Na Zona De Escolha

Dr. Michael LaitmanNo passado, o egoísmo estimulou-nos por trás e pelos lados, sempre deixando livre o caminho à frente. No entanto, hoje as barreiras não estão surgindo pelos lados, mas na frente de nós. É como se uma parede se erguesse diante de nós, deixando-nos sem lugar para correr, não podemos fazer nada.

Este estado está se tornando cada vez mais evidente: eu realmente não quero nada, eu não sinto que possa continuar a crescer no meu egoísmo. Ele é incapaz de me dar respostas para as perguntas que surgem em mim hoje. Eu superei as fases anteriores e entrei no nível seguinte das perguntas, o nível da vida adulta e das novas necessidades.

Comida, sexo, família – tudo isso está se decompondo, tomando formas estranhas e “mutantes”. Riqueza, fama e conhecimento também não parecem me prometer muito.

A ciência está em crise e não responde às minhas perguntas, mesmo que há 50 – 60 anos parecia que ela nos daria respostas para tudo.

O poder tornou-se insignificante aos nossos olhos: nós vemos que seu único objetivo é o dinheiro. E o dinheiro… Será que realmente vale a pena desperdiçar sua vida inteira nisso? Minhas perguntas já superaram qualquer quantidade de zeros que a conta bancária possa mostrar.

Quando uma pessoa perde o “combustível” necessário, surge o vazio dentro dela e ela se vê perguntando: “Para que vale a pena viver? Para mim? Mas me falta a satisfação. Para os meus filhos? Mas, quando eles ficarem mais velhos, eles sairão do ninho. Além disso, por que criá-los? Que futuro brilhante eles têm pela frente? A desintegração das famílias e uma sociedade em decomposição?”. A pessoa não se sente ligada a nada e não tem esperança de nada. Esse é o tipo de impasse para onde nossas perguntas nos levaram.

Mas há também uma razão completamente diferente para o estado de falta de perspectiva: nós estamos esgotando os recursos naturais. Hoje, já está claro que o progresso humano não será infinito, tanto do ponto de vista de nossas exigências quanto do ponto de vista da nossa existência como um todo. Se continuarmos desperdiçando os recursos naturais no ritmo atual, muito em breve não teremos quaisquer matérias-primas, até mesmo para os produtos essencialmente necessários.

Noventa por cento do que produzimos hoje é composto de petróleo, seja energia, materiais plásticos, e assim por diante. Quando as reservas de petróleo acabarem, nós ficaremos sem nada. Ainda assim, nós continuamos esbanjando.

Assim, por um lado a natureza coloca uma barreira diante de nós sob a forma de ecologia, clima e recursos, e por outro lado o egoísmo não nos empurra mais para a frente. Ele faz perguntas que não podemos encontrar respostas aqui, no nosso mundo, nessa pequena sala para crianças, onde até agora nos divertimos muito brincando.

Hoje, a situação já se assemelha a um suicídio: nós estamos usando irracionalmente até os últimos recursos restantes.

Nós temos que entender que por causa disso, nos encontramos na zona de escolha. Este é o lugar onde emerge o livre arbítrio, a liberdade para começarmos a entender o programa do nosso desenvolvimento: “Para que nós servimos? Por que estamos aqui? Para quê?”. E junto conosco, o resto do mundo. Agora é exatamente a hora de resolvermos este desafio. Caso contrário, a humanidade vai se deparar com um impasse realmente desesperador.

Na realidade, a essência do problema não é a crise financeira, a crise de tecnologia, ou a crise familiar. Nós estamos numa crise com nós mesmos. Nós devemos entender quem somos e para que estamos aqui, tanto do ponto de vista da natureza, que nos obriga a isso, quanto do nosso próprio ponto de vista. Só então seremos capazes de arrumar as coisas dentro de nós e no mundo.

De uma conversa sobre um novo livro 18/07/1