A Teoria Das Duas Autoridades E A Origem Da Cultura Humana

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Paz”: Eles acharam difícil aceitar a hipótese da supervisão da Natureza… Em consequência, eles chegaram a uma segunda hipótese, de que existem duas autoridades aqui: uma cria e sustenta o bem, e a outra cria e sustenta o mal. Eles também elaboraram bastante o método com evidência e provas ao longo do caminho.

Enquanto eu me desenvolvo, eu encontro diferentes problemas, descubro novas coisas, e gradualmente começo a projetar uma cópia de mim mesmo exteriormente, povoando o mundo com minhas qualidades. Por exemplo: o computador me irrita por estar lento e eu amaldiçoo a máquina defeituosa com toda seriedade.

Isso é inserido na natureza humana de acordo com o princípio de “Nós O Conheceremos por Suas Ações”. Minha atitude para com o mundo externo vem do mundo interno. De fato, uma realidade externa objetiva não existe. Tudo que eu vejo externamente é um reflexo de minhas qualidades.

Por essa razão, eu transfiro o grau de meu desenvolvimento ao mundo que me cerca sem o compreender, e espero que ele corresponda aos meus padrões. Às vezes, quando me comunico com as pessoas, eu me pergunto sinceramente: “Como elas podem não entender ou sentir do mesmo jeito que eu?”. Eu tenho uma exigência bem arraigada do mundo externo, uma firme convicção que ele deve corresponder ao meu entendimento e percepção.

Dessa forma, a antiga abordagem da natureza como um sistema de leis impassíveis e estritas foi substituída pelo sistema das duas autoridades. As pessoas descobriram que a natureza também tem potencial e ação, causa e consequência, vontade e relutância.

Na imaginação delas, as pessoas têm concedido a ela algo como uma “alma”, dando-lhe razão, um propósito, e começado um diálogo com ela: “Se eu fizer isso, o resultado será bom. Se eu fizer aquilo, o resultado será somente pior. Assim, a natureza pode reagir de forma positiva ou negativa. É como eu e outras pessoas”.

Dessa forma as pessoas começaram a atribuir suas próprias qualidades, desejos, pensamentos e intenções à natureza. Existem duas forças opostas no homem: bem e mal. De acordo com isso, elas também existem na natureza. As pessoas podem me tratar bem ou mal, eu mesmo posso tratar os outros e a mim mesmo bem ou mal; assim, a natureza também tem a mesma divisão em duas forças.

Nesse caso, como eu aplaco a força boa? Ou, ao contrário, a força má? Isso instiga análises provenientes da ideia da autoridade dupla.

Além disso, existe uma  camada mais profunda aqui. Não há como eu “trazer à vida”, espiritualizar e favorecer com uma existência independente a autoridade de uma natureza única e desalmada. A autoridade única é sempre a mesma. Isso significa que ela não possui razão. Como você pode planejar algo quando o bem e o mal não estão em conflito dentro de você, com você fazendo suas análises baseadas na oposição deles?

A lei absoluta é a natureza em sua forma pura e mecânica. Mas, tão logo eu atribuo duas forças a ela, bem e mal, as análises começam. Afinal, eu mesmo faço análises baseadas na correlação entre duas possibilidades, duas forças, Então, uma vez que eu me projeto exteriormente, eu as encontro na natureza.

Dessa forma a resistência começa, mas agora o homem considera a realidade como uma autoridade, poder. Unir a natureza não é suficiente para explicar a regra atual, e somente dois poderes colocam o homem entre duas autoridades como entre dois fogos. Essa é a nossa percepção da realidade. Duas autoridades pressupõem análises, um plano, uma luta do bem e do mal, etc…

A religião surge nesse ponto, incluindo o misticismo e diferentes “disputas” com a natureza. Ao se desenvolver psicologicamente o homem projeta e transfere seu mundo interior para a natureza, atribuindo seus próprios poderes e qualidades.

Assim é como as crenças florescem e colocam divindades e ídolos de toda sorte sobre um pedestal. Com o passar do tempo, elas se tornaram a mitologia do mundo antigo.

Dessa forma, inicialmente, a primeira teoria marcou a transição do estado animal: quando o homem se diferenciou da natureza e se separou dela, ele se tornou homem. E a segunda teoria está conectada ao desenvolvimento subsequente, a oposição do bem e do mal dentro de nós, o relacionamento entre o homem e a sociedade. Quando dois opostos surgem dentro de nós, podemos também atribuir considerações correspondentes à natureza.

É onde se origina a cultura humana. Em relação à natureza, nós nos desenvolvemos especificamente como a espécie humana, e nesse mundo a cultura e a ciência são inerentes ao homem por definição. Isso é exclusivamente sua prerrogativa, que resulta da teoria das duas autoridades. Sem ela nós não teríamos desenvolvido a cultura, que nos distingue dos animais. A cultura é tudo: das roupas à fala e auto-expressão.

Foi assim que a raça humana gradualmente se desenvolveu na sua percepção do mundo.

Da 5a parte da Lição Diária de Cabalá 01/08/11, “A Paz”