Sete Bilhões De Membros Da Família

Dr. Michael LaitmanA abordagem da Cabalá é altamente científica. Contudo, não a impomos; nós apenas queremos apontar os factos óbvios do mundo interconectado que são impossíveis de ignorar.

Continuaremos destes factos para as mudanças na natureza humana, porque agora, recebendo uma educação integral, as pessoas começam a pensar em termos de um sistema integral. Anteriormente, elas viam-no e apreendiam-no através do prisma do seu egoísmo, “eu e os outros”, enquanto que agora, uma pessoa começa gradualmente a sentir o mundo através de um prisma que absorve toda a luz visível. Ela não se foca no benefício próprio, mas no bem de toda a humanidade. A sua visão está a tornar-se geral e a sua mente está adquirindo uma forma diferente de pensar. A sua percepção passa através de toda a gente.

Um exemplo pode ser a dona de casa, uma mãe que toma conta dos seus filhos e marido, e da casa, organizando tudo. Ela olha para a vida e para o amanhã não em conexão com a sua personalidade, mas em conexão com sua família. Ela vê a realidade do hoje e do amanhã não como resultado de si mesma, mas como resultado deles.

Se uma pessoa começa a olhar gradualmente para o mundo desta forma, ela sobe para um novo degrau. Um novo sistema de percepção da realidade desenvolve-se nela. Ela não sente a realidade dentro de si mesma de forma pessoal, egoísta, e individual, mas vê como todos a sentem.

Em essência, esta é a regra, “Ame o outro como a si mesmo”. Uma pessoa aproxima-se gradualmente deste estado onde ela está não apenas em confronto com a humanidade e em proximidade com algumas pessoas individuais, mas começa a sentir-se a si mesma dentro deste “pote”, dentro da humanidade, dentro do sistema geral.

Assim, a sua percepção, visão, e forma de pensar e sentir mudam; a sua realidade inteira muda. Ela sai de si mesma e revela uma nova realidade que não sentia antes, uma nova dimensão na sua nova percepção.

Se a humanidade avança em direcção a esta intenção, alcançará o que chamamos o mundo espiritual superior. Isto não é apenas um nome, mas tem tudo a ver com a percepção e a doação, ao invés da recepção para si mesmo.

Além disso, a palavra “doação” não é usada no sentido habitual. É quando eu sinto as coisas em comum com todos nós, e se não me preocupo com todos, não recebo nada para mim mesmo. Hoje, nós começamos a perceber isto, ainda que vagarosamente.

Isso irá custar-nos muita dor e esforço, mas se introduzirmos uma educação global, as pessoas começarão a prestar atenção aos vários exemplos dos filmes, peças de teatro, novelas, programas televisivos e histórias que demonstram que o bem e o mau são considerados apenas em relação à sociedade. Estamos num sistema global onde experienciamos um processo global que é acompanhado por mudanças que nós mesmos conseguimos implementar apenas sob a condição de que comecemos a desenvolver um novo tipo de educação.

Eu falei sobre isto no Conselho Mundial da Sabedoria em Arousa em 2005. Contudo, ainda vemos que as pessoas não estão prontas para isto, apesar de serem incapazes de fugir, e apesar de já estarem à beira do desastre.

Por exemplo, alguns meses atrás a dívida nacional dos EUA excedeu os recursos totais do país. Por outras palavras, mesmo que eles vendessem tudo o que têm, não seriam capazes de satisfazer as suas obrigações. Se eles reconhecerem o colapso e declararem bancarrota, o mundo cairá logo depois deles. Por isso, o mundo está a pedir: “Continuem a jogar. Continuem a imprimir dinheiro como se tivessem algo com que cobri-lo”.

Estes são jogos que estamos a jogar. Esta não é a economia no sentido antigo, clássico. Nós apenas continuamos a avançar com os nossos olhos fechados, confiando na sorte, mais do que realizando a correcção. Não temos outra alternativa senão uma educação integral e já temos consciência disso.

A economia é a linguagem do nosso egoísmo. As nossas relações são construídas no princípio de “você me dá, e eu lhe dou”, no sistema do ganho máximo à custa dos outros. É precisamente na linguagem da economia que nos comunicamos nas nossas interacções egoístas, porque a economia é a essência da nossa união egoísta.

Nós a construimos de acordo com certas regras, e por causa disso podemos existir. Experienciamos a crise neste sistema, primeiro porque as conexões egoístas entre nós atingiram o último estado, e não é mais possível viver desta forma.

Por isso, sob as circunstâncias, eu apelo às pessoas não apenas como Cabalista, mas como uma pessoa comum que se preocupa com o futuro da humanidade. Eu não preciso de nada para mim mesmo. Eu apenas insto as pessoas a olharem para o que está à frente de cada um de nós em igual medida.

Eu não dou conselhos caseiros. Não sugiro teorias feitas por mim, nem proponho qualquer ciência nova, especial. Primeiro de tudo, eu digo: Sejamos guiados apenas pela ciência, porque ela é igualmente reconhecida por todos.

De uma conversa sobre um novo livro em 11/7/11