O Egoísmo É O Rei Sem Coroa

Dr. Michael LaitmanO Criador criou criaturas a fim de dar à elas o bem, porque Sua natureza é a bondade. Em virtude da sua perfeição, Ele tem a propriedade de doação e quer nos levar a mesma perfeição, à mesma doação, mas nós temos que querer essa doação, sentir a necessidade dela.

A necessidade é sentida apenas a partir da falta dela, o seu oposto. Eu sinto que preciso de algo que não tenho; eu quero ser outra pessoa, não eu mesmo. Esta diferença é chamada de necessidade. Esta necessidade não vem do Criador, mas da própria criatura, e se chama aspiração.

A fim de alcançar uma aspiração, ou seja, alcançar um desejo consciente, nós precisamos nos esforçar. Se nós trabalhamos para conseguir algo que sabemos de antemão, isso é chamado de “trabalho dentro da razão”. Se trabalhamos para alcançar uma recompensa que não está clara para nós, isso é chamado de “trabalho acima da razão”, ou seja, contra a mente. É por isso que o nosso trabalho é aspirar a esse estado que devemos alcançar. A fim de nos permitir desenvolver essa aspiração, nós somos confundidos com a impressão de que queremos alcançar satisfação.

No entanto, nós devemos alcançar a equivalência de forma, e este é um objetivo completamente diferente. Nós sentimos a necessidade de satisfazer a nós mesmos. Cada um dá o melhor de si, conforme suas próprias habilidades, para realizar isso nos níveis inanimado, vegetal, ou animal, mas o verdadeiro contentamento que chega até nós é chamado de “humano” e não simplesmente para satisfazer o nosso desejo. O desejo no nível humano é satisfeito por uma sensação de equivalência com o Doador, equivalência com o Criador.

Isso é chamado de Luz, satisfação. Quanto mais eu sou como Ele, maior o sentimento de satisfação. Isto já não é um pouco de Luz, mas toda a Luz de NRNHY (Nefesh, Ruach, Neshamah, Haya e Yechida).

A nossa tarefa é olhar para esta satisfação, imaginá-la, desejá-la e descobrir a metodologia que nos permite nos aproximar dela. Em vez de procurar contentamento com o seu corpo animal, através de vários prazeres além do necessário, nós precisamos aspirar a satisfazer o humano dentro de nós pela doação, a equivalência com o Criador.

Se eu pedir para me tornar semelhante ao Criador, eu O revelo. Se eu pedir para satisfazer o meu animal dentro de mim, então, dependendo do nível do meu desenvolvimento, eu normalmente obtenho o efeito oposto, a fim de me voltar ao propósito da criação.

É por isso que a pessoa está sempre entre duas forças que a levam a um objetivo: a força da santidade e a força impura e egoísta. Ambas agem sobre a pessoa e a direcionam, mas muito provavelmente, nós somos levados pela inclinação ao mal, porque a nossa natureza constantemente nos obriga a olhar para a satisfação egoísta. Através de todos os tipos de choques, desapontamentos e ajustes desagradáveis, nós tomamos a direção correta e, assim, avançamos.

Portanto, a força impura é chamada de “rei sem coroa”, porque não aspira a alcançar a recompensa real e só quer satisfazer a si mesma. Ela confunde a pessoa e cultiva seu desejo egoísta juntamente com o seu sentimento de vazio e desamparo.

Gradualmente, ao lado deste sentimento, nossa mente começa a crescer. No final, a pessoa vê que seus desejos, assim como sua mente, cresceram devido ao fato de que ela não conseguiu o que desejava há muito tempo, e agora finalmente vê que este não é o caminho do progresso. Ela percebe que deveria ir por um caminho diferente. Assim, através da força “oposta”, nós avançamos em direção ao propósito da criação.

Da 1ª da Lição Diária de Cabalá 04/09/11, Shamati # 17