Acendendo A Centelha De Luz

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Matan Torah (A Entrega da Torá)”: Aqui diante de nós está uma lei clara, que em todas as 612 Mitzvot (mandamentos) e em todos os escritos na Torá não há nenhum que tenha preferência ao mandamento “ama ao próximo como a ti mesmo”.

Isso é porque eles somente têm como objetivo interpretar e permitir-nos manter o mandamento de amar o próximo apropriadamente, uma vez que ele especificamente diz: “O resto é seu comentário; vá estudar”. Isso significa que o resto da Torá é interpretação desse mandamento único, que o mandamento de ama teu próximo como a ti mesmo não poderia ser completado se não fosse por eles.

“A Torá” é a Luz que corrige nossos desejos. Temos que corrigir todos os nossos 613 desejos e transformá-los em doação. Pode ser doar para doar (“não importa o que seja detestável para você, não faça ao outro”), no estado de Hafetz Hesed, quando nós não prejudicamos o outro. Além disso, nós podemos amar os outros como a nós mesmos, isto é, receber para doar. Desse jeito, temos que avançar.

Somente o homem existe nesse mundo, e se ele quer corrigir seu relacionamento com o próximo, então ele revela nele mesmo 613 tipos de relacionamentos, que representam 612 desejos corruptos. Então, ele começa a corrigi-los através da Luz que Corrige, estudando o sistema correto. A Torá fala somente dos estados corrigidos, do cumprimento dos “mandamentos”, isto é, sobre as correções que temos que passar.

A “Introdução ao Livro do Zohar” explica que a Torá está dividida em 613 conselhos e 613 depósitos. São cerca de 613 Luzes que corrigem em nós 613 desejos egoístas dirigidos ao próximo.

Não estamos falando nem de nós mesmos nem desse mundo, mas do relacionamento com o próximo. Ao desejar me aproximar dele, alcançá-lo, eu revelo 613 desejos corruptos. Essa é a realização do mal. Então, eu desejo corrigi-los; em resposta a cada desejo uma Luz correspondente vem e faz a correção. Como exatamente ela faz isso, eu não sei, e isso não é da minha conta. Eu só desejo revelar o mal e corrigi-lo, mas eu deixo os “detalhes técnicos” para a Luz.

Como resultado, meus desejos se corrigem (conquistam a intenção de doar ao invés da intenção inicial de receber) e se preenchem com essa intenção altruísta. Isso significa que a Luz está presente neles.

Na realidade, com que o desejo corrigido pode ser preenchido? Ele só pode ser preenchido com o seguinte: eu quero e, na verdade, posso doar ao próximo. Essa é a satisfação que nós chamamos NRNHY. Inicialmente, da parte do Criador que criou o desejo de receber, somente uma pequena Luz de Nefesh foi dada, uma centelha, Luz fina, agindo na realidade.

Existe somente a centelha e o ponto do desejo criado como “existência a partir da ausência”. Tudo mais, sem exceção, vem somente do relacionamento entre o Criador e a criatura, que desejam acender a chama de amor entre eles. De acordo com a lei do amor, é suficiente dar pelo menos uma fração a quem me ama; assim, a minha atitude ligada a esse presente torna-o infinito.

Nós deveríamos entender que ao identificar nossos 613 desejos, que são revelados em relação ao próximo, e corrigi-los de recepção para doação, nós obtemos um amplo vaso de doação. Ele está baseado no mesmo ponto da “existência a partir da ausência” que sente somente seu desejo por prazer. Nós temos esse ponto, e sobre ele, nós construímos um vaso enorme que é toda atitude, doação, e amor.

Sua essência é esse mesmo ponto. Expandindo-se, sendo impregnado com sensações, o desejo permanece o mesmo. Tudo que ele tem é a sensação do que, como, e de quem ele recebe. Em outras palavras, é a percepção da atitude do Criador para com ele.

Em todas as quatro fases da Luz Direta existe somente o desejo e a Luz da primeira fase. Tudo o mais vem da reação, da resposta da criatura, de como ela percebe o Doador em vez de como se satisfaz. Uma vez que a primeira fase (o ponto de desejo com a diminuta centelha de Luz de Nefesh) começa a se sentir pelo menos um pouco, ela imediatamente começa a se desenvolver em relação ao Doador.

Assim, nós precisamos entender que todo o vaso espiritual, todo o mundo espiritual, baseia-se no relacionamento entre a criatura e o Criador. Anulando esse relacionamento, mesmo através de nossa própria falta ou não, nós permanecemos no nosso pequeno e escuro desejo, que é nossa realidade.

Da 5a parte da Lição Diparia de Cabalá 21/06/11, “Matan Torah (A Entrega da Torá)”