ouvi, mas talvez você ou seus alunos possam explicá-lo a mim como a uma criança de cinco anos. O que é este método na prática?

Agora as aulas são divididas em partes pequenas que mal se conectam. É muito confuso o que você está oferecendo.

Resposta: Eu espero que seus amigos o ajudem a encontrar explicações simples nas minhas aulas – às vezes eu não consigo isso. Mas nós não explicamos isso ao mundo, porque ele quer apenas satisfações egoístas que possa entender.

Pergunta: Se o Criador é doação pura e não tem desejo de receber, como Ele pode querer alguma coisa? Uma carência significa deficiência, o que viola “não há outro além Dele”. Então, falar sobre o que Ele quer de nós é um absurdo, uma vez que Ele tem tudo e não há nenhuma deficiência!
Resposta: Em relação a nós, o superior é visto como a força que deseja doar, satisfazer e amar, como a força que criou tudo e guia tudo a um objetivo definido. Uma vez que ele quer doar, isso significa que ele sente falta de tal oportunidade, sente uma deficiência, como se diz: “Mais do que o bezerro quer mamar a vaca quer alimentar”.

Da Oposição À Perfeição

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam “Matan Torah (A Entrega da Torá)” (versão resumida): Porque é que o Criador não criou uma pessoa com toda a perfeição necessária para obter adesão com Ele? A razão para isto é que nós precisamos adquirir uma ascensão através da aplicação do nosso próprio esforço.

O Criador concedeu-nos a oportunidade de adquirir a grandeza por nós próprios. Nós aplicamos o nosso próprio esforço para chegar a Ele sem vergonha.

Por que é que Ele criou a vergonha e colocou sobre nós o fardo de ter de aplicar o nosso próprio esforço? Por que é que Ele se ocultou de nós? Tudo isto foi feito de forma a dar-nos a oportunidade de percebermos o sistema geral. E a única forma de perceber é ir de um estado não corrigido para um estado corrigido. A pessoa poderá perceber a perfeição se ela tiver visto o oposto dela. É por isso que o Criador nos separou e assim deu-nos a oportunidade de nos corrigir a nós próprios e recriar o sistema perfeito. Fazendo isto compreenderemos tudo na Natureza, que é o Criador.

Não há outra escolha. Esta é a única forma de podermos conhecer a criação em toda a sua profundidade. Todas as acções e estados que atravessamos ao longo deste caminho são necessários porque graças a eles, e à correcção que resulta deles, incluímos em nós próprios os vasos e as Luzes, tornando-nos assim perfeitos como o Criador. Não há outra forma de atingir este estado.

Ainda assim, porque é que não fomos logo criados perfeitos? Afinal de contas, não é o Criador onipotente? Aqui devemos perceber que criar algo no Seu nível, no mesmo estado que Ele, não seria considerado onipotência. Isto seria como se Ele não criasse nada. Se Ele está realmente a criar algo, então essa criação tem de ser oposta a Ele. Então somos deixados sem alternativa excepto adquirir a equivalência com Ele a partir da nossa oposição.

A “criatura” é alguém que possui qualidades que são opostas às do Criador e, contudo, está em adesão com Ele devido à sua correcção. É por isso que a criatura deve passar por todos os estados ao longo do caminho desta forma, revelando a profundidade total do abismo estabelecido entre ela e o Criador. Afinal de contas, ao fazer isto ela se eleva ao Seu nível.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá, 17/11/2011, “Matan Torah (A Entrega da Torá)”

A Cabeça E O Corpo Da Minha Alma

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que é uma estrutura espiritual (Partzuf)?

Resposta: Um Partzuf espiritual é formado apenas como resultado de nossa conexão com o outro. Não há ninguém que tenha o seu próprio Partzuf espiritual individual. O Partzuf é a medida de nossa conexão, e ele aparece apenas entre nós.

A nível espiritual é a medida de doação. No entanto, para isso eu tenho que doar a alguém. Digamos que eu doe a você. Isso significa que eu estou dirigindo essa doação a você, eu sou sua cabeça (Rosh). Eu ligo os seus desejos a mim mesmo a fim de satisfazê-los. Desta forma, a cabeça e o corpo da minha alma são formados (Rosh e Guf). Juntos, eles são chamados de “Partzuf“.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 17/11/11, TES

Um Pobre Homem Rico

Dr. Michael LaitmanNão há nada além das quatro fases da Luz Direta. Mas, de forma a detalhá-las, precisamos de toda a criação que foi trazida à existência por elas.

Malchut do mundo do Infinito decide que deve atingir a adesão porque não consegue suportar a separação. Está tudo cheio de Luz, e na parte da Luz, o Criador, essa é a perfeição. Mas Malchut descobre exatamente o oposto.

