Não Seja Um Burro No Banquete Do Rei

Dr. Michael LaitmanPergunta: Se o Criador primeiro criou tudo com perfeição, por que nós devemos corrigir algo?

Resposta: Sim, mas nós ainda não estamos no estado que Ele criou. Nós estamos fora dele, atrás de todo tipo de véus, ocultações. Essas telas só têm a ver conosco, uma vez que somos os únicos que sentimos a ocultação.

O Criador criou somente um estado, considerado o mundo do Infinito. Porém, para sentir que estamos realmente nesse Infinito, precisamos acumular toda sorte de experiências.

Suponha que alguém queira me convidar para algum prato de comida exótico, mas para que eu aprecie seu estado, eu preciso ter um desejo por ele. Eu presumo que tenho uma ideia do que ele é e como deve ser comido. De outra forma, eu não vou conseguir, como o fazendeiro mencionado no Livro do Zohar que viveu numa fazenda toda sua vida, cultivou trigo, e, até que visitou a cidade, nunca havia suspeitado quantas coisas deliciosas podiam ser feitas com o trigo. Tudo que ele conhecia era o grão duro.

Assim, enquanto estivermos na Luz do Infinito, nós a sentimos somente como um burro sente, mastigando o grão duro. À excessão do “grão” simples e da “água”, nós não desejaremos nada mais. Nós não sentimos na Luz do Infinito todas as delícias que o Criador preparou para nós.

Portanto, como começamos a desejar a Luz que preenche o Infinito e sentimos nela todas suas manifestações, em toda sua profundidade, com total clareza? Nós não temos tal necessidade. Nós precisamos criá-la dentro de nós mesmos.

Para construir um desejo para sentir o aroma da torta mais doce, ao invés do grão duro, para sentir o Infinito ao invés da mínima Luz de Nefesh de Nefesh, enquanto permanecemos no mesmo estado e na mesma Luz, nós precisamos cultivar o desejo. O desejo cresce através da ocultação, quando me mostram um pouquinho da Luz e, então, ela se oculta novamente, expondo- se e ocultando-se. Isso é considerado “flertar”, brincar.

Esse é um jogo muito sério, uma vez que a ocultação aumenta o desejo. É assim que a Luz joga conosco, expondo- se e ocultando-se. Por isso, nós nos retiramos do mundo do Infinito e nos separamos dele através de numerosas ocultações, até terminarmos nesse mundo, nessa total ocultação.

Tudo que precisamos é do desejo. No instante que eu o conseguir, eu receberei a “torta” preciosa. Tão logo ele cresça um pouco mais, receberei uma delícia maior. Em cada novo passo, eu preciso aumentar meu desejo, e a Luz superior começa a me iluminar com força total. Meu desejo permite que eu me conecte com Ela e que Ela entre em mim.

O Criador criou todos esses estados desde o início, mas de fora de todo o Infinito, você agora só pode sentir a mínima Luz de Nefesh. Isso ocorre porque você não tem um desejo próprio de querer especificamente isso e sentir dor porque lhe falta isso.

Esse desejo tem que ser totalmente novo, diferente do seu desejo instintivo. Você o recebe ao se obrigar, anular a si mesmo e lutar com toda sua natureza. Quando você começa a desejar a Luz dessa maneira, este será um desejo autêntico. Em outras palavras, você precisa desejar doar!

Atualmente, isso parece algo totalmente estúpido, certa doação estranha e amor. No entanto, essa são palavras simplesmente familiars que significam um novo tipo de desejo que ainda não existe em nós.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 04/05/11, Talmud Eser Sefirot