A Cabalá Sem Um Traço De Misticismo

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como é que os primeiros mestres da sabedoria da Cabalá receberam esse conhecimento? Onde está a sua origem? As pessoas pensam que a Cabalá é algo próximo da magia, e muitos mitos a cercam.

Resposta: Adão foi o primeiro Cabalista e viveu há 5772 anos. Ele foi o primeiro de toda a humanidade que descobriu que existe um sistema integral da natureza e é possível revelá-lo.

Pessoas viveram antes dele, mas ele foi o primeiro homem na história que questionou: “Para que eu vivo? Qual é o segredo da vida? Onde está a sua origem?”. Ele escreveu um livro sobre isso; ele chegou até nós e é chamado de O Anjo Secreto (Raziel HaMalach). Um anjo é uma força. O “anjo secreto” significa a “força oculta”. É um livro pequeno, com algumas dezenas de páginas.

O próximo livro foi escrito por Abraão há cerca de 3700 anos e é chamado de O Livro da Criação (Sefer Yetzirah). Pela primeira vez, de forma sistemática, este livro explica: as “Sefirot“, as 32 forças que descem até nós e estão conectadas entre si.

Ao mesmo tempo, vários Cabalistas escreveram juntos mais um livro Cabalístico, O Grande Midrash (Midrash HaGadol), que significa explicação, comentário. Muitos mais livros foram criados depois desse, até o surgimento do maior livro Cabalístico, O Livro do Zohar, escrito por volta de 2.000 anos atrás.

Depois disso, muitos livros foram escritos, até a época do Ari, que viveu no século XVI. O principal livro do Ari foi “A Árvore da Vida” (Etz Chaim), que fala sobre as Sefirot e os mundos e é cheio de desenhos e diagramas.

Do imenso número de livros que surgiram depois dele, os mais importantes para nós são os livros do Baal HaSulam, escritos no século XX.

Todos estes livros não eram conhecidos do público em geral. Eles eram mencionados apenas ocasionalmente, como se ocorresse uma “fuga de informação”. Isso formou uma aura misteriosa em torno da Cabalá, como se ela estivesse envolvida em misticismo, forças secretas, ajudasse a realizar milagres e prever o futuro através das cartas de Tarô. Na realidade, isso não tem qualquer relação com a Cabalá!

É claro que a Cabalá usa símbolos, diagramas, gráficos, desenhos, Gematria (o valor numérico das palavras). A Cabalá estuda a alma e suas fases de crescimento. Mas não há nada de místico nisso. Eu diria que é simplesmente a física da dimensão superior.

A Cabalá não está associada com a religião e as práticas místicas. É uma ciência para as pessoas que querem saber. Naturalmente, elas têm que trabalhar e corrigir-se. Eu gostaria de comparar isso com o ato de sintonizar o aparelho de rádio, o qual é cercado por muitas ondas de rádio de freqüências variadas. Se eu sintonizar o aparelho de rádio e criar a onda que corresponde à onda existente fora, eu recebo essa onda externa e posso ouvir o sinal.

A ciência da Cabalá nos ajuda a criar essas ondas dentro de nós, e começamos a sentir a força existente fora de nós, a perceber e estudá-la. Nós desenvolvemos os sentidos internos da audição e da visão. O sentido interno da audição é chamado de nível de Biná (Sefira Biná), e o sentido interno da visão é chamado de nível de Hochmá (Sefira Hochma).

Da Palestra em Roma , 20/05/11