É como um homem pobre que vai ter com o seu amigo rico. O homem rico dá-lhe tudo do fundo do seu coração. Mas o homem pobre ainda se sente inferior, porque não é ele que ganhou tudo aquilo, e ele não consegue devolver a bondade do seu amigo desta forma.

Quando ele recebe os prazeres, ele satisfaz o homem rico, mas não foi ele que criou esta situação. Se nada mudasse excepto que tudo viesse dele, ele receberia tudo. Ele receberia e desfrutaria da mesma forma. Portanto, qual é a diferença?

A diferença está em que ele próprio tem de criar esta situação. Assim, ele tem de abandonar o estado actual e voltar a ele independentemente.

É exactamente isto o que ocorre em Malchut do mundo do Infinito. Ela tem tudo excepto esta parte extra. Há completa adesão da parte da Luz, mas ela tem de passar por restrições e pelo processo de desenvolvimento, de forma a atingir o mesmo estado. Contudo, assim o homem pobre desejará isso por si próprio!

O homem pobre permanecerá pobre, e ele desejará receber do homem rico, aderir a ele, depender dele e desfrutar do que receber dele. O homem pobre deve reconstruir esta situação até o último detalhe. Caso contrário, se ele não voltar ao estado exacto, ele irá ferir o amigo rico, o Criador.

A única adição é a minha concordância com tudo o que Você criou antes, mas que agora eu atinjo por mim próprio. Eu faço-o por mim próprio! Então, nem a pobreza, nem a fraqueza do desejo, nem a humildade da criatura é um defeito. O homem pobre volta à mesma situação, uma situação na qual ele não tem nada, e tudo vem até ele da mesa do homem rico. Contudo, agora não há mais humilhação mas uma honra.

Nada muda na situação entre os dois, excepto o facto da pessoa mostrar o quanto ela concorda com tudo!

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 17/11/11, TES

A Alma Dobrada Do Universo

Dr. Michael LaitmanPergunta: Eu não consigo ligar o relacionamento entre nós com o que estamos lendo, de forma alguma. Parece que o material que estamos lendo está suspenso no ar e não tem nada a ver comigo. Como posso ligá-lo a mim?

Resposta: No momento, você não está sentindo nenhuma conexão com o material que está lendo, porque você não está conectado aos amigos, a nenhum deles. No momento que você começar a doar a alguém, você entenderá imediatamente o que significa um Partzuf (organismo espiritual), um Tzimtzum (restrição do desejo) e uma Masach (tela antiegoísta), como calcular com a intenção de doar, de que modo você está conectado com os outros através dos Partzufim espirituais, e que é referido por Ibur (concepção), Yenika (amamentação) e Mochin (maturidade).

Qual é o significado de gerar (criar) alguém? Eu gero minha atitude em relação a alguém. Quando eu gero todas as minhas atitudes para com todos os outros, isso significa que eu gero todos os Partzufim da minha Malchut, do meu desejo.

Eu gero todos os Partzufim de baixo para cima, de minha Malchut (desejo de receber) para Keter (desejo de doar) do mundo do Infinito. Esta subida é feita de dez Sefirot e eu tenho que gerar meus relacionamentos para com o mundo inteiro dentro delas.

Como eu posso sentir o mundo inteiro e todas as pessoas? É simples. Quanto mais perto eu chego do sistema espiritual, mais claramente eu descubro a rede de conexões diante de mim. Diz-se inclusive sobre nossos relacionamentos corporais que através de seis pessoas que conhecemos, nós podemos nos conectar com o resto do mundo. Ou seja, nós vemos que isso é possível.

No mundo espiritual, você sentirá como se todo mundo estivesse realmente ao seu lado. É difícil de entender, mas toda a humanidade está ao seu lado. Você irá se conectar com cada um, não indiretamente como em nosso mundo, onde descobrimos que através de seis pessoas nós podemos entrar em contato com todos, mas diretamente, com todo mundo.

Não é como o nosso corpo em que há certa ordem e um sistema de conexões. Doando a cada parte do corpo espiritual, eu me conecto com cada uma delas diretamente, do mesmo modo que um ponto numa folha de papel, dobrada várias vezes, é colado intimamente a todos os outros pontos. Eu me conecto com todos e dôo a todos, criando os Partzufim.

Atualmente, os astrofísicos estão descobrindo que o nosso universo existe nesta forma “dobrada”.

Da 3ª parte da  Lição Diária de Cabalá 06/11/11, TES

Não Escute Os Espiões E Apenas Avance

Dr. Michael LaitmanAs etapas do desenvolvimento do desejo são frequentemente chamadas de “espiões”. A pessoa está sob a influência da Luz e sente frustração e fraqueza, ela está em desacordo com a Luz, o seu programa, e com o seu próprio objectivo. Ela está descontente com o seu desejo, qualidades naturais, e com a ajuda que a Luz lhe dá. Ela chega a um estado onde todo o poder é-lhe tirado.

