Um Pedido Para Tornar-se Humano

Dr. Michael LaitmanHoje nós nos encontramos em um estado especial onde estamos descobrindo que não iremos sobreviver a menos que alcancemos a força da união. Mas, ao mesmo tempo, temos que discernir: Por que precisamos dessa força?

É para tornar nossas vidas mais confortáveis no nível desse mundo, de modo que ao invés da força do mal que nos governa, nós devemos nos armar com a força da bondade e alcançar a harmonia em nosso nível atual? Ou nós queremos alcançar a força da doação, de modo que ela irá nos governar e revelar a sua própria grandeza de doação?

Talvez ansiemos pela força de doação simplesmente com o objetivo de usá-la para equilibrar a força de recepção e viver nesse mundo tranquilamente. Nesse caso, nós queremos usar a força de doação para ajudar a força do egoísmo, que é chamado de “doar em prol de receber”. Ou, nós queremos alcançar o “receber em prol de doar”?

Essa é a questão: Nós queremos que a qualidade de doação governe ou a qualidade egoísta? Nisto reside toda nossa liberdade de escolha. Isto é descrito na prece chamada “a prece das 18 bênçãos” – que misericórdia eu peço?

Será que eu quero subir ao nível da doação e dar prazer ao Criador, alcançar a fé acima da razão, usar todos os meus desejos para doar, e até mesmo receber para doar, de modo que todo o meu desejo trabalhe para a doação? Ou será que eu falo somente da vida nesse mundo e quero torná-la melhor?

Isso faz toda a diferença: Eu vou existir no nível animal ou no nível humano? A diferença entre eles é de uma qualidade. No nível animal nós percebemos nossa vida como a vida do corpo e sentimos esse mundo do jeito que sentimos hoje: nosso corpo e o mundo que nos cerca com tudo acontecendo nele.

Nós vivemos em prol da existência desse corpo, cada um por si. Por isso nós queremos equilibrar nossas vidas com a força da doação, com o objetivo de alcançar uma existência mais prazerosa, confortável e tranquila. Ou subimos ao nível humano e alcançamos uma existência eterna, acima desse mundo material?

A matéria acaba mais abaixo, nos níveis inanimado, vegetal e animal. Em nosso mundo não há outro nível, não há o nível humano. O nível humano é um nível que inclui a mente e o coração, isto é, desejo e pensamento, análise.

Isso é o que cresce de nossa mente e coração, mas não do corpo. Os genes informativos (Reshimot), os dados da quebra, se unem: todos os corações, todos os desejos se unem num só coração, como um homem, e todas nossas intenções, isto é, pensamentos e mente também se unem. Essa união cria a imagem do homem – certo ser virtual que não existe na matéria, que não consiste de elétrons e moléculas que se unem num corpo.

Nós mesmos o criamos, unindo todos os pensamentos e desejos. É assim que nós começamos a existir num nível mais alto, chamado nível humano (Adam), que significa “semelhante” (Domeh) ao Criador. Então, todos os nossos desejos e intenções começam a operar como um vaso espiritual, com um desejo dentro e uma tela acima do desejo.

Esse é o significado de ser humano, ou “pré-humano” (Adam Kadmon), o homem dos mundos de Beriá, Yetsirá e Assiá. Mas, o nosso corpo não é chamado de humano. Nós o chamamos de humano porque antecipamos o futuro, esperando que ele nos leve ao estado onde nos tornaremos humanos.

É para isso que serve a prece: para nos ajudar a unir nossos corações, isto é, nossos desejos, pensamentos e intenções, de modo que assim compilemos a imagem completa do homem a partir deles, a imagem de um indivíduo independente. 

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 25/08/11, Shamati