Um Bom Hábito: Desejar Doar

Dr. Michael LaitmanTodos sabem que o hábito se torna uma segunda natureza. Digamos que quero aprender algum ofício e ofereço-me como aprendiz a um ferreiro ou um carpinteiro. Ainda não estou familiarizado com o material, e é-me ensinado gradualmente como trabalhar com ele. Isto é, eu adquiro capacidades (hábitos) no trabalho e começo a sentir o material: como ele se comporta em resposta ao que eu lhe faço e como trabalhar da melhor forma com ele.

Com a experiência, eu ganho um sentimento adicional do material que toco. É quando dizemos que um hábito se torna a minha segunda natureza. E as coisas que antes eram estranhas, incompreensíveis, imperceptíveis e indistinguíveis para mim, eu começo a sentir e a reconhecê-las melhor. Eu até identifico os detalhes aos quais anteriormente não prestava qualquer atenção e que me fugiam.

Evidentemente, nada ocorre sem uma razão. Portanto, por que o hábito de repente se torna a minha natureza? Há sempre a Luz que trabalha na nossa matéria, o nosso desejo de desfrutar. De acordo com a aspiração do homem, o seu desejo de alcançar determinado nível, a Luz trabalha nele e leva-o para mais perto deste estado, permitindo-lhe percebê-lo e senti-lo.

É assim como temos desenvolvido através da nossa evolução por milhares de anos: tudo devido aos hábitos que eram parte da nossa natureza. A Luz permaneceu por trás de cada um dos nossos desejos e ajudou a implementá-los. O desejo atrai a Luz, o homem evolui, e assim nós crescemos.

Nós vemos como muitas vezes uma criança repete a mesma acção, até se habituar finalmente a ela (aprender) e parar. Crianças mais novas parecem fazer tais coisas tolas, mas para elas é absolutamente necessário, e é a natureza que as empurra para isso, porque é assim que elas devem crescer.

Nós também crescemos constantemente no contraste de estados opostos, nas subidas e descidas, nos sentimentos de deficiência e sua satisfação. É esse o caminho.

Nós achamos difícil acreditar que mesmo agora estamos no mundo do Infinito! Mas com a ajuda das subidas e descidas por que passamos, começamos gradualmente a habituar-nos a esta idéia. Afinal de contas, vemos que o mundo aparece tal como ele é dependendo com que olhos nós olhamos para ele. Quando eu acordo de manhã de bom humor, parece-me que tudo está bem e o mundo todo é bom. Se algo estraga o meu humor, o mundo imediatamente se torna mau.

Ainda assim, ao mesmo tempo, as nossas qualidades não mudam; é apenas o equilíbrio delas que muda um pouco. Se começamos a mudar as nossas qualidades, como os Cabalistas dizem, vemos muitos mundos diferentes, uma realidade diferente.

Tudo depende da pessoa apreendê-la. Mas a própria realidade é a mesma Luz do Infinito, e você vê o que pode actualmente atrair para si no seu pano de fundo. Isto define o seu mundo: um grau de ocultação da Luz do Infinito, em que você está actualmente presente de acordo com as suas qualidades. Assim, se quisermos ser semelhantes a esta Luz e doar como ela, podemos atrair a Luz que Corrige, que nos corrigirá e transformará o nosso desejo de desfrutar. E ele desejará existir na forma de doação.

Estas acções tornar-se-ão o nosso hábito. Mas este hábito opõe-se sempre ao nosso desejo e requer esforço, até revelarmos em nós próprios tais qualidades onde iremos experienciar a forma de doação, a forma do Criador. Isso se chama a revelação do Criador aos seres criados.

Tudo ocorre em virtude do hábito que se torna uma segunda natureza. Nós treinamos para despertar em nós o desejo com a ajuda do ambiente e dos estudos, de forma a nos aproximar da doação a partir de um estado muito distante dela.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 19/8/2011, Shamati #7