Tudo Depende Do Foco Correto

Dr. Michael LaitmanNós não percebemos que toda a nossa visão de mundo passa através do prisma da sociedade humana. A diferença entre o nível animal e o nosso nível humano reside precisamente no fato de que nós construímos um ambiente.

Nós costumávamos viver em bandos, como os animais. Mas depois começamos a organizar relações especiais entre nós, organizando as pessoas de acordo com uma hierarquia e distribuindo funções. O nosso desenvolvimento, portanto, assumiu um caráter social, mesmo que se desenrolasse de forma egoísta, natural e instintiva, por ordem da natureza. Ainda assim, fomos nos tornando humanos.

Nós não podemos sequer imaginar o que seria viver completamente sozinhos, sem nenhuma lembrança da sociedade humana. Nesta situação, a pessoa viveria por si mesma, no mesmo nível de um animal.

Com isso, fica claro que nós não percebemos a realidade como ela é, mas através do ambiente. A sociedade me criou, me dotou de hábitos e  modelos, ditando como olhar para o que está acontecendo, como avaliar as coisas, e como aceitar tudo o que vejo. Minha mente e sentimentos são programados de acordo com o sistema de valores que a sociedade me condicionou a ter ao longo dos primeiros 20 anos da minha vida. Eu não vejo o mundo como ele é, mas a imagem imposta a mim pela sociedade.

Da mesma forma, na sociedade espiritual temos que dar à pessoa a nossa visão de mundo, canalizada através do prisma do amor, da aspiração de doar aos outros, ao invés do benefício pessoal. A doação tem que adquirir maior importância aos olhos de cada pessoa.

Ao mesmo tempo, a visão de mundo de uma pessoa ainda será construída de acordo com o programa “instalado” nela pela sociedade. Isso é natural, pois é a única maneira dela poder olhar para o mundo. Uma pessoa por si mesma é apenas “um ponto de observação”, enquanto que a análise e a compreensão vêm das normas da sociedade, que lhe diz: isso é importante e isso não, isso significa uma coisa e aquilo significa outra coisa. É como se construíssemos uma matriz na frente da pessoa, através da qual ela vê a Luz superior. Caso contrário, seria impossível vê-la.

Por outro lado, agora nós vemos a Luz superior através da matriz da sociedade humana. Este é o nosso mundo.

Assim, temos que estar plenamente incluídos no grupo, usando os materiais do Baal HaSulam e Rabash. É assim que vamos construir uma nova visão de mundo dentro de nós. Isto é visto de forma muito clara quando se olha para os principiantes. Eles vêm para a aula ou palestra como se viessem de um outro mundo, mas aos poucos adotam uma direção um pouco diferente, uma perspectiva diferente, e valores diferentes. Aos poucos nos aproximamos deles e eles mudam seu ponto de vista, a “polarização” da imagem de sua percepção. No mesmo mundo, uma forma diferente de ser surge através deles.

Então, a palestra termina, a conexão comigo é cortada, e tudo desaparece. Da próxima vez, eles retornam novamente desfocados, com uma “resolução” distorcida. Em cada aula leva-se um tempo para concentrá-los novamente, para trazer os detalhes que se difundem aos seus olhos de volta para um só.

Eu sou incapaz de fazer isso o tempo todo. Vocês devem se concentrar em si mesmos, unindo-se, para que cada ação mútua os mantenha constantemente no foco espiritual. Isso deve se tornar um pouco mais focado e, em seguida, um pouco mais, como se você estivesse ajustando a resolução dos binóculos girando duas lentes para que elas se juntem na meta espiritual. Quando você conseguir isso, você irá imediatamente revelar o mundo espiritual.

Tudo é determinado pelo amor entre os amigos. Este é o “foco” que nos permite ver o Criador. Os amigos reúnem os meus sentimentos e mente em uma direção, para o amor ao próximo, e procuram que eu olhe somente para eles e que só pense em como ajudá-los. Eu me concentro constantemente nisto e, por meio do grupo, foco a minha atenção para a linha mais fina. É assim que eu revelo o Criador.

Da 5ª Lição da Convenção NÓS! 01/04/11, Propósito da Sociedade