Entre Dois Mundos

Dr. Michael LaitmanA crise não está fora da pessoa ou nos sistemas que criamos externamente, mas sim dentro de nós. Ela está, antes de tudo, na compreensão da nossa verdadeira condição. Isso “vem” especialmente do sistema que se origina do mundo do Infinito, que estamos começando a estudar. Tudo é pré-determinado. Nós estamos simplesmente descobrindo nossas reservas internas, nossas Reshimot internas (genes informativos).

Assim, nós avançaremos até descobrir que estamos num sistema totalmente novo. No desenho, nós podemos ver um sistema, um segundo sistema debaixo dele, e um terceiro sistema em cima dele.

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Nós somos o sistema do meio, em nossas sensações comuns. O sistema inferior são as novas forças egoístas que surgem em nós. Mas, no momento, nós não sentimos claramente que elas são nossas. Elas surgem em nós do nada, como se nós fossemos controlados por elas. Existem muitas teorias sobre este assunto, incluindo algumas cósmicas.

Há um outro sistema que parece oposto a nós: o sistema altruísta, o sistema de doação, de conexão, o sistema integral. Nosso sistema egoísta é oposto ao novo sistema.

Todos estes sistemas são revelados em nós, em mim. Por que eu desenhei a mim mesmo “dentro de mim”? Porque eu sinto que as forças egoístas dentro de mim não são minhas. Elas começam a surgir em mim como estranhas, como vindo de baixo. Por outro lado, eu já sinto que me “envolvi” com algum outro sistema, que não é o que eu criei.

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Até hoje, apenas a parte do meio do sistema existia para mim, a parte que está colorida em amarelo, “eu”. Eu existo. Este sou eu. Este é o nosso mundo, onde nos orientávamos facilmente. Tudo estava bem.

Agora, eu vejo que há certos pensamentos que não são exatamente meus, e também certos sentimentos, bem como desejos. Por quê? Porque eu não sinto que eles me trazem a auto-realização, que é exatamente o que eu preciso. É por isso que as pessoas fogem para as drogas, divórcio ou diferentes tipos de horror. Elas não acham que isso é elas. A sensação do meu “eu” individual desaparece. Nós começamos a sentir que certas forças (não as nossas) estão nos preenchendo e empurrando.

Nós sentimos que o nosso egoísmo é externo a nós. É a força que chega de fora. Não sou eu. Eu sou algo diferente.

Há algo mais em mim, algo natural, e eu estou simplesmente sendo preenchido com forças egoístas. Elas me irritam. Assim, eu começo a sentir que minhas forças egoístas não são minhas, e eu as chamo de “inclinação ao mal” – os maus desejos, os desejos maliciosos, os desejos que não são meus, que foram infundidos em mim.

A pessoa torna-se separada da sua natureza. O “eu” começa a se identificar com a adição acima de sua natureza anterior. Ela já tem a sensação de que “eu” não são meus desejos, “eu” não são meus pensamentos. Eu posso me separar deles, eu posso me elevar acima deles e eu posso mudá-los.

É por isso que eu desenhei o sistema como duas partes. Isso é muito importante, porque desta forma eu já começo a me ver como algo complexo. Existe o “eu”, e existe os meus desejos e atributos egoístas que simplesmente existem em mim, mas eu posso de alguma forma anular e alterá-los. Eu não estou ligado a eles de forma alguma.

Como resultado da descoberta de “quem e o que sou eu”, eu começo a sentir que, ao mesmo tempo, estou em outro mundo. Ou seja, tudo ao meu redor parece o mesmo, mas algo está diferente, algo mudou.

Eu pareço me encontrar num ambiente onde há outros pensamentos, outros sentimentos, alguma conspiração contra mim. Eu ainda não entendi o que é, mas estou num espaço onde há muitas forças diferentes, pensamentos diferentes, e diferentes tipos de ligações que fluem em torno de mim. Eu sinto que eles existem, mas eles não me tocam. Em vez disso, eles só me envolvem, e eu não posso fazer nada com eles.

Este é o nosso sentimento do mundo: ele é muito claro e leva a resultados claros.

Da Série Lição Virtual aos Domingo 25/09/11