Por Que Não Conseguimos Relaxar

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Paz no Mundo“: Como podemos sequer tentar acalmar a mente da pessoa, prometendo-lhe a igualdade com todas as pessoas no coletivo? Pois nada está mais longe da natureza humana do que isso, enquanto que a única inclinação da pessoa é subir mais alto, acima de todo o coletivo.

Mesmo que pudéssemos chegar a distribuição “justa” e a “justiça” social, a tendência de sermos superior aos outros não surgiria em cada indivíduo? Por que eu tenho que ser como todo mundo? Nós conseguimos suportar isso?

A distribuição justa em si mesma é oposta à nossa natureza, nossa essência. Afinal, cada um de nós sente a sua própria singularidade. Não há nada mais odioso do que ser como os outros, ser idêntico. Eu tenho que ser diferente de alguma maneira, oposto ou superior aos outros, caso contrário eu não sinto que sou humano.

Os animais podem ser semelhantes entre si e também as pessoas não desenvolvidas. Mas nós já passamos dessa fase. Nós já passamos pela evolução dos níveis inanimado, vegetal e animal do nível humano. Agora, nós chegamos ao nível “humano dentro do humano”, e ninguém consegue ficar satisfeito por ser como todo mundo. Poderia ter sido assim na época da escravidão ou no feudalismo, mas o mundo de hoje está mudando. Olhe para o que está acontecendo na China ou Índia, onde as pessoas costumavam ser naturalmente inclinadas a ser como as outras. Hoje não é assim.

Assim, é impossível estabelecer a justiça social, porque por natureza ninguém pode ser igual a outro. É impossível atingirmos a igualdade social no nosso mundo por nós mesmos. Quando vivíamos em tribos, tudo estava bem, mas hoje não há nenhuma chance de alcançarmos qualquer paz, satisfação ou consenso comum que não seja deixado para trás logo em seguida.

Este é um grande problema e deriva de nossa singularidade. O Criador “engenhosamente” inseriu este atributo “provocador” em nós, que quebra as nossas iniciativas sociais e não nos permite relaxar e concordar em ser como todo mundo.

Embora tenhamos esclarecido que isso venha de uma razão sublime, que este atributo se estenda até nós diretamente do Criador, que é único no mundo e a Raiz de todas as criações, ainda assim, dessa sensação de singularidade, quando ele repousa dentro do nosso egoísmo limitado, produz ruína e destruição, até se tornar a fonte de todas as ruínas que existem e existirão no mundo.

Portanto, apesar dos esforços dos manifestantes, batalhadores sinceros e instigadores, nada nos ajudará. Os conflitos nunca nos permitirão chegar a um acordo na mesa-redonda. Todos os acordos trarão novas correções e repreensões. Nenhum acordo vai durar mais que um instante.

Não significa apenas que as pessoas não possam ser iguais entre si. Hoje, a conexão mútua é necessária porque as pessoas devem se adaptar a natureza desta forma. Este é o segundo grande problema: como podemos chegar a conexão acima de todas as diferenças, todos os desejos e toda a singularidade de cada indivíduo?

Nós temos que “apagar” esta singularidade. Caso contrário, como podemos nos conectar? Ou devemos usar esta singularidade para nos conectar.

Agora, nós estamos numa posição muito delicada: a natureza do homem, com todas as suas contradições e singularidade, está empurrando-o para usar os outros. Em oposição a isso, há a necessidade de unir-se.

Da 5ª parte da  Lição Diária de Cabalá 10/10/11, “Paz no Mundo”