No entanto, essas impressões são necessárias para o nosso desejo determinar o que lhe falta para se tornar semelhante à Luz, porque dentro do desejo, naturalmente, não há poder ou mente independente. Não há nada, exceto uma reação à Luz. O desejo de receber é construído como uma marca da Luz. Tudo o que existe na Luz está ausente no desejo, o que significa que o desejo não é nada mais do que “ausência”.

No entanto, a Luz existe; ela é “existência”. Assim, toda a abundância, tudo o que o desejo de receber adquire, é a realização da diferença entre “existência” e “ausência”. O que lhe falta ser acrescentado é chamado de Masach (tela), que o desejo usa para alcançar o grau da Luz.

No entanto, os espiões revelados em nós, que amaldiçoam a criação, o Criador, e o desejo de receber criado por Ele, são os estados que nos ajudam a avançar. Nós apenas temos que tentar ganhar força com a ajuda do grupo, o ambiente. Avançando juntamente com eles, nós superamos os espiões.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 17/11/11, Escritos do Rabash

Em Desacordo Consigo Mesmo

Dr. Michael LaitmanO desejo é a substância da criatura, o lugar onde nos sentimos vivos e revelamos a realidade dentro e em torno de nós. A Luz trabalha com o desejo e desenvolve-o de acordo com seu programa. No início, a Luz desenvolve o desejo diretamente, a fim de moldá-lo. Então, dentro do desejo criado, a quarta fase do mundo do Infinito, a Luz começa a criar as condições para a sua correcção.

Afinal, esse desejo é ainda matéria-prima. Ele não sente, compreende ou tem o livre arbítrio. Ele só opera de acordo com as ordens da Luz, que o controla. Desta forma, a Luz cria diferentes formas de desejo chamadas mundos ou ocultações. A Luz revela-se e esconde-se um pouco, e o desejo passa por mudanças, até que absorve todas as qualidades da Luz.

Quanto mais a Luz distancia o desejo de si mesma, mais eu começo a sentir quem e o que eu sou, embora o desejo ainda não tenha qualquer liberdade ou desenvolvimento independente. Tudo acontece por causa da Luz. O desejo, sendo uma substância inata, age de acordo com certas leis, e não tem qualquer escolha em suas reações.

Desta forma, o desenvolvimento chega a uma estrutura especial chamada “homem” que recebeu também a escolha de agir dentro de sua razão ou acima dela. “Dentro de razão” é uma ação que corresponde à ação da Luz. Ela é uma reação natural da matéria. No entanto, é possível obter uma reacção acima do seu desejo, que não se conforma com as leis naturais da natureza, para criar uma capacidade de reagir de uma maneira que é oposta à reação às ordens da Luz.

Esta reação oposta é chamada de “homem” porque é semelhante à Luz. Ele é chamado de criatura quando ele segue as ordens da Luz dentro do seu desejo. No entanto, quando ele não segue as ordens da Luz, mas quer subir acima do nível da matéria, quer subir ao grau da Luz e tornar-se como ela, ele deve ter uma reação oposta. De acordo com esta reação, ele é chamado de “homem” ou Adão, que significa “semelhante” (Dome) à Luz.

Assim, a matéria recebe o nome de “homem”, e seu novo desenvolvimento começa lá. Ele tem uma variedade de formas impressas nele pela Luz durante o período de crescimento natural. No entanto, agora, esse desejo começa a trabalhar por conta própria. Ele se esforça para se tornar como a Luz. Em outras palavras, ele constantemente se esforça para ter uma reação diferente ao que a Luz desperta dentro dele.

A Luz desperta reações dentro dele que são opostas ao comportamento da Luz, mas o homem deve aceitar este jogo e, acima dele, tornar-se como a Luz. Isto é referido como trabalhar com a “fé acima da razão”.

Este trabalho pode ter diferentes formas. A Luz, por vezes, revela ou esconde-se. Às vezes, ela desperta desejos maiores ou menores no homem. Através dessas influências, ela desperta e mantêm novas reações na matéria. Desta forma, a matéria aprende através de suas reações. Ela estuda a si própria e a Luz, que é um exemplo para ela. Aos poucos, ela se aproxima mais da Luz em suas qualidades, até que se une completamente com ela.

É claro que neste caminho o desejo adquire entendimento e sensações de si mesmo e da Luz. Ele aprende o programa da Luz e a atitude do Criador para com a criatura pelo modo como a Luz a trata. Por outro lado, aprende a superar sua própria natureza e tornar-se como a Luz. Desta forma, a substância do desejo gradualmente atinge o grau do Criador.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 17/11/11, Escritos do Rabash