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Entender O Criador

Dr. Michael LaitmanPergunta: Na sabedoria da Cabalá, você fala sobre o ego do homem, sobre a união com todos, e sobre a necessidade de atingirmos o equilíbrio com a natureza. Mas como isso se relaciona com a conexão com Deus (Elohim)?

Resposta: Na sabedoria da Cabalá, nós falamos da natureza. De acordo com a Gematria (o valor numérico da palavra), “natureza” e “Elohim” são a mesma coisa. Ou seja, se falamos da força superior, da natureza, Deus ou o Criador, não importa como você quiser chamá-Lo, tudo à nossa volta é apenas uma manifestação dessa força.

Se nós falamos da força superior, qual é a diferença chamá-la de “Elohim” ou “natureza”? Ela é a força superior (realmente superior!) que cria e governa tudo, e nós queremos saber como nos conectar a ela, como revelá-la, entendê-la.

Assim, se eu saio de mim mesmo, do meu ego, e começo a revelar a realidade fora de mim, acima do meu ego, isso é chamado de entendimento, realização, revelação do Criador. Naturalmente, tudo isso ocorre dentro de mim e somente em relação a mim.

Aos poucos, eu organizo o meu desejo, minha estrutura espiritual, ou seja, a qualidade de doação e amor para com os outros: Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevurah, Tifferet, Netzach, Hod, Yesod e Malchut. De acordo com essa estrutura, eu conheço as conexões entre eles e, assim, revelo o Criador.

Elohim é também chamado de “Criador” (Boreh), das palavras hebraicas “venha” (Bo) e “veja” (Reh), porque temos que “vê-Lo”, alcançar o estado em que O entendemos, como se O víssemos pessoalmente. Nós fomos criados por Ele para essa finalidade.

Da Palestra em Roma, 20/05/11

O Que A União Nos Dá?

Dr. Michael LaitmanAs pessoas em quem o ponto no coração despertou esforçam-se pela unificação. Embora seja verdade que, quando estão apenas começando a estudar, elas não pensam na conexão, pois ainda não têm essa necessidade. Mas a ciência Cabalística ensina que, particularmente na conexão entre cada um, nós podemos nos elevar espiritualmente e atravessar a Machsom ( barreira espiritual), o renascimento da qualidade de doação dentro de nós.

Nós devemos nos unir acima da Machsom. Desde a Machsom até o estado em que todos alcançaremos a união plena, de zero a 100 por cento, nós temos que subir 125 níveis espirituais de união.

Todo este caminho, do momento em que entramos no grupo, começamos a estudar e tentamos nos conectar, é chamado de período de preparação. Os Cabalistas afirmam que este período pode durar de três a cinco anos e pode ser mais longo, pois é uma preparação muito importante: sem ele, as pessoas não entendem para onde estão se dirigindo.

A pessoa deve se preparar para a sensação do mundo espiritual, criar o ambiente adequado para si mesma, começar a sentí-lo, e avançar junto com ele. Em outras palavras, ela deve entender a necessidade da união com os outros.

Nós devemos nos unir novamente, tendo retornado ao estado em que estávamos habituados a estar no mundo do Infinito, onde estávamos unidos e preenchidos com a Luz superior. Mas, para isso, devemos domar o nosso desejo egoísta. Isso não é fácil e pode demorar anos ….

Da  Lição 2 da Convenção na Espanha, 03/06/11

O Nível Humano Não Encolhe

Dr. Michael LaitmanO Baal HaSulam disse que estava feliz por ter nascido numa geração onde era possível disseminar a sabedoria da Cabalá. A Cabalá nos ensina como combinar as duas forças (de doação e recepção) em uma, como adicioná-las uma na outra para que a soma (Σ) se torne um “humano”.

Esta é realmente uma ciência, uma sabedoria. Isto não é fácil, é difícil. Nós estamos acostumados a seguir a corrente e, de repente, surge uma outra força, levando-nos para algum lugar. Para onde?

A integração das duas forças conduz a um resultado único. No mundo que nós vemos e sentimos há formas das naturezas inanimada, vegetal e animal. Nós pertencemos ao nível animal e ainda não alcançamos nada mais elevado. O nível humano, que começamos a descobrir dentro de nós, é um nível espiritual que abre um novo mundo à nossa frente.

Na natureza, um nível dá vida a outro. Os animais se alimentam de plantas e as plantas absorvem a força da natureza inanimada. No entanto, o nível inanimado não sabe o que significa crescer, desenvolver-se, viver, consumir, excretar, e sentir o ambiente. O nível vegetal, por sua vez, não entende o que significa ser um animal, mover-se, gerar descendentes, e viver em grupos, sem falar das sutilezas da existência dos “animais desenvolvidos”, as pessoas que vivem uma vida muito complicada.

O nível inferior não é capaz de entender o superior; é um mundo completamente diferente. Por enquanto, nós existimos no nível animal e somos governados pelos nossos desejos. Nós não entendemos o que é o nível humano. É impossível mostrar ou demonstrá-lo, do mesmo modo que um animal não pode demonstrar a sua visão de mundo a uma planta.

Além disso, a pessoa que integrou as duas forças (o ponto do coração e o coração, o desejo de prazer e o desejo de doar) e ascendeu ao nível humano do desenvolvimento não pode transmitir a sua sensação para aqueles que ainda o alcançaram. É possível dizer uma coisa: ela sente acima de todas as limitações do corpo físico, porque subiu para um nível diferente. Ela existe em conexão com todos os níveis anteriores e se alimenta deles; no entanto, ela está no seu nível.

Ao ascender ao nível humano (esperamos que isso ocorra o mais rápido possível), nós também preservaremos a relação com este mundo, com todas as suas formas de vida . No entanto, além disso, teremos sensações e intenções completamente diferentes. Nós sentiremos a eternidade e a perfeição no primeiro nível espiritual.

Todo o nosso problema é que queremos receber o prazer, a Luz Superior, embora ela não possa existir em nós, e desaparece imediatamente devido a um “curto circuito”, quando o positivo e o negativo se anulam. Assim, nós devemos trabalhar corretamente na terceira linha, entre essas duas forças.

Nós criamos uma combinação correta: nós colocamos uma espécie de “resistência” (R) no meio, através da qual o positivo e o negativo funcionam corretamente. Isso nos dá os resultados de seu trabalho, e nós recebemos a força deles. Na linguagem da Cabalá, a resistência entre o ponto no coração e o egoísmo é chamada de “tela” (Masach). Neste lugar nós recebemos e sentimos uma nova vida no nível humano (Adão).

Então, nós ficamos livres da morte. Toda vez que eu quero receber a Luz, eu não consigo me adaptar a ela. O prazer com o desejo desaparece, e eu provo um pouco da morte. Eu não tenho mais nada para apreciar e caio em desespero. Eu não quero nada e  recuo. No final, a pessoa “seca totalmente” por causa deste trabalho, e vê que não é bem sucedida. Ela começa a “desaparecer”. As naturezas animal, vegetal e inanimada diminuem gradualmente nela até que ela morre.

No entanto, se entendermos como unir corretamente as forças de doação e recepção dentro de nós mesmos, o positivo e o negativo, atingiremos um sentido da vida no nível humano, uma vida eterna e perfeita.

Da  Lição 1 da Convenção na Espanha, 03/06/11